Vitaminas, ómega 3, ferro, cálcio, probióticos... Quantos produtos não prometem oferecer nutrientes fundamentais para a saúde do seu filho? Se por um lado há interesse da indústria de deixar tudo «super», existe uma tendência, tanto de alguns produtores quanto do consumidor, contrária a tudo isto, de procurar uma alimentação mais natural. Sim, tais produtos são caros, mas os enriquecidos também não são baratos quando comparados aos normais. Será que vale a pena comprar?

 

Os médicos veem com receio o uso indiscriminado dos alimentos enriquecidos e é consenso que se a criança tem uma alimentação variada, não são necessários. «Estes produtos enriquecidos não devem substituir os naturais como fonte de nutrientes. Além do benefício adicional que prometem, também são ricos em gorduras, açúcares, calorias e sódio. O consumo excessivo pode causar problemas futuros, como obesidade e diabetes», afirma Ana Carvalhas, nutricionista. Mas o que fazer se o iogurte preferido do seu filho é a versão «hipervitaminada»? Não faz mal dar-lhe um iogurte destes até três vezes por semana, mas a partir dos quatro anos, quando o organismo dele tem maturidade para absorver esses nutrientes.

 

Os alimentos enriquecidos são indicados apenas quando a criança não consome a quantidade recomendada de algum nutriente. Em alguns casos, a recomendação é tão alta, como com o cálcio e o ferro, que, se a alimentação não for muito bem planeada, o défice aparece. Mas é preciso clarificar que só vale a pena gastar dinheiro se o pediatra indicar.

 

O Sapo Crescer fez uma seleção dos nutrientes que estão mais presentes nas embalagens destes alimentos e mostra-lhe tudo o que precisa saber sobre eles.

 

Prebióticos e probióticos

O que são: o prebiótico é o «alimento» do probiótico – são as fibras não absorvidas no intestino delgado que resistiram à acidez do estômago. Os probióticos são micro-organismos vivos que, no intestino grosso, alteram a composição de uma parede formada por bactérias para protegê-lo.

Onde se encontram: os prebióticos estão no leite materno, em alimentos naturais (como cebola e banana) e no leite em pó. Os probióticos estão no leite materno e em alguns iogurtes e leites fermentados – esta informação pode ser encontrada na embalagem do produto.

Benefícios: os prebióticos estimulam o crescimento das bifidobactérias (um tipo de probiótico), que inibem a multiplicação de bactérias nocivas no intestino. Facilitam a produção de substâncias capazes de aumentar a absorção de cálcio, diminuir a absorção do «mau» colesterol (LDL) e ajudar na manutenção da flora intestinal, prevenindo a diarreia. Os probióticos são divididos em espécies diferentes e cada uma tem um benefício distinto. Se seu filho tem prisão de ventre, o pediatra também pode indicar o consumo diário de um produto com probiótico – e iso não vai fazer com que o intestino da criança desaprenda a trabalhar sem essa «ajuda».

 

Cálcio

O que é: um nutriente mineral proveniente das rochas que ficam no solo e na água. Quando um animal come erva, por exemplo, retém o cálcio ali presente.

Onde se encontra: no leite e derivados e também em frutas (como o damasco), no feijão e em verduras (como os espinafres). No mercado, pães e bebidas de soja têm cálcio (veja na embalagem).

Benefícios: é importantíssimo para a formação óssea. Por isso, seu filho precisa de consumir muito cálcio todos os dias. Uma criança de 4 anos, por exemplo, precisa de 900 mg/dia, presente em dois copos de 250 ml de leite inteiro, uma fatia de queijo flamengo e numa colher de sopa de couve. Se o seu filho tem alergia ao leite, aproveite os benefícios dos alimentos enriquecidos.

Ferro

O que é: um mineral, como o cálcio.

Onde sem encontra: na carne e na gema de ovo. Feijão, folhas verde-escuras e beterraba, por exemplo, são fontes do mineral, mas precisam da ajuda da vitamina C, presente em frutas cítricas, para ser absorvido melhor. Está em iogurtes e biscoitos enriquecidos.

Benefícios: atua na fabricação de glóbulos vermelhos do sangue e no transporte do oxigénio. Se o seu filho não gosta de carne ou de verduras, os alimentos enriquecidos em ferro ajudam a alcançar a recomendação diária (10 mg/dia). Um bife de 100 g contém cerca de 3 mg de ferro; espinafre cru, 2 mg; e o fígado bovino, 6 mg.

 

Ómega 3

O que é: um tipo de ácido gordo – gordura benéfica para o nosso organismo, não produzida naturalmente.

Onde se encontra: as maiores fontes são os peixes de água fria, como sardinha e salmão. Mas também está na soja, nas castanhas e no óleo de canola. No mercado, ovos e até azeite têm ómega 3.

Benefícios: inúmeras pesquisas já mostraram que ajuda no controlo da pressão arterial, melhora o funcionamento das atividades cerebrais e diminui os níveis de triglicéridos. Para atingir a necessidade semanal, basta comer três porções de peixe por semana. Caso o seu filho não coma pescado nessa quantidade, fale com o pediatra. Pode valer a pena comprar ovos com ómega 3.

 

Vitaminas

O que são: nutrientes essenciais para o funcionamento do metabolismo. A maioria não é produzida pelo organismo.

Onde se encontram: frutas, verduras com folhas verde-escuras e carne, além de uma infinidade de produtos (vem escrito na embalagem).

Benefícios: cada uma é usada de uma maneira pelo organismo. A vitamina A, presente na cenoura e no tomate, produz retinol, que ajuda a ver bem, por exemplo. O corpo humano é capaz de armazenar esta e outras vitaminas até um ano, no fígado. Outras, no entanto, precisam ser fornecidas com frequência, como a B12, encontrada na carne e no peixe, que mantém as células do sangue saudáveis. Se o seu filho não tem uma alimentação variada, os vitaminados podem funcionar como complemento, desde que com recomendação médica.

 

Zinco

O que é: considerado um micronutriente, é um mineral encontrado em alimentos e em pouca concentração no nosso organismo (acumula-se no fígado, no pâncreas e nos rins).

Onde se encontra: em carne bovina, principalmente no fígado; na fruta, como o ananás, abacaxi e banana; nos grãos integrais; no chocolate (por causa do cacau).

Benefícios: é indispensável para formar algumas enzimas, como as do intestino, e ajuda no desenvolvimento do aparelho reprodutor (feminino e masculino) e das glândulas endócrinas, que regulam as hormonas. A falta deste micronutriente pode causar atrasos no crescimento, problemas de pele, dificuldade de cicatrização etc. Se o seu filho não come de tudo, ofereça carne bovina, camarão, feijão, espinafre, soja, abacaxi e maçã, que são dos alimentos mais ricos no nutriente. Com eles, vai ser fácil alcançar o consumo ideal.