Chama-se GAP — Gulbenkian Aprendizagem e pretende apoiar ”pelo menos 5.000 alunos dos ensinos básico e secundário” a recuperar aprendizagens perdidas a Português, Inglês e Matemática e a “desenvolver competências importantes para o estudo autónomo”, explica a fundação em comunicado.
Os alunos escolhidos para este projeto pertencem a grupos socioeconómicos mais desfavorecidos e frequentam cerca de 120 escolas do país.
A ideia é reduzir o impacto da pandemia nas aprendizagens. Isto porque com a suspensão das aulas presenciais e o arranque do ensino à distância, em março do passado ano letivo, os alunos mais vulneráveis voltaram a ser os mais afetados em termos de aprendizagem.
Assim, além dos projetos que já estão a decorrer nas escolas, a Fundação Calouste Gulbenkian decidiu promover “mentorias académicas”, que podem ser levadas a cabo de forma individual, em pequenos grupos ou na sala de aula.
Neste momento, segundo dados da fundação, existe uma bolsa que conta com 30 a 60 mentores da associação “Teach For Portugal” (www.teachforportugal.org), uma organização portuguesa sem fins lucrativos que pertence à rede internacional Teach for All.
Este projeto nasceu do desejo de diminuir as desigualdades educativas e proporcionar às crianças de meios mais desfavorecidos a oportunidade de atingirem o seu máximo potencial.
Em Portugal, a taxa de reprovação dos alunos de comunidades desfavorecidas é cerca de cinco vezes maior do que a de alunos em melhor contexto social.
Assim, a “Teach For All” e a “Teach For Portugal” tem uma bolsa de mentores — pessoas com formação superior – que se oferecem para dedicar o seu tempo a tentar fazer a diferença numa escola.
Além desta parceria, o projeto conta também com a colaboração da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) e das Universidades do Porto e do Minho.
“Prevê-se que sejam prestadas, entre janeiro e junho de 2021, cerca de mil horas de mentoria semanal”, refere a Calouste Gulbenkian em comunicado.
Em complemento a estas mentorias, a Sociedade Portuguesa de Matemática vai também assegurar aulas a turmas que, devido aos efeitos da situação pandémica, estejam sem professor a matemática.
Estas aulas serão garantidas por uma bolsa de professores voluntários constituída pela SPM e começam já em dezembro.
A Gulbenkian lembra ainda que existe uma relação direta entre o perfil socioeconómico e cultural das famílias e o desempenho escolar dos seus filhos.
“As crianças e jovens provenientes de famílias mais vulneráveis enfrentam com mais dificuldade o seu percurso escolar e, apesar de iniciativas como a distribuição de computadores ou o #Estudoemcasa, nas quais a Fundação Gulbenkian esteve envolvida, o confinamento resultante da pandemia veio agravar esta realidade”, acrescenta.
Entre março e junho de 2020, estas crianças e jovens não só foram privadas do ensino presencial de que tanto precisam, como viram acentuadas as desigualdades académicas inerentes às dificuldades de acesso ao ensino à distância.
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