Se fizer uma ronda pelas lojas de roupa de criança, torna-se rapidamente óbvio que as cores continuam muito ligadas ao género, sobretudo na seção de bebés: o azul é para eles; o cor-de-rosa para elas.
Segundo um artigo da Psichology Today, aos dois anos as meninas já estão mais expostas a roupas e brinquedos cor-de-rosa do que os rapazes. Curiosamente, dois anos é também a idade em que as crianças se tornam
conscientes do seu próprio género e daquilo que a sociedade considera “apropriado” para elas.
O mesmo artigo menciona um trabalho sobre a associação de cores ao género, destacando uma investigação realizada na Universidade de Lausanne, Suíça, em que se tentou perceber se as cores favoritas diferiam entre meninos e meninas, e se essas diferenças também estariam presentes na idade adulta.
Surpreendentemente, o azul foi a cor favorita mais indicada tanto por rapazes como por raparigas dos 10 aos 14 anos. O rosa foi a segunda cor preferida entre as meninas, mas quase nunca foi escolhida pelos rapazes.
A mesma experiência realizada entre homens e mulheres entre os 18 e os 48 anos revelou que o azul é também a tonalidade predileta, embora a segunda não seja o rosa entre nenhum dos géneros.
Os investigadores realizaram ainda um terceiro estudo, para ter certeza de que as preferências de cor não se confinavam às emoções que associamos a certas tonalidades, e descobriram que tanto para as mulheres como para os homens o rosa estava associado a emoções positivas, com a mesma intensidade que o azul.
A maioria dos meninos e meninas, tal como a maioria dos homens e das mulheres, elegem o azul como cor favorita, pelo que a associação popular entre o azul e os meninos/homens é infundada.
Em vez de associarem as cores às emoções, os autores do estudo concluíram que as preferências manifestadas podem ter mais a ver com estereótipos de género: apesar do progresso social, o sexo masculino ainda é considerado o mais prestigiado e detentor de um estatuto mais elevado. As associações entre género e estatuto poderiam explicar porque é que os rapazes evitam brinquedos de meninas, mais do que elas costumam rejeitar os brinquedos dos meninos, e porque é que as raparigas do ensino secundário começam a adotar mais comportamentos masculinos, quanto o contrário não acontece. Da mesma forma, na idade adulta, os homens tendem a evitar atividades associadas às mulheres, mais do que estas recusam as chamadas tarefas masculinas.
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