Depois de ter vivido um ano de 2024 desafiante devido à saúde do filho Benjamim, que esteve internado no hospital e precisou de se submeter a um transplante de fígado, Pedro Chagas Freitas escreveu uma carta a 2025.
"Livrai, primeiro, quem eu amo. Livrai o meu filho, que tanto penou no último ano, do peso de voltar ao internamento no hospital. Que a recuperação dele seja pacífica, longe de corredores frios, de máquinas que apitam, de olhares preocupados. Que ele possa, enfim, viver um dia sem perguntas, sem receios, sem aquele medo que nunca desaparece de todo. Livrai-o de camas de metal e de noites sem sono. Que o único cansaço dele seja de correr, de brincar, de viver", começou por dizer o escritor na publicação que fez nas redes sociais esta terça-feira, dia 31 de dezembro.
"Livrai os que eu amo de qualquer dor que os prenda ao passado, de qualquer sombra que insista em voltar. Livrai-os de consultas e agulhas, de exames e diagnósticos, para que possam respirar sem o peso do 'e se?'. Se ainda houver espaço, livrai-me dos outros", acrescentou.
"Livrai-me dos ressabiados que trazem no peito o rancor como se fosse medalha. Dos infelizes que espalham infelicidade como vírus. Dos frustrados que magoam para que a própria dor pareça menor. Dos que confundem vingança com justiça, grito com razão, ataque com coragem. Livrai-me dos perfeitos, dos que têm a certeza de tudo, dos que nunca erram ou erraram, dos que não perdoam os erros nos outros. Dos que acreditam que empatia é fraqueza, que bondade é fraqueza, que ser humano é fraqueza", continuo.
"Livrai-me da doença, do corpo que trai, da mente que cede, das mãos que tremem, do medo que paralisa. Livrai-me dos dias em que viver parece um preço demasiado alto a pagar. Não quero mais. Não preciso de alegrias exuberantes, de conquistas brilhantes, de grandes novidades. Quero apenas o silêncio das coisas que não doem. Quero o sossego de um dia que não me arranque pedaços. Quero o luxo de passar despercebido à tragédia", escreveu.
"Livrai-me de tudo isso. O resto deixo por minha conta. Deixo por minha conta o amor, o sorriso — e a falha também, que sou pessoa e nunca vou deixar de falhar. Deixo por minha conta a vida, se não a atrapalharem. Se há paz em ser feliz, há também paz em simplesmente não sofrer. Essa já seria o maior milagre", completou.
De recordar que no ano de 2024, o escritor também chorou a morte do pai.
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