Os resultados foram apresentados em conferência de imprensa pelo vereador da Câmara Municipal de Lisboa e Comissário Municipal de Combate ao Desperdício Alimentar, João Gonçalves Pereira (CDS-PP), que no final do mês termina a sua missão de juntar em rede as entidades que combatem o desperdício alimentar em Lisboa.

“Terminámos aqui um trabalho que iniciamos em maio de 2014 e um trabalho esse que permite, com as nossas instituições na cidade de Lisboa, resgatar qualquer coisa como cinco milhões de refeições que, se não tivessem sido recuperadas, tinham como destino o lixo”, afirmou o comissário, realçando que o combate ao desperdício alimentar não começou com o comissariado, mas este permitiu que as instituições que trabalhavam na área começassem a trabalhar em rede.

Este foi o último relatório de atividades do Comissariado, que será extinto, mas que ainda organizará a 26 de junho, em Lisboa, a conferência internacional "Local Food Security and Nutrition Strategies" sobre o combate ao desperdício, coorganizada em parceria com a FAO/Nações Unidas.

Reconhecido como exemplo pela ONU

Aliás, de acordo com João Gonçalves Pereira, este plano de Lisboa “é reconhecido pelas próprias Nações Unidas, através da FAO, como um excelente exemplo a nível mundial, porque é a primeira cidade do mundo que tem uma rede social solidária que cobre toda uma cidade”. “Temos cerca de 114 entidades que estão neste comissariado [nas 24 freguesias], o que permite uma malha por toda a cidade que funciona de forma organizada, coisa que não acontecia em 2014. Isso movimenta cerca de 7 mil voluntários na cidade de Lisboa”, especificou, salientando que são apoiadas 6.500 famílias.

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“O objetivo aqui é tentar reduzir este número, porque a rede alimentar também tem de ser vista como uma forma de atingir outros objetivos, designadamente em matéria de respostas sociais. Através da refeição e através desta rede alimentar é possível sinalizar junto de um determinado indivíduo ou junto de determinada família qual é o problema que esta família ou esta pessoa tem (…) e, portanto, sinalizando o problema nós podemos encontrar a resposta”, acrescentou.

João Afonso, o vereador dos direitos sociais, salientou que o plano continua a fazer sentido “porque, apesar da melhoria económica, da melhoria da situação de emprego, da recuperação de um conjunto de programas de apoio social que se tem vido a verificar (…) isto não significa que a situação na cidade de Lisboa e a nível também do país estejam resolvidas”.

O combate ao desperdício alimentar faz parte da agenda do Governo e Nuno Manana, da Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA), realçou que esta comissão tem feito um diagnóstico da situação de desperdício alimentar a nível nacional e deverá apresentar até ao verão um plano nacional de combate ao desperdício alimentar.

Isabel Jonet, presidente do Banco Alimentar Contra a Fome (BA), destacou que “só no concelho de Lisboa são distribuídas através da rede refeições a 11.384 pessoas e cabazes a 14.481 pessoas”. “Aqui em Lisboa distribuímos [o Banco Alimentar] 40 toneladas de alimentos todos os dias”, salientou.

Além das freguesias e do BA, a rede contra o desperdício reúne instituições como a Refood, a Comunidade Vida e Paz e a CASA – Centro de Apoio aos Sem-Abrigo, a igreja católica e outras confissões religiosas, a ASAE, associações de restauração e de distribuição alimentar.