Tony Volk, professor de estudos infantis e juvenis na Brock University de Ontário, Canadá, afirma que “o bullying repetido pode ser tão prejudicial quanto outras formas de abuso e a vitimização não fortalece a maioria das crianças; simplesmente destrói-as”.
Diferentes estudos mostram que a vitimização crónica afeta a autoestima infantil, fazendo com que as crianças interiorizem uma imagem negativa de si próprias. Passam a sentir-se inadequadas. Culpam-se por tudo o que corre mal. E têm constantes pensamentos negativos.
Em declarações à Todays Parents, a psicóloga infantil Joanne Cummings, responsável da PREVNet (Rede de Promoção de Relacionamentos e Eliminação da Violência), adverte que crianças vítimas de bullying também são menos propensas a fazer novos amigos ou a experimentar novas atividades, o que pode contribuir para a sua desintegração social e aumentar os seus sentimentos de solidão. inutilidade e impotência. “Todos esses fatores são de risco e estimulam o desenvolvimento de problemas crónicos de saúde física e mental relacionados com stress, ansiedade e depressão”, revela Cummings. A sua mensagem para os pais é clara: tentem ser pró-ativos de forma a neutralizar o constante diálogo interno, negativo, da criança. Eis algumas dicas que podem ser úteis:
Mostre empatia e otimismo
A criança pode ter vergonha de falar sobre o que está a sofrer, ou ter medo das reações dos pais, receando que será punida. “Embora seja perturbador saber que seu filho está a ser intimidado”, diz Cummings, “é importante mostrar compaixão pela sua dor, mas também ter uma atitude otimista, fazendo-a crer que esse problema vai ser resolvido”. É fundamental reforçar que “o bullying é errado, não é justo e todos têm o direito de se sentirem seguros e respeitados”.
Ajude-o a defender-se
Já Tony Volk aconselha os pais a ensinarem os filhos a defenderem-se sozinhos. Mas, se isso não for suficiente, é preciso adotar outra estratégia. “Pedir à criança que diga ao agressor para parar fará com que ela se sinta ainda pior”, explica Cummings. “Se ela procurou o pai ou a mãe é porque o bullying se tornou intolerável e sente que já não pode resolver o problema sozinha”.
Façam programas juntos
Fazer um jogo do agrado da criança ou passear o seu animal de estimação, aproveitando para perguntar o que ela sente ou pensa, “fortalecerá o vínculo entre pais e filhos, e isso ajudará a aumentar sua autoestima”, assegura Cummings.
Estimule o seu desenvolvimento
“Aproveite os interesses do seu filho, inscrevendo-o numa equipa de futebol, num workshop de artes ou em alguma atividade criativa”. Joanne Cummings diz que é importante “proporcionar à criança um lugar seguro para criar relações positivas com outras crianças e ter a oportunidade de desenvolver o seu talento”. Lembre-se de que “a autoestima genuína vem do desenvolvimento de habilidades e competências que são percebidas e validadas por pessoas importantes”.
Fale com os professores
É importante denunciar o bullying à escola. Mas não só. Os professores também podem ajudar na construção da autoestima da criança. “Peça ao professor para estimular o seu filho a conhecer e a trabalhar com colegas, e assim desenvolver relacionamentos saudáveis”, sugere Cummings. “Para uma criança que está a ser intimidada, ter um amigo pode reduzir – e muito – os riscos de vir a sofrer de problemas de saúde mental, nomeadamente de ansiedade ou depressão”, explica Volk. A intervenção de um professor ou outro adulto também ajuda a diminuir o risco de quebrar, para sempre, a confiança em si própria.
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