Está a gostar do projecto?
Tem sido perfeito! Estamos na terceira semana e vamos estar em estúdio até finais de Julho.
Pode revelar mais sobre a sua personagem?
A minha personagem chama-se Luís Botelho e é um médico que esteve em acções humanitárias durante imenso tempo. É aquilo que chamam de Médico sem Fronteiras que veio para Portugal para a clínica do pai, um grande administrador. Ele vai contra os projectos que o pai tem para esta clínica. Em conjunto com a Madalena Pires, a personagem interpretada pela Lúcia Moniz, vai tentar salvar a clínica.
Tal como o papel em "Perfeito Coração", este é também um grande desafio?
Até agora não posso queixar-me dos papéis que tenho feito. Esta é mais uma personagem que vai de encontro daquilo que sempre quis, que é especificar pela diferença. É um grande desafio porque todo ele é uma pessoa bastante serena. Não tem picos de tensão mas sim de adrenalina consoante o momento que lhe é exigido para fazer alguma coisa: salvar alguém, fazer um parto natural e de repente mudar para cesariana. Ele assume tudo isto com uma perfeita calma mas com adrenalina nos olhos. O desafio passa por aí. Conter esta expressividade que costumo aplicar nas minhas personagens.
O que é que esta série vai acrescentar ao panorama televisivo português?
Para já é quase inédito. Apesar de ser feita uma adaptação, é completamente pioneiro no nosso país. Ainda não vi uma série dedicada às maternidades. Há que dar os parabéns à RTP porque está a ter esta vaga de projectos de qualidade, diferentes do que se faz noutros canais. Estávamos a precisar destas séries. Os actores em Portugal têm necessidade de fazer bons projectos televisivos.
O facto de ser pai inspirou-o para o papel?
As experiências na nossa vida acabam por ser aplicadas em certas situações e no caso de um actor isso não foge à regra. A experiência de vida de um actor ajuda nas interpretações das suas personagens. O facto de ser pai elucida-me em alguns momentos.
Então este projecto chegou no momento certo?
Sim, veio numa boa altura. A minha personagem é um obstreta e a função dele acaba quando o bebé nasce. Ser pai ajuda-me sem dúvida mas tive que falar com vários profissionais da área para ganhar umas luzes mais técnicas de como fazer este papel.
Nessa preparação assistiu a algum parto?
Não consegui porque ainda estou com a peça de teatro no Porto. Não tive tempo mas quero fazê-lo assim que der. Estas duas semanas tenho feito todos os dias as viagens Lisboa/Porto. O que consegui, com a ajuda da produção, foi ir a maternidades falar com médicos e enfermeiras para perceber o seu trabalho. Aqui, quando temos cenas mais específicas, temos cá enfermeiras e técnicos que trabalham com os equipamentos que existem na clínica. Depois a Sandra Faleiro, a nossa directora de actores, tem sido incansável ao preocupar-se com a veracidade da vida.
Assistiu ao parto do seu bebé?
Sim mas não ajuda nada. Ajudou a perceber como é que os profissionais trabalham na hora do parto. Mas ali estava como ser humano e estava a ver nascer o meu filho. A emoção é muito grande. Ainda olhei para os médicos a pensar se um dia faria uma personagem daquelas mas aquele momento é meu e não do meu trabalho.
Já teve contacto com recém-nascidos?
Simulámos dois partos com bebés que tinham menos de um mês. A emoção é muito forte nessa altura e o objectivo é não passar essa emoção. Confesso que é muito difícil.
E as saudades da família?
Assim que terminar a peça no Porto venho passar uma temporada a Lisboa. Dedico-me a cem por cento a tudo aquilo que faço e esta série deixa-me feliz e motivado. Vou dar mais do que tenho dado.
Tem estado afastado do seu filho. Quando está com ele nota que está a crescer?
Como qualquer outro bebé. Ele está óptimo.
Vai conseguir ter férias?
Não sei porque já surgiram alguns convites. Só não sei o que vou escolher. Graças a Deus não me tem faltado trabalho. Para um actor as férias são forçadas. Dizem que é mentira quando os actores dizem que têm projectos mas não está nas nossas mãos divulgar o que reserva o futuro. Primeiro, porque ainda não escolheu. Segundo, porque há pessoas que nos pedem para não revelar. E terceiro, porque há uma concorrência entre produtos e canais de televisão.  Se tiver férias é porque não tenho trabalho.