Contactei pela primeira vez com o conceito de networking em Glasgow, onde nasci, e apercebi-me de imediato do enorme poder que tinha para transformar um rumo de um negócio e do quão pouco explorado ainda era. Quando cheguei a Portugal, tentei implementar o que lá tinha aprendido e, no entanto, deparei-me com uma enorme resistência de início.
Quando pensamos em reunir com outros empresários, pensamos de imediato que alguém nos vai tentar vender alguma coisa e isso acaba por nos levantar automaticamente as defesas e fazer-nos ficar mais desconfiados. Estas barreiras não são fáceis de ultrapassar e continuam cristalizadas em muitos empresários portugueses.
É então urgente desmistificar e compreender o que é isso do networking e a melhor forma de o definir, na minha opinião, é: criar relações de confiança de benefício mútuo. Ou seja, não se trata só encontrar novos clientes, mas sim de criar uma rede de contactos com a qual podemos contar para nos ajudarmos mutuamente.
E como é que isso funciona?
Ao aumentarmos a nossa lista de contactos, estamos não só a descobrir potenciais clientes, mas também a potenciar a lista de recursos disponíveis, sejam parceiros com quem criamos sinergias, fornecedores a quem podemos comprar mais barato, oportunidades de negócio que de outra forma não teríamos acesso ou simplesmente novas ideias que fazem florescer a nossa empresa. Ao conhecer outros empresários, estamos não só a abrir portas que de outra forma, nunca veríamos abertas, mas também a rodear-nos de pessoas com diferentes experiências, que nos pode trazer vários benefícios pessoais e profissionais.
Uma das máximas do BNI, a maior organização mundial de networking e negócios diz: “Não há melhor forma de publicidade do que o passa-a-palavra”. Alguém em quem confiamos nos recomendar um restaurante, uma marca de roupa ou um bom canalizador, é meio caminho andado para optarmos por essa opção em vez de outras das quais não temos referências. Esta é a pedra basilar do networking, a criação de uma rede de contactos de confiança que recomendamos a outros sempre que vemos uma oportunidade, enquanto fazemos parte da rede de outros empresários. É uma ajuda mútua que faz com que todos juntos consigam crescer.
Somos ensinados desde pequenos a não falar com estranhos e se isso na infância é um conselho sábio, na idade adulta deixa de o ser. É ao conhecer os outros que nós próprios crescemos, que nós próprios evoluímos. O networking é exatamente isso, crescer e evoluir com os outros, enquanto os ajudamos a fazer o mesmo.
Por isso, o melhor conselho que posso dar aos empresários de Portugal é que façam networking uns com os outros. Conheçam as empresas que estão à vossa volta, não só os vossos clientes, mas potenciais parceiros, fornecedores ou concorrentes. Interajam, conheçam-se e percebam como se podem ajudar a crescer. Mesmo que não queiram juntar-se a um grupo organizado de networking, façam-no na vossa área geográfica ou com os vossos parceiros habituais.
Soltem esse gigante adormecido que é o networking.
Um artigo de Terry Hamill, Diretor Executivo do BNI em Portugal.
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