Há sempre uma saga a decorrer cá em casa. Por vezes até temos mais do que uma ao mesmo tempo. Já tivemos a saga do colchão (assunto ainda não resolvido), a da almofada (temporariamente resolvido), mais recentemente a da água (nem queiram saber) e nestes últimos dias, a saga dos cremes.
Talvez por terem os dois pele atópica, desde sempre que conviveram com a colocação de creme na pele. Creme para isto, pomada para aquilo, loção para a perna, mais creme para o eczema, pomada nova para o outro eczema que não sai, e até creme amaciador para os caracóis do Tomás. O creme e derivados são usados amplamente cá em casa, e talvez devido à sua textura ou ao modo de aplicação que relembra uma leve massagem, o uso do creme é apreciado pelos dois.
O João já distingue os vários cremes, mas acredita que a sua utilização é algo de milagroso. Um pouco por culpa minha e por imposição da dermatologista, o leque de cremes e afins usado pelo João é na realidade extenso e de uso diário. O que fez com que ele criasse uma certa afinidade com os cremes e até talvez uma má interpretação do seu uso. Tem um arranhão, há que pôr creme (qual, não sei), fez uma feridinha, só passa com creme (qualquer creme), tem o dedo vermelho, vamos lá pôr creme (aleatório).
Já o Tomás considera que tudo o que se pode espalhar e que seja um pouco gorduroso é de facto creme, independentemente da sua embalagem, do seu cheiro, ou do local de armazenamento. Apercebi-me desta questão quando o vi a provar o Halibut. Pelos vistos apreciou o seu paladar, pois com todas as embalagens de creme, a sua perdição é prová-los a todos.
Após várias insistências minhas, perdeu este hábito e adotou um novo. O de espalhar tudo o que ele considera ser creme. Mais recentemente descobriu que afinal o iogurte Suissinho era, de facto, uma variante de creme, e poderia ser espalhado nas suas pernas, como se de hidratante se tratasse. Esta descoberta foi feita enquanto estava sentado na sua cadeirinha, dentro do carro, em viagem.
Após a óbvia exclamação da minha parte e do pai, após termos tentado limpo tudo o melhor que se pôde com a ajuda das toalhitas, ficou o cheiro intenso dentro do veículo, e umas pernocas gordas bastante gordurosas. Para os interessados, os Suissinhos afinal não têm efeitos hidrantes.
Marta Andrade Maia
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