Os médicos belgas estão contra os pais que impõem o veganismo aos filhos. Os especialistas da Académie Royale de Médecine de Belgique, sediada em Bruxelas, alertam para os potenciais perigos deste regime alimentar. Além de poder estar na origem de carências nutricionais, também pode gerar problemas de crescimento, avisa este organismo. Nos últimos dias, o assunto voltou a reacender discussões antigas.
Bernard De Vos, delegado geral dos direitos da criança, pediu um parecer à academia real da saúde belga, questionando as opções alimentares que um número crescente de pais tem vindo a adotar. Os sete médicos que formam o comité não poderiam ter sido mais claros na resposta. "É um regime restritivo que gera carências inevitáveis e que exige um acompanhamento permanente das crianças", criticam os especialistas.
Se essa vigilância não for sendo feita à medida que a criança vai crescendo, este tipo de alimentação pode originar "atrasos irreversíveis no crescimento", alertam os médicos belgas, que juntaram ao parecer testemunhos de especialistas que acompanharam crianças que alimentavam à base de vegetais, cereais, leguminosas e fruta e que, nalguns casos, tiveram mesmo de ser hospitalizadas na sequência de problemas de saúde gerados pela falta de vitamina D, de vitamina B12, de cálcio, de oligoelementos e de outros nutrientes indispensáveis. A opinião está, contudo, longe de ser unânime.
Muitos nutricionistas garantem que, se for bem planificada, uma dieta vegana pode ser seguida por pessoas de todas as idades. Uma tese que a Académie Royale de Médecine de Belgique refuta. "Estamos a falar de atrasos no crescimento, [de atrasos] psicomotores, de desnutrição e de anemias relevantes", adverte Isabelle Thiébaut, pediatra especialista em dietética, uma das profissionais que assinam o parecer.
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