"2024 foi uma merda: perdi o meu pai (o meu companheiro de viagem, de viagens, fizemos milhares de quilómetros juntos e não sei como voltarei à estrada sem voltar a ele); o meu filho ficou muito doente; vivi meses num hospital, sem saber como aguentar o que sentia, o que me triturava, olhos nos olhos dos meus demónios mais profundos, dos meus fantasmas mais medonhos", foi desta forma que Pedro Chagas Freitas deu início a um profundo e inspirador desabafo.
"2024 foi uma merda; mas nenhum ano foi tão decisivo para saber quem sou. Mais ainda: para saber quem quero ser. Ainda mais: para saber quem não quero ser", continuou.
O escritor viveu uma dolorosa experiência com o filho. Benjamim foi submetido a um transplante de fígado, em junho, depois de ter sido diagnosticado, aos três meses de idade, com deficiência de alfa-1antitripsina.
"A dor maior, absoluta, a que não temos como evitar que nos consuma, é a sabedoria primordial: o regresso ao começo. Sei limpidamente a porcaria que fiz, quem magoei, como magoei; não mais a farei. Sei perfeitamente o que fiz bem; e farei tudo para o fazer cada vez mais, cada vez melhor. Sei absolutamente que pessoa quero ser, que caminhos quero percorrer, que caminhos jamais voltarei a conhecer. Vou continuar a errar; Deus me livre das pessoas perfeitas. Mas não voltarei a falhar no que percebi, no meio da tempestade, que não poderia ser o que eu sou, o que eu quero ser; o que, sei-o agora, consigo ser", declarou ainda na sua mensagem.
"Não desejo a ninguém, ninguém mesmo, o que vivi. O ódio, foi outra das coisas que aprendi, é uma tolice sem igual; fazer o mal a que nos fez mal é o mal gratuito; nada justifica fazer o mal, nada, nada. Mas desejo a toda a gente que, de uma maneira ou de outra, consigam chegar a este tipo de visão de si mesmos. É de pessoas que conseguem ver-se bem que se faz um mundo melhor. Boa sorte a todos nós", completou.
© Reprodução Instagram - Pedro Chagas Freitas
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