A canção que representa o Chipre no Festival da Eurovisão da Canção de 2021, em Roterdão, nos Países Baixos, em maio, está a ser alvo de forte contestação. Um manifestante, que ameaçava incendiar a estação de televisão cipriota CyBC, responsável pelo processo de seleção de "El diablo", interpretado pela cantora grega Elena Tsagrinou foi preso em Nicósia, capital do país. Depois de várias organizações religiosas, foi a vez do Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa do Chipre pedir ao governo cipriota para intervir.

"A canção, essencialmente, elogia a submissão fatalista dos humanos à autoridade do Diabo, promovendo a nossa rendição ao Diabo e a sua adoração", critica o organismo. "De qualquer ângulo que escolhamos olhar e quaisquer que sejam as explicações dadas sobre a letra da canção, esta não envia as mensagens que devem ser enviadas, as de uma pátria semi-ocupada que luta pela liberdade para evitar a sua completa subjugação", considera o coletivo de bispos que integra o Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa do Chipre.

"A cantiga conta a história de uma rapariga que se vê numa relação tóxica, com alguém que é mau como o Diabo. Retrata a eterna luta entre o bem e o mal, a procura de liberdade de alguém que, num estado de paranoia, tem de lidar com manifestações do síndrome de Estocolmo. Mas, no fim, a verdade vence", referiu já publicamente a CyBC. O governo cipriota, solicitado a intervir, já se demarcou da polémica. "Respeitamos qualquer opinião do santo sínodo ou daqueles que discordam do título da canção", frisa.

"Ao mesmo tempo, porém, respeitamos integralmente a liberdade intelectual e artística de criação, que não pode ser mal interpretada ou restringida pelo título de uma canção e que não deve ter dimensões desnecessárias", considera. Um dos autores do tema interpretado pela cantora, atriz e apresentadora de televisão grega de 26 anos, que pode ver de seguida, é Jimmy Joker, um compositor que já trabalhou com artistas internacionais como Jennifer Lopez, Akon, Pitbull, Nicole Scherzinger e Nicki Minaj.