Mudanças bruscas de humor, baixa tolerância à frustração, desafio da autoridade, isolamento, transgressão das regras. Tudo isto são sintomas de uma das fases mais complexas da vida do ser humano: a adolescência, território que abriga a famosa “idade do armário”.
O psicólogo Daniel Rama Víctor enumera algumas destas características, citado pelo suplemento infantil do El Mundo. “É o momento em que nos perguntamos quem somos. Nessa altura, os nossos filhos estão a tornar-se gradualmente adultos, precisam de amadurecer, aprender a assumir responsabilidades e a enfrentar os seus medos. Tudo isto, aliado ao já difícil processo hormonal, faz com que, em alguns casos, a adolescência se torne um problema, não só para os adolescentes, mas também para os pais e familiares mais próximos” (fundamentais para ajudar o adolescente nesse processo).
“Digamos que nesta fase há uma espécie de estágio para a rebelião que contempla comportamentos pouco recomendáveis, por exemplo, mentiras, consumo de álcool, cigarros e faltas à escola. “Embora seja algo que não deva alarmar excessivamente os adultos, porque na maioria dos casos esses comportamentos tendem a diminuir ou a desaparecer com o crescimento, é preciso estar atento”, aconselha Víctor.
“Os youtubers, os amigos das redes sociais, os companheiros da escola ou os parceiros do skate são algumas das vozes que parecem vir ajudar a responder à pergunta crucial: quem sou eu?”, defende o mesmo especialista, prosseguindo: “O adolescente explora pontos de identificação fora da família, mas a verdade é que este núcleo é fundamental”. Uma evidência: “É normal que os adolescentes se distanciem dos pais e isso não é um problema se os adultos conseguirem ajudá-los neste processo de construção da identidade.”
Com o intuito de ajudar pais e filhos a atravessarem a temida “idade do armário”, Daniel Rama Víctor dá algumas dicas.
- Tente reconstruir a relação com os seus filhos. Promova encontros individuais, momentos únicos, por exemplo, dedicando-se juntos a uma atividade do interesse do adolescente.
- Evite sermões e discursos categóricos. Promova o diálogo: mesmo que não concorde com as opiniões deles, ouça e tente entender e aceitar.
- Preste atenção aos comportamentos positivos do adolescente e procure que eles se repitam com frases de ânimo.
- Reduza o controle, por exemplo, através de perguntas constantes.
- Transmita emoções. Isso é um exemplo para ele/ela.
- Estabeleça acordos com regras claras. Por exemplo: “Já falei com a tua mãe/pai e combinámos que tens de vir para casa à meia-noite”.
- Explique aos seus filhos o que se espera deles. Encoraje os seus interesses, preferências e ocupação de tempos livres.
- Exija, mas com carinho. Os adolescentes que mantêm laços fortes com os pais são menos propensos a embarcar em situações perigosas.
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