A nossa pele fica mais seca durante os meses de inverno e para isto contribuem vários fatores, sendo os mais importantes as temperaturas frias e a baixa humidade do ar. As áreas mais afetadas pela Xerose (pele seca) são as áreas corporais mais descobertas, como as mãos, a região distal das pernas e tornozelos, assim como o rosto, com especial importância no caso dos lábios e das pálpebras, pela anatomia especial da pele de ambas zonas.
Nas crianças e nos idosos, as temperaturas baixas do inverno têm maiores repercussões na pele isto porque a barreira cutânea é prematura ou tem alterações degenerativas fruto do envelhecimento. Já na menopausa também há alterações da barreira hidrolipídica que levam a uma maior prevalência de Xerose, sobretudo nos meses de inverno. Nos pacientes com Dermatite atópica, Psoríase e Dermatite seborreica existe um maior risco de agravamento das suas patologias nesta altura do ano.
A pele seca está, em muitos casos, associada a prurido (comichão). Em casos mais extremos a xerose pode a levar ao desenvolvimento de eczema com vermelhidão e descamação, assim como prurido intenso, que estão associados a uma limitação da qualidade de vida. Na presença destes sinais e sintomas é importante procurar a ajuda de um dermatologista.
Pelos motivos anteriormente mencionados todos devemos adotar cuidados especiais com a pele durante o inverno, especialmente as pessoas pertencentes aos grupos de risco mencionados. Aqui ficam dez dicas essenciais.
1. Adotar medidas gerais, como uso de vestuário adequado às baixas temperaturas, ingestão suficiente de líquidos e uma alimentação saudável, rica em ácidos gordos essenciais e antioxidantes (frutas, legumes, leguminosas, frutos secos, entre outros).
2. Evitar banhos de imersão, privilegiando duches rápidos (inferiores a 5-10 minutos), com água tépida, utilizando produtos com pH neutro e que apresentem substâncias que respeitem e reforcem a barreira cutânea na sua composição.
3. Utilizar diariamente emolientes corporais. No caso de peles normais podem ser usadas texturas leves, como loções e cremes. No caso de pele secas a muito secas deve ser dada preferência a emolientes com texturas mais ricas, como cremes ou bálsamos, de preferência com substâncias ativas como ceramidas, ácido hialurónico e ureia. Estes ajudam na manutenção e reparação da barreira lipídica, na hidratação eficaz e prolongada da pele, podendo aliviar o prurido nos casos em que ele esteja presente. Esfoliar cuidadosamente uma vez por semana para remover pele seca e morta pode ser uma medida útil para aumentar a eficácia do emoliente.
4. Ter especiais cuidados com o rosto, dado que é uma das regiões mais expostas aos efeitos das temperaturas baixas nesta altura do ano. Fazer uma limpeza do rosto suave, com produtos que, mais uma vez, respeitem a barreira cutânea. O uso diário de creme hidratante é de especial importância e deve ser aplicado de manhã e à noite. A sua escolha deve ter em conta a idade, o tipo de pele e a presença de eventuais patologias. Nas peles oleosas e com tendência acneica deve ser dada preferência a séruns, loções ou cremes de texturas mais leves e oil-free.
5. Aplicar o emoliente em pele húmida vai aumentar a sua penetração e eficácia e pode ser uma medida muito útil no caso de peles secas a muito secas, tanto no corpo como no rosto. No rosto, o emoliente pode ser aplicado após a uma bruma (por exemplo a água termal). Esta tendência de skincare é denominada como “mist layering”. Esta técnica não deve ser utilizada com substâncias como os retinoides, ácido salicílico ou glicólico, visto que a sua maior penetração na barreira cutânea pode causar irritação da pele. No corpo, o creme hidratante poderá ser aplicado imediatamente após o duche, com a pele ainda ligeiramente húmida.
6. Utilizar antioxidantes na rotina de skincare da manhã, como por exemplo as vitaminas C e E, o ácido ferrúlico ou resveradrol. Os antioxidantes ajudam a nossa pele defender-se do stress oxidativo causado pela radiação ultravioleta (UV) e pela poluição outdoor e indoor. Esta última é maior durante os meses de inverno.
7. Usar protetor solar diário, também no inverno, com proteção contra a radiação UVB e UVA. Apesar dos menores níveis de radiação UVB que existe nesta época do ano, a UVA penetra as nuvens e o vidro no carro e em casa junto a uma janela, mesmo em dias nublados, podendo ter efeitos na pele como o aumento do risco do cancro cutâneo, envelhecimento da pele e problemas de hiperpigmentação (manchas).
8. Aplicar diariamente creme hidratante de mãos e usar luvas, por esta ser uma das regiões do nosso corpo mais vulnerável aos efeitos das temperaturas baixas.
9. Dar especial importância aos cuidados com lábios e pálpebras, nomeadamente a utilização frequente de um bálsamo labial e creme de olhos. Não esquecer também a fotoproteção.
10. Aproveitar os meses de outono/inverno para a realização de procedimentos estéticos, nomeadamente peelings, tratamentos com laser, radiofrequência, microneedling, etc. Devido à menor exposição solar, esta é a melhor altura do ano para começar a incorporar na rotina de skincare substâncias como o retinol, ácido glicólico, peptídeos, entre outros.
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