Há pais que fabricam uma doença nas crianças e os médicos e outros profissionais de saúde precisam estar atentos a este tipo de abuso infantil, alertam os especialistas.

 

«Esta situação é, provavelmente, mais comum do que imaginamos», e muitas vezes passa despercebida, afirma Harriet MacMillan, pediatra e psiquiatra infantil da Universidade McMaster, em Ontário, Canadá, em comunicado de imprensa da universidade.

 

Embora a ocorrência seja relativamente rara, a taxa de mortalidade de crianças em tais casos, está entre os 6 e os 9 por cento, com taxas semelhantes de lesão permanente e incapacidade a longo prazo, disse a investigadora, que desenvolve o seu trabalho na área da violência familiar.

 

Harriet MacMillan co-assina um artigo na edição de setembro da revista Pediatrics, que se destina a melhorar a compreensão do tema que tem sido referido pelos médicos como síndroma de Munchausen por proximidade.

 

Os médicos devem desconfiar quando veem uma criança com uma doença persistente ou recorrente que não pode ser explicada, principalmente quando os sinais ou sintomas não parecem credíveis. Não há uma doença fabricada típica e um pai pode trazer o seu filho para o tratamento de todos os tipos de problemas, incluindo hemorragia, convulsões, infeções do trato urinário ou transtornos de atenção.

 

«Isto realmente se resume à realização de uma anamnese cuidadosa e a um exame físico, com ênfase na comunicação com todos os prestadores de cuidados de saúde que viram a criança», disse Harriet MacMillan. «É importante que nós sejamos minuciosos na procura de informações completas sobre o contato com os prestadores de cuidados de saúde, ao mesmo tempo que cumprimos o dever de sigilo.»

 

A comunicação entre os diferentes prestadores de cuidados de saúde é fundamental, uma vez que uma criança pode ser vista em muitos contextos diferentes. «Este é o tipo de situação em que é essencial para os médicos reverem os registos médicos e falar com outros prestadores de cuidados de saúde para obter informações completas para a realização da sua avaliação», concluiu a investigadora.

 

 

Maria João Pratt