Em declarações à Lusa, Fatumata Djau Baldé, antiga ministra dos Negócios Estrangeiros guineense, que lidera o comité, esclareceu que as bicicletas foram distribuídas em duas comunidades “mais carenciadas” nas regiões de Quinará e Tombali, no sul, Oio e Cacheu, no norte, Gabu, no leste, e Bissau.

Em cada comunidade foram distribuídas sete bicicletas às raparigas consideradas vulneráveis e que percorrem “grandes distâncias” para irem à escola, notou Fatumata Djau Baldé, que vê na iniciativa uma estratégia para reduzir o abandono escolar.

“Há comunidades em que as raparigas percorrem até 35 quilómetros diariamente para irem à escola”, enfatizou Djau Baldé, o principal rosto do combate às práticas nefastas à saúde da mulher e criança na Guiné-Bissau, nomeadamente a falta de escolarização das raparigas, a Mutilação Genital Feminina ou o casamento forçado.

A responsável não consegue precisar qual a atual taxa de abandono escolar entre as raparigas na Guiné-Bissau, mas sabe que “é bastante elevada”.

Para contrariar a situação, Baldé disse à Lusa que gostaria de ter bicicletas para todas as comunidades rurais da Guiné-Bissau, onde, disse, as raparigas “acabam por abandonar a escola mais cedo devido às distâncias que percorrem”.

“Quanto mais avançam na escolarização, a tendência é o abandono. Os pais ficam com receio de as mandar para outras comunidades mais longínquas. Tendo uma bicicleta a rapariga diminui a distância e continua”, considerou.

Fatumata Djau Baldé já tem 200 outras bicicletas oferecidas ao comité por “amigos em Espanha e Holanda”, o problema, notou, é arranjar dinheiro para fazê-las chegar ao país e distribuir para outras comunidades.

“As bicicletas podem fazer toda a diferença nessa luta”, sublinhou.

As bicicletas são dadas mediantes recomendações: “Não podem ser usadas por rapazes da comunidade, não podem transportar cargas e se a rapariga for dada em casamento ou abandonar a escola a bicicleta é automaticamente retirada e entregue a outra de outra comunidade”, sintetizou Fatumata Djau Baldé.