Desde o modo como ambos os sexos comunicam com o exterior, passando pelas relações e pelo trabalho, fomos descobrir as diferenças.
Elas são um desastre ao volante. Eles não conseguem fazer mais do que uma coisa ao mesmo tempo. Eles são reservados. Elas são exageradas. Eles são insensíveis. Elas são dotadas de um sexto sentido... Será mesmo assim?
Sejamos sinceras. Às vezes dá-nos jeito pensar que somos parecidas com os homens (quando se tratam de coisas boas). Noutras ocasiões, preferimos achar que qualquer semelhança entre a realidade feminina e a masculina é pura coincidência (quando são coisas más). E eles devem dizer o mesmo.
Homens, mulheres, mulheres e homens. Para o melhor e para o pior. Dão-se mal por serem diferentes? Dão-se mal por serem iguais? Ou até nem se dão tão mal assim? Que precisamos uns dos outros não é novidade nenhuma. E, no fundo, no fundo, até gostamos das pequenas picardias do dia-a-dia, de sermos diferentes e... iguais.
Da esfera profissional às relações amorosas, da linguagem verbal à não verbal, tentámos desmistificar alguns mitos e surpreendê-la. E a eles também, porque temos a certeza absoluta que, em sua casa, as afirmações que se seguem vão atear a fogueira que alimenta a eterna guerra dos sexos. Atreva-se a provocar, tendo a ciência como álibi.
Comunicação atribulada
Não é preciso tratar-se de um casal para que, num simples diálogo, as diferenças entre o homem e a mulher saltem à vista. De acordo com Barbara e Allan Pease, especialistas em linguagem verbal e não verbal, durante uma conversa uma mulher pronuncia entre seis a oito mil palavras, cerca de três mil «sons» que demonstram surpresa, tristeza ou alegria, e entre oito a dez mil gestos e expressões faciais. No total, perto de vinte mil sinais.
E os homens? Ao todo, sete mil. Em relação ao contacto físico, as mulheres encontram-se também na liderança pois recorrem cerca de seis vezes mais ao toque para estabelecerem interacção do que os homens, tendo muito maior facilidade em criar empatia e expressar emoções através do contacto físico.
E, agora, uma revelação para muitos surpreendente. Vários estudos demonstraram que, em cerca de noventa por cento das conversas, são os homens que interrompem as mulheres e não o inverso. No entanto, os representantes do sexo masculino não encaram esse acto como uma interrupção, mas sim como algo urgente, que tem que ser dito exactamente naquele momento.
Uma metáfora, no mínimo, interessante, principalmente depois de sabermos que as próprias mulheres também afirmam não interromperem o seu interlocutor. Quando «atropelam» as suas frases, o seu intuito não é
cortar-lhes o discurso, mas sim esclarecer algumas dúvidas imprescindíveis para uma análise rigorosa do que lhes está a ser dito!
Veja na página seguinte: Outro problema delas... que eles apontam!
Outro problema delas... que eles apontam! Outra das grandes diferenças ao nível da comunicação é que o sexo feminino (a nível geral, claro!) expressa sentimentos, emoções e verbaliza os seus problemas, enquanto os homens (a nível geral, claro!) reflectem antes de se pronunciarem, recorrendo a frases curtas em que fornecem apenas dados concretos. De acordo com os estudiosos, este desencontro pode estar na origem de muitos dos conflitos que ocorrem entre os casais. Ou seja, o despudor das mulheres em verbalizarem tal e qual aquilo que lhes vai na mente pode assustar os homens, que interpretam esse comportamento como uma pressão para que ajam da mesma forma, empurrando-os no sentido de falarem… ainda menos. Resultado, falta de comunicação e discussão à vista. Esta descrição parece-lhe familiar, não parece? Outra fonte de confusão é o facto das mulheres estarem programadas, em termos cerebrais, para executarem várias tarefas em simultâneo. Por exemplo, estão aptas para verem televisão ao mesmo tempo que perguntam ao seu companheiro como correu o dia de trabalho e, pelo meio, ainda conseguem encontrar um espacinho mental para telefonarem à mãe. Caricatura aparte, a ciência confirma que, pelo contrário, o cérebro masculino funciona ao ritmo do mandamento «Uma coisa de cada vez». E isso não significa falta de consideração. Por isso, o segredo para que as mulheres não fiquem magoadas com esta característica é virarem-na a seu favor. Pelo menos, quando estiverem a fazer algo em conjunto, podem estar certas que ele não vai ter olhos nem ouvidos para mais nada nem ninguém... Risos diferentes Talvez não saiba que o conceito de sentido humor varia de homens para mulheres... Uma pesquisa canadiana, que envolveu cerca de cento e trinta mulheres e