Crianças nascidas prematuramente correm o risco de apresentarem uma variedade de deficiências neurológicas que poderão significar que serão mais propensos a precisar de apoios educativos especiais quando atingem a idade escolar.

 

Mas um novo estudo desenvolvido na Universidade de Warwick, na Grã-Bretanha, mostra que os pais bebés muito prematuros e de muito baixo peso ao nascer (MP/MBPN) podem aumentar o desempenho académico dos seus filhos através de uma parentalidade sensível e cognitivamente estimulante.

 

Os investigadores analisaram os estilos parentais de pais de crianças com seis anos de idade para verem o efeito que tinham sobre o sucesso escolar dessas crianças quando chegaram à idade de 13 anos.

 

O estudo constatou que a parentalidade altamente sensível aos 6 anos impulsionou o desempenho académico de crianças MP/MBPN quando atingiam os 13 anos para níveis semelhantes aos de crianças nascidas de termo. Um aumento paralelo não foi verificado em crianças nascidas de termo.

 

No entanto, os resultados também mostraram que os ambientes domésticos em que mais cedo foram adotados comportamentos cognitivamente estimulantes beneficiaram o sucesso escolar a longo prazo de todas as crianças, independentemente de serem prematuros ou não.

 

Dieter Wolke, da Universidade de Warwick, disse: «Chamamos parentalidade sensível à adaptação de um dos pais ao comportamento e às respostas da criança, estabelecendo limites apropriados para a idade.» «Assim, por exemplo, fornecer um retorno gentil e sugerir possíveis soluções em vez de tomar conta da situação e resolver as tarefas no lugar da criança.»

 

«A parentalidade cognitivamente estimulante implica que os pais incluam atividadea destinadas a pô a criança a pensar, como ler-lhe ou fazer puzzles em conjunto.» Continuou, dizendo «Descobrimos que estes dois estilos de parentalidade tê um efeito positivo no aumento da qualidade do desempenho escolar, sendo a parentalidade sensível particularmente eficaz na redução do défice de aproveitamento entre crianças prematuras e de baixo peso ao nascer e as suas homólogas de termo.»

 

O estudo, Efeitos da parentalidade sensível na resiliência académica de adolescentes muito prematuros e de muito baixo peso ao nascer, foi agora publicado na revista Journal of Adolescent Health.

 

Os especialistas procuraram esclarecer a incerteza que existe na comunidade científica sobre se a forma como é exercida a parentalidade tem influência no desempenho académico de crianças prematuras. Foram seguidas 652 crianças – 314 muito prematuras e com muito baixo peso ao nascer e 338 nascidas de termo, para controlo.

 

Dieter Wolke afirmou que «Os resultados sugerem que uma educação sensível aumenta o autocontrolo das crianças e a regulação da atenção, que são importantes para o sucesso escolar. Nós gostaríamos de ver um maior investimento em programas que equipam os pais de crianças prematuras com as técnicas necessárias para prestar um apoio adequado e sensível aos seus filhos.»

 

 

Maria João Pratt