Recentemente, Manuel Luís Goucha fez uma publicação no seu blogue, na qual expressava a sua indignação perante o atual sistema de saúde público em Portugal. Na mesma podia-se ler o seguinte:

"Enquanto secretário de Estado adjunto de Paulo Macedo este senhor teve a desfaçatez de achar que estava tudo bem nas urgências dos hospitais públicos, quando o caos e a desumanidade destes serviços foram denunciados numa reportagem da TVI. Não esqueço caras nem nomes. Como entender que seja agora o novo Ministro da Saúde? Só mesmo num governo com os dias contados!", afirmava.

Ora, este fim de semana Manuel voltou a fazer mais uma publicação, como forma de resposta a todos aqueles que o criticaram e que o acusaram de ser um privilegiado, que apenas recorre a serviços privados.

“Já estou como o outro, não tiro nem uma vírgula ao que disse. E o que fiz foi apenas estranhar a nomeação de alguém que enquanto secretário de estado da saúde havia mostrado, perante as câmaras de televisão, manifesta insensibilidade (...)”, começa por frisar o apresentador.

"Sim, sou dos que têm seguro de saúde e que podem recorrer a um hospital privado, mas desde quando isso me impede de manifestar a minha opinião, com conhecimento e clareza, sobre o que está mal no Serviço Nacional de Saúde, pago também com os meus impostos? Ou pensam, porventura, que nunca entrei nas urgências de um hospital público? Não é o Serviço Nacional de Saúde que está em causa, aliás tenho-o com preciosa e intocável conquista da democracia, mas sim uma política de cortes orçamentais e de medidas economicistas que não são compatíveis com uma prática que se quer humanizada e eficaz. Não sejamos hipócritas: este ano morreram pessoas nas urgências hospitalares sem que durante horas tivessem tido a mínima assistência médica. (...)?", continuou.

"Se há coisa de que não padeço é de ter memória curta! Opinei pelos que não podem recorrer ao privado e têm o mesmo direito que eu de serem cuidados com eficácia e humanidade. Pelos vistos houve quem não entendesse e enviesasse as minhas palavras. Problema deles... Digo e redigo: não compreendo como alguém que, confrontado com factos e imagens deploráveis, diz, com sobranceria, que tudo está e funciona bem nas urgências em Portugal e é elevado à condição de ministro! A não ser que seja pelo facto do Governo que ontem tomou posse estar careca de saber que dentro de duas semanas já não o será", acrescentou.

"Já agora, que fique claro, para quantos acharam que opinei 'ao serviço' do PS: votei na coligação PAF (há muito que me posiciono ao centro e pena tenho que o PSD se tenha, entretanto, colado à Direita, quando não é essa a sua matriz), mas isso não faz com que eu tenha de concordar com todas as medidas tomadas pelos partidos da coligação, ao mesmo tempo que tenha de diabolizar tudo quanto venha dos que estão à Esquerda. Gosto de pensar pela minha cabeça e muito pouco de facciosismos. Na política, ou seja no que for, não há 'vacas sagradas'. Talvez seja isto ser democrata", termina.