Profissionais inconformistas e pacientes com coragem. Graças a eles, a beleza está, hoje em dia, ao alcance de todos. Eis a nossa pequena homenagem a todos eles.

Lipoaspiração

O ginecologista italiano Giorgio Fischer foi o primeiro a extrair gordura corporal através de uma cânula aspiradora. Foi em Roma e decorria o ano de 1974. O cirurgião plástico francês Yves-Gérard Illouz apercebeu-se das possibilidades que a referida técnica oferecia no campo da estética e fez a apresentação oficial da lipoaspiração em 1982.

A euforia inicial dissipou-se após vários casos de complicações graves, por vezes com resultados fatais. Até que, em 1985, os dermatologistas Jeffrey Klein e Patrick Lillis idealizaram a conhecida lipoaspiração tumescente. A diferença está no facto de, em vez de apenas se aspirar gordura, se injectar previamente uma solução que reduz a perda de sangue e facilita a extracção de gordura.

Foi o impulso definitivo para que a lipoaspiração se transformasse na rainha da cirurgia estética. Hoje em dia, a evolução das técnicas permitiu uma melhor e mais precisa remodelação do contorno corporal, muito menos traumática, enquanto que avanços como o laser ou os ultra-sons reintroduziram em pleno a lipoaspiração no século XXI.

Permanente capilar

A primeira onda resistente às lavagens foi obra de Karl Nessler, em Paris, nos loucos anos 20. Impregnou três madeixas do cabelo de uma amiga com uma solução de amoníaco, enrolou-as numas hastes e aqueceu-as durante algumas horas com umas pinças. A cobaia imprudente sofreu queimaduras e queda de cabelo, mas o seu sacrifício não foi em vão: uma das madeixas ficou frisada para sempre.

Em 1938, Arnold F. Willatt inventou a permanente a frio, utilizando ácidos para processar o cabelo e um neutralizante, num processo que durava... cerca de 8 horas! Desde então, a permanente a frio continua a ter popularidade, apesar de, felizmente, já não implicar o trabalho de um dia inteiro e de se basear em fórmulas que respeitam mais o cabelo.

Lifting facial

Graças à vaidade de uma nobre polaca, actualmente, milhares de mulheres podem tirar uns quantos anos de cima. Em 1901, esta mulher apresentou ao conhecido cirurgião berlinense Eugen Holländer um plano detalhado onde constava uma forma de levantar as suas maçãs do rosto e os cantos da sua boca, cortando o excesso de pele à volta das orelhas.

Eliminar a pele a mais do rosto era algo que se fazia desde o século XVII, mas só após a remoção de tumores, não com fins rejuvenescedores. Foi um desafio que o médico aceitou, tornando-o, pelo menos oficialmente, no autor do primeiro lifting facial da história. Em 1936, o cirurgião checo Burian apresentou vários métodos de corte que deram o impulso definitivo e que se transformaram em procedimentos clássicos para este tipo de operação.

Veja na página seguinte: As partes de corpo que se usavam para reconstruir o nariz

Rinoplastia

A rinoplastia é a pioneira na cirurgia estética actual. Desde o século IV a.C. que médicos de todo o mundo tentavam reconstruir narizes perdidos através de pedaços do braço ou da testa.

Como se pode imaginar, eram processos perigosos, dolorosíssimos, e os resultados deixavam muito a desejar.

No século XIX, a cirurgia já tinha avançado consideravelmente, mas a rinoplastia moderna só pode ser considerada como tal a partir de 1887, quando o otorrinolaringologista
norte-americano John Orlando realizou a primeira intervenção fechada, realizando-a pelo interior... do nariz!

No entanto, foi o médico prussiano Jacques Joseph, o seu grande rival, que ficou com a fama apesar de a ter realizado apenas 11 anos depois. A vida, por vezes, tem coisas difíceis de perceber.

Botox!

Doutor, dê-me outra injecção Há mais de 25 anos, a toxina botulínica foi introduzida como uma alternativa à cirurgia para tratar certos problemas dos músculos oculares, como o estrabismo. No Canadá, em 1982, a oftalmologista Jean Carruthers começou a usá-la nos seus pacientes.