homens, concluiu que estes utilizam o sentido de humor como uma arma para conquistarem as mulheres. No entanto, para eles, o mais importante é que as companheiras, mais do que serem engraçadas, se riam entusiasticamente das piadas deles, não se sentindo atraídos por mulheres que tenham uma veia humorística muito desenvolvida, o que os faz sentir ameaçados e com medo de deixarem de ser o centro das atenções. Assim, mulheres muito divertidas e que contem anedotas são vistas como potenciais amigas ou boas candidatas para relacionamentos fortuitos ou a curto prazo, mas não como companheiras ideais para partilhar uma vida. Elas, por seu turno, associam o sentido de humor masculino apurado a um nível elevado de inteligência e de criatividade. Em relação ao dia-a-dia, as mulheres recorrem a umas boas gargalhadas para confraternizarem, fazerem amizades e... demonstrarem a um homem que se sentem atraídas por ele! Darwin explica Eric Bressler, o psicólogo responsável por este estudo, é da opinião que esta diferença se esconde no nosso passado, recuando até à teoria da evolução das espécies. Confusa? Passamos a explicar... Segundo Darwin, trate-se de animais, trate-se de humanos, a escolha dos parceiros é feita instintivamente, procurando as características que lhes garantam uma procriação saudável e a perpetuação das espécies. Aplicando esta teoria à actualidade, como as mulheres consideram que o sentido de humor é um atributo importante nos homens, eles aprenderam a utilizá-lo como arma de sedução (tal como os pavões desenvolveram e aprimoraram o seu «leque» vistoso e colorido para conquistar as fêmeas). Mas a história é outra quando se encontram inter pares, isto é, entre homens. Veja na página seguinte: Quando eles gostam de se armar em engraçadinhos... Num círculo de amigos que sejam exclusivamente do sexo masculino, os homens usam o humor para competirem entre si, de forma por vezes agressiva e vexatória. Sim, porque as gracinhas mais inócuas entram em cena, na maior parte das vezes, quando a plateia é composta pelo sexo feminino. Esfera laboral Depois de numerosos estudos reforçarem a teoria de que não existe um sexo mais inteligente (apesar de um estudo isolado ter revelado a existência de três por cento de vantagem para as mulheres), está comprovado que o tamanho, configuração e interior do cérebro é diferente nos homens e nas mulheres, o que os leva a terem aptidões mais desenvolvidas em campos distintos mas não significa que o desempenho de cada sexo se situe abaixo da média num domínio específico. Em relação ao trabalho, são inúmeros os estudos que comprovam que as mulheres gostam da liderança (se lhes forem dadas oportunidades) e são dotadas das mesmas capacidades que os homens para exercerem cargos de chefia, seja qual for a área. Mais ainda, dados referem que as líderes do sexo feminino estão mais atentas à componente humana e psicossocial envolvente e tendem a ser mais democráticas e menos corruptas do que os homens. Finalmente, uma investigação realizada na Universidade de NewCastle apurou que os homens lidam pior, a longo prazo, com uma descida na escada profissional do que as mulheres. Em regra, estas reagem de forma mais explosiva no momento, mas ultrapassam a situação mais rapidamente do que os homens, que podem sofrer de depressões graves como consequência da perda de status profissional. Resumindo... e concluindo Muito recentemente, a chama que alimenta o eterno debate sobre a «guerra dos sexos» reacendeu-se. Depois de analisar mais de cento e vinte estudos sobre as diferenças entre homens e mulheres, Janet Hyde, psicóloga, concluiu que, na maior parte dos casos, as tão apregoadas «diferenças» entre os sexos são quase nulas ou praticamente inexistentes. As «discrepâncias» que foram detectadas dizem respeito à destreza motora (como a capacidade de lançar objectos) e à agressividade física, áreas em que os homens «marcam pontos». O modo como encaram as relações sexuais casuais (existindo um envolvimento superior da parte do sexo feminino) e a periodicidade com que se masturbam (com maior «assiduidade» do sexo masculino) são outros dos pontos em que os dois sexos divergem. No que toca à satisfação sexual, «as diferenças encontradas são, rigorosamente, zero», salienta Janet Hyde. Para Catherine Blanc, psicanalista e terapeuta sexual, é um erro crasso pensar que a interacção entre homens e mulheres culminam, necessariamente, num «choque frontal». Em vez disso, por que não pensar que os dois sexos se complementam? Parece-nos bem. Texto: Teresa d'Ornellas
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