Os filhos nascem de dois opostos, que se unem na sua essência, constituem família, com vários objectivos, globais e individuais, em que um deles, sem grandes dúvidas, é o de ter filhos, deixar semente, continuar a linhagem, e perpetuar o nome de família.

 

E, é este núcleo que é capaz de tornar viável a vida dos seus filhos, que fazem depender de si, e que nesse cumprimento de funções desempenha um acto de responsabilidade social. É nos actos de cuidar, educar, amar, proteger, alertar, empurrar, desejar…que os pais dão aos filhos oportunidades, lições, pedidos, ensinamentos de verdades, de valores, de realidades, exemplos de amor, de relações, de atitudes, de personalidade, de formas de lidar e agir.

 

É nas suas posturas, no seio de sua casa, nos seus exemplos, falados e agidos, que estes - os pais - transformam a sua Casa, na Escola da Vida, no laboratório de ensaios…

 

E é no jogo destas trocas que nascem os filhos, e que nascem os pais…que crescem os filhos, e que crescem os pais…é na capacidade destes pais deixarem ir, permitirem voar, seguir caminho, que nascem os filhos. É da separação destes mesmos seres que lhes deram origem, que os filhos são pessoas, na sua totalidade…na sua própria personalidade, num misto do que é deles, do que é genético, do que é observado e copiado - imitado.

 

O que nos molda, o que molda estas crianças, estes filhos, que o Mundo educa, mas que saem de nossa Casa? A acção formativa-educativa dos pais, as influências exteriores, o que faz parte da nossa Casa, o que lhe é estranho, o que lá se passa e se mostra, e tudo o que lá se esconde…podemos criar crianças órfãs socialmente, porque na Casa de Pais não se ensinou, partilhou ou, demonstrou os deveres, as obrigações morais, o amor, a entrega?

 

Podemos criar crianças que sem modelos para imitar, não têm referências na Casa onde moram?

 

A responsabilidade de se ter uma Casa de Pais, é que para além de tudo aquilo que se julga ter origem nos genes, também existem toda uma outra série de características importantes, cruciais, para o desenvolvimento dos filhos, que vem do que se passa naquela “alegre e modesta casinha”, e muitas das suas capacidades, dificuldades, forças e fraquezas, resiliências ou resistências, podem ser fruto desta relação, desta Casa, destas influências…da nossa capacidade, enquanto pais, de acreditarmos nos valores pelos quais nos regemos, e de querermos fazer a passagem de testemunho. Querermos ser nós mesmos na educação dos nossos filhos, sem pressões dos pais, ou filhos, das outras Casas…

 

É acreditarmos que embora amemos muito os nossos filhos, assumimos um papel que implica que muitas das vezes, para sermos pais, educadores da Casa Escola, e da nossa casa fazermos a deles, que não podemos ser amigos, não podemos confundir as linhas que nos dividem, e que temos de manter a Casa com paredes, divisões, portas, privacidades, amor e partilha, e o papel de Pais, bem definido e separado do de amigos. Ser Pai, é aprender a ensinar e aprender…e é, ser capaz de ensinar a aprender. Não esquecendo que a nossa postura é a escola deles.

 

Rosa Amaral
Terapeuta Familiar
rosa.amaral@pin.com.pt

 

PIN – Progresso Infantil