As constantes pressões da vida moderna, a que não são alheias as novas tecnologias e a massificação da informação, fazem disparar para 50% a probabilidade de as mães millennials virem a sofrer de depressão na gravidez. Isto porque estas pressões são amplificadas durante o período de gestação. Stress crónico, privação do sono e sedentarismo também podem alimentar este fenómeno. Um artigo do Daily Mail sobre o tema refere ainda que os problemas de saúde mental durante a gravidez aumentaram 51% na última geração.

“A constante atividade dos media e o ritmo da vida moderna podem fazer com que as grávidas se sintam deprimidas e socialmente isoladas”, dizem os investigadores da Universidade de Bristol responsáveis por um estudo sobre o assunto, acrescentando que estes fatores estão a fazer disparar as taxas de depressão e ansiedade nas futuras mães.

Os cientistas acompanharam 2390 grávidas entre os 19 e os 24 anos, de 1990 até 1992, e repetiram o procedimento com 180 mulheres que eram filhas das primeiras participantes do estudo, e que estiveram grávidas entre 2012 e 2016. Perceberam que as taxas de depressão e ansiedade aumentaram de 17% no grupo mais antigo para 25% no caso das mais novas.

Num artigo para a JAMA Network Open, os especialistas confirmaram que a tendência reflete o aumento geral da depressão entre as mulheres jovens nos últimos anos e sublinharam que as crescentes pressões da vida moderna são “inegavelmente amplificadas” pela gravidez.

“É preciso entender as mudanças na sociedade e no estilo de vida que podem ter contribuído para este crescimento”, defenderam, enumerando alguns potenciais culpados. A saber: stress crónico, privação do sono, hábitos alimentares, sedentarismo e ritmo acelerado acentuaram a prevalência da depressão entre jovens, grávidas ou não. “O impacto de tais mudanças é amplificado quando uma mulher engravida. Essa geração de mulheres jovens experimentou uma mudança radical da tecnologia, o aparecimento da Internet e a massificação das redes sociais, o que tem sido associado ao aumento dos sentimentos de depressão e isolamento social e mudanças nas relações sociais.”

Os pesquisadores compreenderam que, em comparação com os anos 90, a proporção de mães trabalhadoras aumentou substancialmente, sendo que a difusão de horários inflexíveis e pressão laboral também estão associados a sintomas depressivos na maioria das mães. Também ficou claro que as filhas das mulheres que estiveram deprimidas durante a gravidez apresentavam três vezes mais tendência para a depressão do que as mães.

Rebecca Pearson, autora do estudo e professora de epidemiologia psiquiátrica da Faculdade de Medicina da Universidade de Bristol, disse ao Daily Mail: “A pesquisa mostra que a depressão nas mulheres jovens pode ser motivada pelo aumento do sentimento de stress. Dado que a depressão na gravidez tem impacto tanto na mãe quanto na criança, é preciso perceber como travar essa tendência”.

Clare Livingstone, assessora do Royal College Midwives, explicou: “Os resultados demonstram que as taxas de depressão na gravidez aumentaram 50% numa geração, o que é bastante alarmante. Claramente, a depressão está a aumentar em toda a população e provou-se que essa tendência chegou ao período pré-natal”. A mesma especialista salientou ainda a preocupação da organização que dirige em relação a todas as mulheres que vivem mais isoladas e não podem contar com apoio de amigos ou familiares durante a gravidez.