Não julgue que é demasiado cedo. É aos seis meses que surge o primeiro dente e é também nesta altura que a rotina de higiene se começa a impor.

A limpeza deve ser feita com uma compressa ou gaze húmida, sendo a escova usada após os dois anos, nunca antes. 

Se a criança já tiver alguma autonomia, poderá usá-la a partir de um ano de idade, sem dentífrico ou com uma fórmula apropriada, mas sempre com a sua ajuda e sob a sua supervisão. Incentive o seu filho, desde cedo, a escovar os dentes.

 

Até aos cinco ou seis anos, devem ser os pais a fazer a escovagem. Depois a criança deve ser sempre supervisionada até aos 10 ou 12 anos. A criança deve fazer três escovagens por dia (dois a três minutos cada), sendo as da manhã e da noite as mais importantes. Cada uma deve terminar com a limpeza da língua.

Os aliados de uma boa higiene oral

Opte por uma escova pequena de cerdas macias e um dentífrico específico para esta fase, cujo menor teor em flúor reduz o risco de intoxicação. O facto de o sabor ser demasiado agradável e de não haver supervisão, pode levar a criança a ingerir o dentífrico que, portanto, idealmente, não deveria ter sabor. O elixir e o fio dentário surgem assim que a maturidade da criança o permitir e sempre com supervisão do adulto. Não descure esta sua tarefa. 

Maus hábitos

Usar a chupeta até tarde pode deixar sequelas. O ideal seria que a criança não a usasse. Ainda assim, até os dois anos esse hábito não é muito prejudicial, já que os danos podem ser corrigidos e a dentição volta ao normal. Após essa idade não deverá ser usada. Aí convém avaliar se a criança substitui esse hábito por outro (chuchar no dedo ou na língua) que pode gerar problemas ainda maiores.

 

O pior inimigo dos dentes são os alimentos ricos em açúcar, mas o leite também pode fazer estragos se for dado à criança ao deitar, após a última escovagem. Assegure-se que a criança tem os dentes bem limpos antes de dormir e sempre que possível inclua os doces na refeição ou dê-os preferencialmente em casa para a sensibilizar para a escovagem, logo depois. Se tiver este hábito a incidência de cárie diminui. Seguir uma dieta rica em cálcio, fósforo e vitamina D são outras regras a seguir.

A primeira consulta

Segundo a American Academy of Pediatric Dentistry, a primeira visita ao médico dentista deve ocorrer aos seis meses, mas é a partir dos dois anos que se podem avaliar eventuais problemas.

Esta primeira consulta deverá incluir uma radiografia panorâmica, a observação clínica e uma conversa sobre os cuidados a ter em termos de alimentação e higiene.

Se a criança não apresentar cáries, a consulta deve repetir-se a cada seis meses.

As melhores formas de prevenir doenças orais

Várias técnicas da medicina dentária oferecem proteção extra. Destaca-se o selante que, como uma capa protetora, sela as fissuras do dente, liberta flúor e reduz a percentagem de cáries. Aplica-se em dentes definitivos (molares e pré-molares) assim que nascem. A técnica, indicada após os seis anos, pode durar mais de um ano e requer consultas de vigilância. Outra medida é a administração de flúor, que se deve realizar até aos 18 anos, duas vezes por ano. Já a toma de flúor em comprimido não é recomendada, pelo risco de intoxicação. Existem ainda testes de saliva para avaliar a percentagem de bactérias, em crianças com incidência de cárie.

Tratar e corrigir

É muito importante tratar os dentes de leite quando há uma cárie, pois poderá causar uma inflamação ou afetar os dentes definitivos que vão nascer. Nesta fase são feitas restaurações e, caso haja extração, há o cuidado de manter o espaço na arcada, importante para uma boa oclusão mais tarde. Os aparelhos fixos são colocados quando a quase totalidade dos dentes definitivos está presente, aos 12 ou 13 anos. Se a dentição é mista os aparelhos funcionais amovíveis são uma boa opção.

Bicho-papão


Leve o seu filho ao dentista sem medos seguindo estas dicas:

- Transmita uma imagem positiva do dentista
- Controle a sua ansiedade e evite relatar más experiências
- Nunca omita ou minta sobre uma ida ao dentista
- No consultório, siga as indicações do médico
- Deixe o especialista esclarecer as questões da criança
- Leve o seu filho ao dentista semestralmente

Texto: Manuela Vasconcelos com João Duarte (odontopediatra)