A maioria dos adolescentes gosta de pisar o risco. E correr riscos. Talvez por isso, o momento em que começam a conduzir é sinónimo de grande inquietação para os pais. E com razão.

Nos Estados Unidos, as quedas e os acidentes rodoviários são as principais causas de traumatismo crânio-encefálico e provocam o maior número de internamentos e visitas às urgências, segundo dados dos centros de Controlo e Prevenção de Doenças daquele país citados pela U.S. News.  Por outro lado, aproximadamente 20% das lesões na coluna vertebral ocorrem em crianças e adolescentes e a causa mais comum são também os desastres de carros e as quedas.  “Neste grupo, os acidentes são a principal causa de morte. A grande maioria dessas mortes envolve veículos, violência, quedas e incidentes desportivos ou jogos”.

Quando se trata de ações imprudentes, “os adolescentes arriscam não apenas a vida, mas também a sua mobilidade - lesões cerebrais traumáticas e na coluna são, infelizmente, muito comuns. Ambas podem afetar a capacidade de pensar, falar, respirar e mover- se. E a grande maioria dessas lesões é evitável”, explica o mesmo artigo da U.S. News.

Provavelmente já pensou milhares de vezes se essa propensão para o risco e para a asneira é inata nos adolescentes. De facto, faz parte do processo de crescimento. E não julgue que eles não pensam nos riscos que correm.

Na verdade, diversos estudos mostram que os adolescentes são mais propensos a pensar nos riscos do que os adultos, e nalguns casos, até os sobrestimam. Porque fazem então esses disparates?  A resposta é simples: são curiosos. “Os adolescentes não têm experiência e querem experimentar coisas novas. Também gostam de gratificação imediata, e o surto de dopamina e adrenalina daí decorrente fornece-lhes um prazer instantâneo”, escreve a U.S. News. Por outro lado, convém não esquecer a importância da aceitação do grupo. “E se os amigos incitam ou desafiam a assumir riscos, é quase certo que eles vão aceitar o repto”.

Outras investigações defendem que esses exageros são uma questão genética. Isso ajudaria também a perceber por que é que alguns jovens são mais propensos à procura de sensações fortes do que outros.

O estudo citado pela U.S. News mostra que os comportamentos mais ousados atingem o pico aos 19 anos, começando então a diminuir.  O artigo lembra, por outro lado, que é preciso não perder toda a sede de emoções: “É importante perceber que precisamos de caçadores de sensações. São eles que correm a combater incêndios, que trabalham nas urgências, que fazem acrobacias em filmes de ação. Não tente esmagar o lado aventureiro de um adolescente. Em vez disso, ajude-o a canalizá-lo de forma mais segura e produtiva”.

Mas como? O U.S. News fornece cinco pistas aos pais que querem travar comportamentos imprudentes nos filhos adolescentes.

1. Canalizar a adrenalina

As vidas dos adolescentes são aceleradas e movidas pelos seus desejos e necessidades mais básicos. “O lado racional do seu cérebro é muitas vezes ultrapassado pelo emocional”. Eles anseiam por aventuras e diversão. “Os jovens precisam de uma baliza no que toca a limites e têm de aprender a canalizar toda essa energia de forma mais saudável”. A ideia é: em vez de dizer ao seu filho para não fazer algo, sugira uma opção mais segura. Por exemplo, procure desportos que o façam gastar toda a adrenalina que costuma dispensar nas saídas de fim-de-semana. Existem inúmeros desportos como o parkour, o crossfit ou as corridas de obstáculos que ajudam os adolescentes a testar os limites. Se ele se mostrar interessado, encontre uma escola ou um instrutor credenciado para que fique garantida a segurança.

2. Promover a aventura

“Leve o seu filho para um lugar novo e excitante”, aconselha o artigo da U.S. News. Pode enviá-lo para um campo de desportos radicais de uma semana ou levá-lo a um parque de diversões onde existam montanhas-russas ou outras máquinas assustadoras. Explique-lhe que pode viver coisas novas e excitantes com mais garantias de segurança.

3. Mostrar a dura realidade

Use as notícias para dar exemplos que correram mal.  É bom que ele compreenda as consequências de viver no limite. “Há muitas vantagens em usar vídeos reais como exemplo e lição”. Nada como encarar a realidade para mudar a perceção e aumentar a consciência e a compreensão do perigo.

4. Apresentar a novidade

“Por norma, os audazes só estão bem em movimento e ficam entediados facilmente. Embora isso possa ser exaustivo para os pais, é melhor que eles se movam numa direção segura do que se atirem sem pensar a algo emocionante”, escreve o U.S. News. Mantê-los ocupados é fundamental. Pense nisso. “Se o seu filho tem passado a vida à procura de emoções fortes, as hipóteses de vir a trabalhar à secretária são poucas.” Ele precisa de movimento e novidade. “O melhor é expô-lo a coisas novas e excitantes, mas de risco moderado, para que não procure opções radicais.”

5. Reconhecer os sinais de aviso

“Se ele faz tudo para chamar a atenção, talvez precise de algo mais do que uma emoção. A busca contínua e imprudente de sensações fortes tem sido associada ao uso de drogas, consumo excessivo de álcool, sexo desprotegido e outros comportamentos de risco”. O artigo da U.S. News alerta que “um profissional de saúde mental pode ajudar a determinar se há algo subjacente aos comportamentos perigosos, como uma depressão ou um transtorno do défice de atenção com hiperatividade”. Esse especialista poderá igualmente ensinar ao seu filho algumas formas mais saudáveis ​​e seguras de testar limites e obter prazer.