Cinco anos depois, um deles pediu que lhe injectasse a toxina entre as sobrancelhas. A médica estranhou o pedido, uma vez que não tinha espasmos nessa zona. «Eu sei doutora, mas sempre que me trata fico com uma expressão tão bonita e relaxada...». A dependência do botox nasceu antes mesmo do próprio Botox! A oftalmologista comentou o episódio com o seu marido, médico dermatologista.

Os dois viram que, efectivamente, os pés de galinha e as rugas entre as sobrancelhas de muitos pacientes desapareciam. Deram início às suas investigações e publicaram os resultados em 1991. Em 1999, o êxito do Botox era tão grande que decidiram abandonar as suas profissões para se dedicarem a tempo inteiro à medicina estética. Uma decisão sábia... e muito rentável!

Implantes mamários

O desejo de aumentar o tamanho do peito não é novo, e desde a Antiguidade que foi testado com diferentes preenchimentos, nomeadamente esponjas, marfim, borracha, cartilagem de vaca e bolas de vidro, que criavam a ilusão de um peito mais abundante à custa de graves deformidades e da vida de bastantes mulheres.

Desastrosas foram também as injecções de parafina praticadas por Gersunny, em 1889. Seis anos mais tarde, Czerry transplantou um lipoma (crescimento benigno de tecido adiposo) dos glúteos de uma paciente. Os novos materiais, como o polietileno e o poliéster também foram objecto de experiências.

Por fim, em 1961, a empresa DowCorning criou umas bolsas de silicone preenchidas com óleo do mesmo material que foram implantadas pela primeira vez pelos médicos Frank Gerow e Thomas Cronin. Hoje, utiliza-se sobretudo gel de silicone coesivo. Os restantes
implantes mamários já passaram à história.

Veja na página seguinte: Fotodepilação e abdominoplastia

Fotodepilação

Em 1960, o físico Theodor Mainman inventou o primeiro dispositivo capaz de gerar um raio laser de tipo rubi.

A partir de então, a carreira do laser foi meteórica ou deveríamos dizer mais rápida do que a luz?

Em 1963, o médico Lewis Goldman já fazia experiências com a fotodepilação mas o laser, no entanto, ainda não era bem controlado, de tal forma que os seus pacientes sofreram queimaduras e outras lesões.

Em 1983, os dermatologistas japoneses Oshiro e Maruyama aperceberam-se que, quando tratavam sinais com laser, o pêlo era destruído. No entanto, ao subir a potência para chegar ao folículo, a pele era danificada. Ao fim de alguns anos, o laser já era usado com sucesso na celulite, para eliminar tatuagens, realizar peelings, apagar manchas e derrames...

Mas ainda precisava de ajustes para a depilação. Até que, em 1995, a empresa ThermoLase conseguiu que a FDA aprovasse o Soft-Light, um sistema de laser Nd:Yag que se aplicava sobre a pele depois de se espalhar sobre esta uma suspensão de partículas de carbono. Começava assim a era da depilação a laser.

Abdominoplastia

Esta operação, que consiste na remoção do excesso de gordura e pele da zona abdominal, é uma cirurgia que foi praticada pela primeira vez em França, em 1890, pelos médicos Dermars e Marx. Tal como acontece com tantas outras técnicas destinadas à estética, no início, a sua finalidade era puramente médica: ajudar a fechar as hérnias importantes.

Pelo menos, foi-o até que, em 1910, começaram a efectuar-se as primeiras abdominoplastias por razões de imagem. Em 1911, o cirurgião Desjardin chegou a retirar, nada mais nada menos, do que 22,5 quilos de um paciente, um verdadeiro recorde! Desde então que se experimentam diferentes incisões e técnicas em busca de melhores resultados com o mínimo risco.

A partir de 1971 já era possível fazer correcções de pequena escala, mas não se popularizaram até que, nos anos 80, se introduziu a lipoaspiração como técnica auxiliar. Hoje, graças à endoscopia, alguns casos concretos podem ser resolvidos com incisões mínimas. O que irá acontecer a seguir?

Texto: Madalena Alçada Baptista