A agência Lusa teve hoje acesso a um inquérito realizado pelo blogue ComRegras e intitulado “Ensino à Distância em Situação de emergência”, o qual revela que “apenas 23% dos professores e/ou educadores afirmaram que a totalidade dos seus alunos ou quase totalidade dos seus alunos, realizaram as tarefas propostas” no final do 2.º período do ano letivo.
Uma das principais conclusões revela que se trata de “uma diferença significativa” quando comparada com o se passa no ensino presencial, pois nesse contexto “a totalidade ou quase totalidade dos alunos", realizam as tarefas apresentadas, disse à Lusa Alexandre Henriques, professor e o autor do inquérito.
“É um valor baixo que pode ser explicado por ser a primeira vez que os alunos foram confrontados com aulas à distância”, ou por “haver algum desleixo por parte dos alunos por ser o fim do 2.º período”, acrescenta, frisando que esta conclusão é “um alerta para pensar no 3.º período escolar”.
O inquérito revela também que a esmagadora maioria dos professores/educadores (92,5%) aderiu ao ensino à distância depois de o primeiro-ministro, António Costa, ter anunciado a suspensão das aulas presenciais, e enviou as tarefas para os seus alunos nas duas últimas semanas do 2.º período escolar.
Outra conclusão do inquérito que o autor destacou foi o facto de a “maioria dos alunos ter acesso à Internet para proceder ao ensino à distância”.
Apenas 4,6% dos professores inquiridos afirmou que os seus alunos não tinham acesso ao ensino à distância via Internet.
Sobre a estratégia que o professor vai utilizar no ensino à distancia enquanto as escolas estiverem encerradas, metade dos professores (50,3%) respondeu que preferia optar “preferencialmente pelo envio de atividades para os alunos realizarem”, enquanto que apenas 3,6% dos inquiridos afirmou que preferia “aulas em direto”. Os restantes professores inquiridos (46,1%) respondeu “ambas de forma proporcional”.
Outra das conclusões a destacar é que houve “uma clara fratura dos inquiridos sobre o peso da avaliação do 3.º período/2º semestre no ano letivo, com quase metade dos professores inquiridos (43.3 %) a dizer que não deve contar para avaliação do ano letivo 2019/2020, e com 46,6% a afirmarem que “deve contar mas com um peso mais reduzido”.
“Uma coisa é certa, 90% dos inquiridos não concorda que a avaliação permaneça como está neste momento”, referiu Alexandre Henriques, ou seja, apenas uma minoria dos professores (10%) afirmou que o peso da avaliação do 3.º período para o ano letivo 2019/2020, com o formato de ensino à distância deve manter-se.
A propósito da realização dos exames nacionais neste atual contexto de estado de emergência e com as escolas fechadas, a maioria dos professores (59,1%) afirma que os exames nacionais devem ser adiados, e 37,7% declara que devem ser “anulados”.
O inquérito foi realizado, entre os dias 02 e 06 de abril, com uma amostra de 2.157 professores e/ou educadores, estando a maioria a lecionar no ensino público (87,4%) .
Mais de metade dos docentes inquiridos (56,5%) estão a lecionar ao 3. Ciclo e Secundário, enquanto que 20,7% estão a lecionar no 2.º Ciclo, 22,8% estão no 1.º Ciclo e 9,5% no pré-escolar.
“A ideia de fazer este inquérito foi tentar perceber como funcionou este sistema de ensino à distância com Portugal em estado de emergência e compreender que as conclusões podem servir de alerta para melhorar no terceiro período”, explicou o autor do trabalho.
As aulas presenciais estão suspensas em Portugal desde o dia 16 de março. No dia 09 de abril será feita uma reavaliação para determinar o que fazer em relação ao 3.º período.
A pandemia da covid-19 já matou 345 pessoas e infetou 12.442 em Portugal, segundo dados de hoje divulgados pela Direção-Geral da Saúde.
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