Foi no bairro onde cresceu, em Chelas, que teve o primeiro contacto com a música. Mais tarde, quis cumprir o desejo da avó Zélia e tornar-se cantor profissional. Era ainda um menino quando perdeu as suas referências, a mãe e a avó. Perdas irreparáveis, que viriam a mudar a sua vida mas nunca o seu maior sonho.
A música apaziguou a dor, o trabalho nas obras para ajudar o pai a criar os irmãos reavivou a vontade, e o esforço fez o sonho tornar-se real. Após 11 anos de carreira, Leandro é uma referência na música romântica em Portugal.
Em entrevista ao Notícias ao Minuto, o cantor conta-nos aquela que é a sua verdadeira história.
Aos 33 anos conta já com mais de 11 anos de carreira, a música é agora a sua vida, mas quando é que esta paixão começou a despertar?
Tirando o profissional tenho muitos anos como amador. Comecei a cantar tinha 11 anos. Fui tendo algumas oportunidades que na atura surgiram pela parte da minha avó, que era fadista amadora e me levava às casas de fado e a participar em algumas galas. O gosto mesmo já foi em adolescente, tinha os meus 16/17 anos, aí é que comecei a sonhar em ser um profissional da música.
Foi um bairro que me ensinou bastante. Chelas faz parte da minha vida No bairro social onde cresceu, em Chelas, conseguia encontrar espaço para ter contacto com a música?
Os bairros sociais são muito agradáveis para este tipo de coisas. Aliás, Chelas é daqueles bairros que até tem muito sucesso com artistas, futebolistas e até bons advogados. Acho que os bairros trazem esse lado, quando os miúdos se juntam, há um que toca guitarra, outro que toca bateria com uns baldes. No nosso caso, fomos criando ali um nucleozinho entre nós.
No bairro onde eu vivia havia muitas pessoas de etnia cigana e havia grandes guitarristas ciganos. Com eles criávamos momentos muito engraçados, fui crescendo nesse meio e esse meio também me ajudou muito naquilo que sou hoje.
Que importância teve no seu percurso crescer no bairro?
Importância total. É do berço que trazemos as nossas raízes. Foi um bairro que me ensinou bastante. Tenho uma forma de estar na vida muito normal, não sou exibicionista, não tenho aquela mania de que sou mais do que alguém... porque não sou, sou exatamente igual a toda a gente. É um bairro do qual ainda hoje não me desligo, tenho lá os meus amigos, a minha família. Chelas faz parte da minha vida e fará para sempre. Hoje com dois filhotes, faço questão de colocar o meu filho mais velho a brincar na rua em Chelas.
Tive de crescer muito rápido, deixei a escola para ir trabalhar e conseguir ajudar a criar os meus irmãos Já nos disse que a avó Zélia foi a grande responsável pelo seu início na música, ser cantor foi também o realizar do sonho dela?
Foi, sem dúvida. Ela sempre sonhou um dia ser cantora profissional, depois passou-me essa tarefa e aquilo que eu vivo hoje foi aquilo que ela sempre quis viver. O facto de eu ser um artista profissional e de ter o estatuto que tenho na música, muito tem a ver com ela. A minha avó ensinou-me muito e deu-me muita experiência, isso diferenciou-me logo quando apareci. É raro em Portugal existir um artista com 11 anos de carreira que já tenha feito sete Coliseus, Altice Arena, tenha mais de 300 mil cópias vendidas e milhares de visualizações no YouTube. Tem a ver com aquilo que ela me ensinou e com aquilo que eu consigo passar quando canto as minhas canções.
Ainda muito novo, na adolescência, sofreu duas grandes perdas: a sua avó e a sua mãe. Na altura em que ambas morreram já sonhava ser cantor?
Já, na altura já partilhava alguns palcos. Tinha algumas coisas feitas, mas estava acomodado. Era muito novo, tinha tudo, no fundo estava a viver a infância normal de uma criança. Depois de elas falecerem, aí, sim, despertou o meu lado mais adulto. Devia ter vivido mais a infância e não vivi. Tive de crescer muito depressa, deixei a escola para ir trabalhar e conseguir ajudar a criar os meus irmãos. Não estou arrependido de maneira alguma, faria o mesmo, até porque isso acabou por despertar a minha vontade de ser músico.
A minha mãe fez nascer o meu segundo filho no dia dos anos dela e deu-me a resposta. Sempre lhe pedi para me dar a resposta de que me tinha perdoado Nessa fase difícil tive de começar a trabalhar, esteve em vários ramos e até nas obras. O trabalho fora da música adormeceu o sonho de ser cantor?
Não ficou nada adormecido, acabou por despertar ainda mais. Aliás, despertou em toda a família que vivia lá em casa. O meu pai era guitarrista, o meu tio era baterista, o meu primo também estava ligado ao mercado do espetáculo, trabalhávamos para conseguirmos criar o nosso sustento. Comprámos uma aparelhagem, os microfones e começámos a fazer bailes. Era tudo em família, estava tudo ligado, e foi assim que começámos a ultrapassar um bocadinho a dor. Foi o ‘sonho-chave’. Se não tivéssemos a música a que nos agarrar, acho que a família se tinha despedaçado rapidamente. A minha mãe e a minha avó eram muito importantes para nós e ficarmos sem elas foi muito complicado. A música fez-nos seguir em frente.
