Farmácias Portuguesas
É apresentadora de televisão, autora do blogue “Oficina Poeiras” sobre decoração, pinta e também canta. Tem mais algum talento escondido?
Leonor Poeiras (L.P.) - Não sei se são talentos, mas lá que sou uma pessoa comunicativa… sou! Gosto muito de fazer várias coisas, não quer dizer é que as faça bem… [risos] Mas atrevo-me a fazê-las.
É uma mulher de sete (ou mais) ofícios…
L.P. - Todos nós temos muitas áreas de interesse e eu não sou excepção. Por exemplo, uma outra área de que gosto é a agricultura. Não sou especial, mas vou atrás das coisas de que gosto. Isso acontece naturalmente na minha vida.
E onde cultiva?
L.P. - No Alentejo, claro. Em particular no Baixo Alentejo. Lá nada se mexe e isso é essencial para o meu bem-estar físico e mental.
Estreou-se na TVI em 2003, na informação, no “Diário da Manhã”. Como explica o êxito?
L.P. - Honestamente, não gosto de olhar para mim como alguém que teve êxito ou sucesso. Acho que, acima de tudo, sou competente enquanto comunicadora. Tenho algumas inseguranças na minha vida, mas nunca as tive como profissional. Quando estou a trabalhar estou de consciência tranquila, dou tudo o que tenho.
Trabalhar em televisão era um sonho de vida?
L.P. - Não, de todo. É curioso que me faça essa pergunta porque, quando era pequena, tive um ano ou dois da minha vida em que queria ser farmacêutica.
E porque é que tinha esse desejo?
L.P. - Sempre adorei farmácias! Adorava em particular as antigas, sobretudo por causa do cheiro. Pode soar estranho, mas adoro o cheiro a éter. Durante um ano e meio, equacionei e perguntei-me se seria capaz de ultrapassar a Matemática e a Química… Percebi que não e desisti desse sonho. Também quis ser escultora, mas pelos mesmos motivos não segui Belas Artes.
Quando é que descobriu que o futuro passaria pela comunicação?
L.P. - Como sempre fui uma pessoa acelerada e de falar muito, decidi aprimorar essa faceta. Foi já na faculdade que percebi que tinha de seguir televisão. Duvidava que me dariam trabalho num jornal quando tinha colegas que escreviam muito melhor do que eu [risos]. Já nas apresentações orais…
O que acontecia?
L.P. - Aí sim, estoirava! Muitas vezes tinha nota 18, acabei com uma média final de curso simpática. Foi aí que ficou tudo decidido.
Caracteriza-se pelo sorriso solto. Sorrir é um trunfo que tem para vencer na TV e na… vida?
L.P. - Sim, sem dúvida. Mas, atenção, o meu sorriso é genuíno. Acredito que um sorriso pode transformar a mood [disposição] de alguém que me está a ver. A Clarice Lispector, uma escritora brasileira, tem uma frase que é: “O amor é a salvação para tudo na vida”. E, de facto, ninguém fica pior se der amor.
De quem herdou a boa-disposição e a vontade de viver?
L.P. - A minha casa era muito barulhenta, sete ao todo, cinco filhos. Herdei da família esta vontade de viver. Eu e a minha mãe sempre fomos muito ligadas e havia nela um lado emocional que nos fez dar valor a coisas pequenas e querer continuar.
E a veia comunicativa?
L.P. - Essa é minha. Lá em casa somos todos extrovertidos, mas eu sou-o de forma mais histérica e barulhenta. O facto de ter nascido tardiamente fez com que não me ligassem tanto como a um primeiro ou segundo filho – o que é natural. Vem tudo da necessidade de ser ouvida. É interessante, não é? Só o descobri já em adulta porque investiguei.
Investigou?
L.P. - Sim, sou fascinada por autoconhecimento! Comecei por ler umas coisas… e mais tarde, em 2010, comecei a fazer psicanálise. Não quero resolver problemas, quero é conhecer-me. Quero encontrar as ferramentas para lidar com o que sou. Não quero ser melhor, mas quero que o que sou faça os outros felizes. E a mim também.
Encontrou no autoconhecimento uma via para ter mais saúde?
L.P. - Com certeza. Sou uma pessoa hipersensível e é muito difícil ser-se assim. Já não sou uma criança, mas tenho muito essa criança emocional dentro de mim. Vibro imenso com as alegrias e as coisas tristes derrubam-me.
Acabámos de lhe identificar uma outra aptidão…
L.P. - Qual?
Inteligência emocional…
L.P. - Diz-se que será o futuro, não é? É muito importante para a saúde estarmos bem fisicamente e psiquicamente.
Aos 37 anos está com uma imagem invejável. Que cuidados tem para manter a boa forma física?
L.P. - Ter sido mãe influenciou-me muito. Fumava e agora só o faço pontualmente. Sou super preguiçosa e ter um cão fez com que começasse a fazer caminhadas. Ando entre 4 a 5 km por dia. Já não é mau! Gosto muito de estar no campo, pois nado e ando quilómetros de bicicleta.
E quanto à alimentação?
L.P. - Cozinho muito ao vapor, e sou “obe-ce-ca-da” com sopas! Metade da minha alimentação é líquida. Isto é, faço muitos sumos, chás, sopas, caldos.
Qual a sua relação com os cuidados de saúde? É uma utente vigilante?
L.P. - Sou seguida em várias especialidades com alguma regularidade. Terminei, recentemente, de fazer exames relativos à saúde da mulher. Acredito na prevenção. Acima de tudo, sou muito pragmática e, infelizmente, estou preparada para o pior.
Quer explicar?
L.P. - Não vivo no mundo da lua a achar que os males só acontecem aos outros. Vivemos numa altura em que uma ou duas pessoas tem ou vai ter um cancro [bate na sola do sapato, feita de madeira, para afastar a má sorte]. Estou preparada para o que vier.
É mãe de um rapaz, António, de 10 anos. Como é a vossa relação?
L.P. - Não sei muito defini-la. Não tenho essa distância, mistura-se em mim. [foca o olhar num ponto da sala, evitando emocionar-se]. A nossa relação é muito boa e próxima. Respeito-o e confio nele desde que é pequenininho.
Gostava de ter mais filhos? É apenas um sonho? Ou um objectivo a realizar?
L.P. - Gostava, sim. Vamos ver…
No blogue “Oficina Poeiras” divulga o conceito ‘faça você mesmo’. Tem muitos amigos a pedir-lhe dicas?
L.P. - Não são muitos, mas… são alguns [risos]! Há sempre coisas lá por casa, há sempre quem me peça para usar a oficina para fazer uma coisa ou outra.
Quais são os grandes desejos para 2018?
L.P. - O meu maior desejo para o novo ano é que o meu sonho alentejano se ponha de pé. Estou há cerca de dez anos à espera que se realize.
Costuma fazer um balanço do ano anterior? Projectar mudanças?
L.P. - Esses pensamentos passam-me pela cabeça, mas não sou nada de festejar o Ano Novo. É raro, odeio coisas impostas. Não preciso do Ano Novo para fazer balanços. Não quero ser melhor pessoa para o ano. Quero sê-lo amanhã.
Texto de Irina Fernandes
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