Metade dos casos que chegam às mãos do psicólogo e juiz de menores Ruiz Rabasa, responsável pelo único tribunal juvenil de Córdova, Espanha, tem a ver com a violência exercida por jovens contra os pais.
O alerta foi dado por Ruiz Rabasa numa entrevista ao diário espanhol ABC, em que chamou a atenção para o crescente número de casos em que os pais se queixam de não conseguirem controlar os filhos.
“Há algo de profundamente errado com a educação dos jovens quando os pais admitem não conseguir lidar com os seus comportamentos”. O juiz atribui à “crise evidente de valores” a causa deste fenómeno e adverte que “quando se perde a autoridade, tudo é permitido”.
Rabasa, que tem mais de uma década de experiência, diz que “a lei atual não é fraca, mas, em casos graves, a sociedade é levada a crer que as punições são insuficientes”.
Nos casos de violência contra a família, este juiz não se fica pelas medidas legais, adotando terapias familiares para orientar os pais, “que em muitos casos não sabem o têm de fazer perante uma criança problemática”.
Tais situações, ao contrário do que se possa imaginar, são cada vez mais comuns fora dos chamados circuitos marginais. “A perda de autoridade existe em famílias de todas as classes sociais”, explicou Rabasa ao ABC, sublinhando a necessidade de “ensinar valores de respeito e igualdade” como forma de combater “esta violência que cresce exponencialmente em vários sectores da sociedade”.
A investigadora e psicóloga clínica Neuza Patuleia disse à agência Lusa que “chegam cada vez mais casos de adolescentes que ameaçam, roubam e fogem de casa para obter o que pretendem dos pais, e estes sentem-se incapazes de lidar com a situação”.
“Cada vez temos mais situações, que chegam nos processos de promoção e proteção de menores” às comissões e aos tribunais, de adolescentes, “com comportamentos disruptivos, com fugas de casa, com roubos”, em que “os pais acabam por dizer que sentem que não são capazes de fazer nada dos seus filhos”, sublinhou a mesma especialista, rematando que, “nestes casos, a hierarquia familiar fica subvertida” e a relação “pode provocar danos físicos, psicológicos, emocionais e até financeiros” difíceis de reparar.
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