Discutiu com a sua mãe e acabou por lhe dizer algumas palavras menos boas na noite em que ela morreu. Já conseguiu superar essa dor e sentir que ela o perdoou?
Foi muito complicado ultrapassar isso. Era muito jovem… era um menino. Foi uma fase menos boa na minha vida em que eu era muito rebelde, mas não era um rebelde de maldade, era um rebelde como hoje em dia é o meu filho. Naquela altura fui um autêntico parvo, mas depois com ajuda de todos os que estavam à minha volta acabei por perceber que não fiz por maldade. E a verdade é que quando pedi uma resposta à minha mãe, ela deu-me a resposta. A minha mãe fez nascer o meu segundo filho no dia dos anos dela, dia 21 de agosto, e deu-me a resposta. Sempre lhe pedi para me dar a resposta de que me tinha perdoado. O meu filho estava para nascer muito mais cedo, ela fez com que a minha mulher aguentasse até ao dia 21 de agosto para nascer no dia de aniversário dela. E em cada sorriso do meu filho, eu vejo o sorriso da minha mãe. Esta foi a melhor resposta que poderia ter tido.
Simplesmente quis livrar os meus irmãos de um pesadelo que não era deles. Trabalhei arduamente para conseguir juntar dinheiro e para pagar um bom advogado Depois da morte da sua mãe, os seus três irmãos foram institucionalizados. Foi o Leandro quem conseguiu mover os meios necessários para os tirar da instituição e impedir que fossem adotados. Nessa altura assumiu o papel de patriarca da família?
Sempre fui muito independente e responsável, tomei uma posição mais de decisões, que ainda hoje a tenho, porque eu sou daquelas pessoas que ou é ou não é. Houve ali umas situações menos boas entre a Segurança Social e o meu pai que fizeram com que os meus irmãos fossem parar a uma instituição. Simplesmente quis livrar os meus irmãos de um pesadelo que não era deles e que tinha a ver com uma situação delicada, que ainda hoje continuo a achar que foi uma tia, da parte da minha mãe, que criou. Trabalhei arduamente para conseguir juntar dinheiro e para conseguir pagar um bom advogado. Não me arrependo de nada do que fiz e agora tenho comigo as minhas crianças, para mim vão ser sempre crianças. Costumo dizer que tenho três filhos, chamo ao meu irmão de o meu mais velho – é o Jorge, tem 21 anos e foi criado por mim. Depois tenho a Zélia e a Andreia.
O que eu passei ajudou-me a ser o homem que sou, uma pessoa que gosta de ajudar, mas também muito calculista e direta. E o facto de ser muito direto pode não ajudar, mas eu sou mesmo assim.
Já sentiu que essa forma de estar o prejudicou?
Muito, mas eu não me importo. Não posso e não consigo ser uma pessoa que não sou. Prejudicou-me no programa ‘A Tua Cara Não Me é Estranha’, por exemplo. Mas eu sou assim, o que eu tenho a dizer digo na cara. As pessoas não estão habituadas a lidar com pessoas diretas, estão habituadas a ser enganadas.
(...) Estava a ser considerado o cantor Espacial pimba. Não tenho nada contra o pimba, mas estavam a rotular-me de algo que no fundo não é aquilo que eu canto Antes de falarmos no 'A Tua Cara Não Me é Estranha', temos de falar em dois outros programas em que o Leandro participou e que muitas pessoas não fazem ideia: 'A Grande Noite do Fado' e o programa 'Ídolos'.
'A Grande noite do Fado' foi com a minha avó, era um miúdo e não sabia o que era aquilo. O 'Ídolos' foi o meu pai que me inscreveu, já depois de a minha mãe ter falecido. Tinha quase 18 anos. Não me trouxe grandes vantagens na altura, os próprios jurados disseram que o programa não era para mim, disseram que eu iria seguir a carreira mas não ali. O Luís Jardim foi uma das pessoas que mais me apoiou e que me disse sempre que eu iria ser um grande cantor. Ainda há pouco tempo ele falou de mim e disse que internacionalmente, quando se fala num artista romântico, é o Leandro. E ele tem razão, tenho feito muitas coisas a nível internacional. Estou agora com uma digressão pelo Brasil.
Como é que se dá essa internacionalização da sua carreira?
Não faço ideia. A musica chega lá. A Internet é um meio de divulgação tão grande que as coisas acontecem. A música ‘Que Mal Te Fiz Eu’ chegou ao Brasil, entretanto foi regravada por mais de 500 duplas, na voz de Édson Lima e de Gustavo Lima fez o maior sucesso, foi a música mais tocada no Brasil. Entretanto chegaram a mim, ao original. A partir daí, fui convidado para cantar com o Édson Lima e com o Gustavo Lima e as coisas começaram a funcionar. Estive lá um ano a fazer promoção, este é o segundo que vou lá e já com alguns concertos a solo mas também com algumas participações em grandes festivais. Estou contente por saber que depois do passo que dei de sair da editora Espacial para criar o meu próprio espaço tenho vindo a abrir outras portas.
