A escolha de uma praia galardoada com a bandeira azul é uma garantia da “boa qualidade” da areia, refere um dos responsáveis pelo Projeto de Monitorização de Qualidade Microbiológica das Areias.
As praias monitorizadas pertencem ao programa bandeira azul pelo que obedecem já a determinados critérios sendo consideradas de “boa qualidade, para a maioria dos parâmetros analisados”, explicou João Brandão, segundo o qual a entrega de amostras para este projeto foi voluntária.
A boa qualidade das praias, reflecte-se nos resultados do projeto de monitorização das areias que apresentam “ausência completa de fungos e bactérias usados como indicadores na análise”.
Por esta razão, João Brandão aconselha os banhistas a “não irem para praias selvagens que não tenham qualquer tipo de conservação ou manutenção”.
Considerando que “os concessionários já fazem muito bom trabalho quando tentam obedecer aos critérios necessários para a atribuição de uma bandeira azul”, este responsável não deixou de lançar alguns alertas para que a boa qualidade da areia seja garantida.
Para o investigador, “a recolha de lixo é extremamente importante” para evitar que durante a noite os animais – como roedores, que são portadores de fungos que fazem infeções na pele e nas unhas, ou cães vadios – circulem na praia “à procura de comida”.
“A limpeza deve ser feita no final do período de utilização da praia. Ao princípio da noite. Precisamente para que seja feita a recolha do lixo e não fique nada que os animais possam consumir durante a noite”, explicou.
Segundo João Brandão, “os próprios utentes podem preocupar-se com o estado em que deixam a própria praia como utilizadores” e “evitar tempos de exposição prolongados com areias em que não haja controlo”.
“Uma coisa que acontece muito frequentemente é nós estarmos a comer qualquer coisa que seja biodegradável, como fruta, e não termos qualquer tipo de preocupação em deixar para trás. Estamos a deixar no fundo matéria orgânica para ser consumida por bactérias, por fungos e por animais que lá passam. Não estamos a ajudar na limpeza das praias”, indicou.
O investigador considera também fundamental “evitar praias sobrelotadas”, porque “muitas pessoas têm infeções nas unhas e nos pés de que não se apercebem ou com as quais não se preocupam, mas que no fundo estão a contaminar as praias onde estão”.
João Brandão defendeu que “filtrar a areia para a recolha de lixo abandonado” é uma ação positiva, mas que “revolver a areia, não é uma boa ideia”. “À superfície muitos micro-organismos morrem. Não suportam a radiação ultravioleta e o calor. Mas mais para baixo vivem felizes da vida. Quando vamos revolver a areia estamos a trazer à superfície aquilo que está resistente por baixo”, assinalou.
Lembrando que em muitas praias é possível conhecer-se a qualidade da areia, devido à exposição dos resultados das análises ao público, João Brandão considerou igualmente muito positivas as campanhas de sensibilização.
Segundo João Brandão, as maiores probabilidades de contaminação nas areias é poderem causar infeções de pele, alergias ou outras infeções superficiais.
O investigador indicou que não existem “dados reais sobre a contaminação direta de areias para pessoas”, principalmente pelo facto das infeções de pele “só se manifestarem um a três meses depois”.
Este projeto, promovido pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), pela Agência Portuguesa do Ambiente e pela Associação Bandeira Azul da Europa, durou quatro anos e visou monitorizar a qualidade de areias em zonas balneares e recomendar a análise como critério para a atribuição do galardão internacionalmente.
O trabalho de investigação iniciou-se em 2000 com o objetivo de determinar metodologias, indicadores e valores para indicadores que posteriormente serviram de base para o projeto de monitorização que vigorou entre 2006 e 2010.