Hoje em dia, os processos reprodutivos continuam, muitos deles, a não ser levados a bom porto. Em cada cem gravidezes, ocorrem dez abortos; um a dois por cento das gravidezes tardias termina em morte perinatal; 22 por cento das situações de fecundação acabam por não ter continuidade. Baseados em estudos, os números são indicados por Inês Pina Cabral, autora de um capítulo dedicado ao tema da morte e o luto durante a gravidez e o puerpério no livro «Psicologia da Gravidez e da Parentalidade» (coordenação Isabel Leal).
«O significado do investimento que o casal faz durante a gravidez vai ser proporcional ao sofrimento que vão ter com a perda», esclarece Inês Pina Cabral, psicóloga clínica do Departamento de Pedopsiquiatria do Hospital de Dona Estefânia.
Segundo a profissional, por vezes é necessário o pai e a mãe solicitarem o apoio dos profissionais de saúde para conseguirem lidar com a perda de um bebé. Noutras situações nem sempre a experiência de uma perda é tão dolorosa, havendo casos clínicos em que as pessoas acabam por fazer o “luto” de uma forma natural.
Pedir apoio especializado
Fazer o “luto” da perda é muito importante. Normalmente o processo de luto pode ser organizado em três fases distintas:
Fase de protesto – Corresponde ao início do processo de luto e pode durar de poucas horas a vários dias. Caracteriza-se pelos imediatos e invasivos sentimentos de choque, apatia, incredulidade e negação.
Fase de desorganização – Há uma progressiva tomada de consciência da perda. É um período em que as emoções começam a tornar-se explicitamente dolorosas, sendo acompanhadas por sentimentos de tristeza e profundo sofrimento.
Fase de reorganização – A pessoa em luto vai, lentamente, reinvestindo o seu interesse pelo mundo. As memórias dolorosas vão tornando-se menos frequentes, dando lugar a recordações mais positivas. Iniciam-se novas actividades e dá-se espaço a novas relações, podendo ser retomadas relações anteriores.
Perante a dificuldade de fazer o “luto”, a recomendação de Inês Pina Cabral é que a mãe ou o pai ou ambos solicitem o apoio especializado.
Texto: Ana Margarida Marques
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