No debate em plenário, as bancadas do BE, PCP e PAN defenderam um modelo de gestão das escolas mais democrático, colocando-se ao lado de uma petição com quase 9.000 assinaturas de professores.
A petição da Federação Nacional de Professores (Fenprof) pedia uma revisão legal, com a revogação do enquadramento em vigor que os professores consideram ter retirado às escolas “práticas democráticas colegiais”.
No debate, a deputada do PCP Ana Mesquita sublinhou que o atual modelo é “injusto, atrasado, e não fomenta a participação democrática nas escolas”, acrescentando que o projeto de lei dos comunistas permite que “todos os que estudam e trabalham nas escolas sejam construtores da democracia” e participem no processo de decisão.
A participação da comunidade escolar na gestão das instituições de ensino é também uma das preocupações do PAN, que defendeu a existência de uma direção colegial eleita, constituída por docentes, pessoal não-docente, encarregados de educação e alunos.
Bebiana Cunha, deputada do PAN, criticou o regime em vigor, afirmando que este tem favorecido a afirmação da figura do diretor, numa lógica de “gestão burocrática e autocrática”, menorizando o papel dos profissionais que trabalham nas escolas e dos estudantes.
O BE, representado pela deputada Alexandra Vieira, considerou também que o enquadramento legal vigente assenta numa liderança forte, que não tem sido, nem é, suficiente para dar resposta aos problemas atuais da escola pública.
No debate, o deputado socialista Porfírio Silva considerou que a petição da Fenprof e as propostas dos partidos traduzem uma preocupação que é partilhada pelo PS: “Aperfeiçoar os modelos de gestão democrática das nossas instituições a todos os níveis”.
No entanto, Porfírio Silva alerta que o caminho não pode passar por “deitar para o lixo todo o regime atual, ou voltar a regimes anteriores”.
A intervenção dos sociais-democratas, pela voz de António Cunha, foi no mesmo sentido. Segundo o deputado, o PSD é favorável à melhoria do modelo vigente, que “não é perfeito”, desde que essa revisão assente na experiência acumulada, e não num regresso ao passado.
À direita, as iniciativas legislativas foram criticadas, com Cecília Meireles, do CDS-PP, a defender que a decisão sobre a educação das crianças e dos jovens é um direito e um dever das famílias, cabendo ao Estado respeitar essa decisão.
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