A UNICEF e Almellehan, de 19 anos - que se viu obrigada a abandonar a escola quando, em 2013, a sua família procurou escapar à violência na Síria – juntaram-se na véspera da Assembleia Geral das Nações Unidas para pedir aos líderes mundiais que dêem prioridade à educação para todas as crianças desenraizadas pela guerra, pela violência e pela pobreza.

"O conflito pode tirar-te a família, os teus amigos, a tua rotina, a tua casa e o teu país. Mas o conhecimento, uma vez adquirido pelas crianças, nem mesmo o conflito o pode tirar", disse Muzoon, que prosseguiu a sua educação no campo de refugiados de Zaatari, na Jordânia, e que está agora a viver no Reino Unido. "A educação nunca pode ser vista como uma opção, especialmente em situações de crise. Sem aprender, como podemos esperar que as crianças venham a ser tudo aquilo que têm capacidade para ser? Não podemos desistir, há que continuar até termos um mundo onde todas as crianças vão à escola", alerta a jovem ativista.

"Evitar as minas terrestres não devia ser uma atividade extracurricular"

Os autocarros saíram de Brooklyn passando por Lower Manhattan em direção a Times Square, levando mensagens poderosas, nomeadamente: "As zonas onde há escolas não devem ser zonas de guerra"; "Hoje, ter que se esconder não devia fazer parte dos trabalhados de casa" e "Evitar as minas terrestres não devia ser uma atividade extracurricular".

Atualmente, 27 milhões de crianças com idades entre os 6 e os 15 anos estão a ser privadas do direito à educação devido a conflitos nos quais não têm qualquer responsabilidade.

A escassez de financiamento para a educação em emergências está a afetar o acesso das crianças à escola em contextos de conflito e desastres naturais. Nos primeiros seis meses de 2017, a UNICEF recebeu apenas 12% do financiamento necessário para proporcionar educação às crianças que vivem em situações de crise.

A UNICEF colaborou com a agência criativa KBS e com o parceiro de media PCI para conceber esta experiência disruptiva na cidade de Nova Iorque, por ocasião da Assembleia Geral da ONU.

"A coluna de 27 autocarros é uma metáfora para lembrar os 27 milhões de crianças que não têm acesso à educação devido a conflitos e à pobreza", afirmou um responsável da KBS. "O nosso objetivo é apenas criar um evento aparentemente insólito para promover o debate sobre este problema que é tão importante".