O mais frequente é que a doença dê manifestações precocemente, fazendo com que o diagnóstico seja feito, geralmente, de uma forma atempada, uma vez que Portugal possui já muitos médicos com um grande conhecimento desta doença e o Serviço Nacional de Saúde permite acesso direto do doente às urgências pediátricas.
A medula óssea é um tecido que está dentro do osso e que produz as células que compõe o sangue: os glóbulos vermelhos, os glóbulos brancos e as plaquetas.
Na LLA as células malignas ocupam progressivamente toda a medula óssea substituindo quase totalmente as células saudáveis: num organismo saudável a percentagem de linfoblastos na medula ronda os 3 a 5% e, num caso de LLA, essa percentagem pode atingir 96 a 99%. Estas células malignas circulam pelo resto do organismo.
Os glóbulos brancos saudáveis são um dos responsáveis pelas defesas do nosso organismo, atuando contra microrganismos potencialmente perigosas.
Dentro dos glóbulos brancos distinguem-se vários tipos, sendo um deles os linfócitos. Estes podem sofrer uma evolução maligna aumentando em número (os linfoblastos) e não permitindo que as células saudáveis cresçam. Assim estamos perante um caso de Leucemia Linfoblástica Aguda.
Os sintomas provocados pela doença dependem da substituição das células normais por estes linfoblastos. Assim, um baixo nível de glóbulos vermelhos, anemia, pode causar fadiga. Já os hematomas são causados pela redução de plaquetas no sangue. Pelo facto de a doença afetar sobretudo os glóbulos brancos, deixa a criança com as defesas em baixo levando ao aparecimento da febre.
Sintomas geralmente inespecíficos
Esta doença manifesta-se com sintomas que são geralmente inespecíficos e comuns a muitas outras. O verdadeiro sinal de alerta será a persistência dessas queixas. Cabe aos médicos fazer o diagnóstico.
A LLA é tratável com quimioterapia, atualmente com resultados que rondam os 85% de sobrevivência global.
Uma primeira fase é feita em regime de internamento, a qual se segue tratamento em ambulatório: uma fase mais intensiva do tratamento que normalmente tem a duração de 6 meses, após este período a criança pode retomar as suas atividades normais com algumas limitações, tendo que ir ao hospital uma vez por semana até ao final do tratamento, que tem, normalmente, a duração total de 2 anos.
Concluído o tratamento, a criança pode continuar as suas atividades habituais, voltando ao hospital apenas para consultas de seguimento e para garantir que não surgem complicações. É uma doença grave sim, mas tratável, e sempre detetada a tempo pelos profissionais de saúde.
As explicações são do médico Ximo Duarte, Especialista em Oncologia Pediátrica no Serviço de Pediatria do Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil de Lisboa (IPO Lisboa)
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