Ouvir Leandro numa RFM ou numa Rádio Comercial é impossível porque acham que é pimbaO que é que motivou essa decisão de sair da Espacial para criar a sua própria editora?
Tem a ver com a idade. A responsabilidade é outra, o querer é outro, e seres sempre manobrado por alguém não funciona. Há desejos e formas de pensar diferentes e depois de ter sido pai pela segunda vez deu-me o click, repensei a minha vida. Tomei a decisão de sair da editora simplesmente porque não me estava a fazer bem, tinha outros objetivos, outras formas de pensar, e não estávamos a chegar a acordo. E o facto de eu ter saído e de ter criado a L Production acabou por me dar outro rótulo, já estava a ser considerado o cantor Espacial pimba. Não tenho nada contra o pimba, acho que é um adjetivo que nós criámos, mas estavam a rotular-me de algo que no fundo não é aquilo que eu canto. Eu sou um cantor pop romântico. Quando se fala em música portuguesa romântica fala-se em Tony Carreira e Leandro.
Quando tomei a decisão de sair não estava nada à espera que quase toda a produção quisesse vir atrás de mim, neste momento estou praticamente com a mesma produção. Abri o meu escritório, o meu estúdio, abri outros negócios e está tudo a correr muito bem. Não tinha a noção de como era bom fazer este tipo de trabalho.
Existe esse rótulo de que os cantores românticos acabam por ser pimba?
Há esse lado, sim, o que é uma pena. Há pimba e pimba, temos grandes nomes da música popular portuguesa que são grandes vozes, se os metermos a cantar outras músicas eles cantam maravilhosamente bem. Mas sem dúvida que a nossa comunicação define isso de uma forma muito direta, ouvir Leandro numa RFM ou numa Rádio Comercial é impossível porque acham que é pimba. Já estou a conseguir abrir outro tipo de portas porque deixei de estar vinculado a uma editora que realmente tinha um leque de artistas mais populares, mas ainda há muito trabalho pela frente.
Ainda assim, hoje em dia ouvimos na rádio géneros musicais que há uns anos seriam impensáveis. Porque é que o mesmo não acontece com o género de música romântica que o Leandro canta?
Isto é um ciclo. A kizomba já passou de moda, veio o reggaeton, agora vamos começar a ouvir mais música brasileira. Isto é por modas, mas o fado e a música romântica nunca deixam de ter um estatuto. Quanto ao facto de não entrarem neste tipo de rádios mais elitistas, acho que é preconceito. Mas acredito que mais tarde ou mais cedo terá de mudar. Quando vamos ver números oficiais fica claro que a canção romântica portuguesa é a que mais vende. Às vezes vemos artistas a passar nas rádios nacionais que não são aqueles artistas que o povo consome, é um artista que é incutido de forma a entrar dentro da casa das pessoas quase de forma obrigatória. Tens de ouvir isto. Mas ainda há muitas rádios a passar música portuguesa, a Festival, RDS, Popular FM. E se nós ainda conseguimos manter-nos é porque o povo consome este tipo de música.
Deixei de usar aquele fato com aquela gravata. Agora sou mais eu. Durante muito tempo eu vesti uma personagem Sendo o Leandro um cantor romântico, grande parte do seu público é feminino. Certo?
É um público mais feminino sim, mas vou notando que os homens começaram a aparecer mais. Nos concertos eu vejo um público misto, vejo muita gente jovem. As pessoas acham que um cantor romântico tem um público mais velho, mas não. Há muita gente jovem.
O homem português é muito romântico, só que são aqueles românticos mais escondidos. Só ouvem no carro, só em casa, e não admitem que gostam. Mas acho que agora há mais gente jovem a admitir que gosta. E também o meu registo musical mudou um bocadinho.
E o que é que mudou no seu registo musical?
A atualidade. Atualizei-me. Agora tenho uma sonoridade muito mais pop, muito mais aquilo que se vende hoje em dia, e a escrita também é mais suave. No princípio da minha carreira foram muitas mensagens de dor - tinha a ver com a minha vida, havia muita mágoa. Agora, ultrapassada a mágoa, acabo por fazer uma escrita mais jovem, mais atual e com uma mensagem mais positiva. Não é um amor negativo, é um amor superado. E a forma de vestir também mudou, deixei de usar aquele fato com aquela gravata. Agora sou mais eu.
Abraçado ao menino tentei passar uma imagem de que estava tudo bem, mas quando virei costas desmanchei-me completamente. Chorava, tremia. Tive de atrasar o espetáculo 40 minutos, não estava bem Não era o verdadeiro Leandro quando aparecia com aquela imagem, com o fato de que fala?
Foi um bocadinho uma imagem idealizada. ‘Vamos fazer assim, que assim vai dar-te um ar mais velho’, pensaram na altura. Houve uma transição muito grande, muitas pessoas gostaram e outras não acharam grande piada. Até o facto de eu cortar o cabelo, foram grandes mudanças, repentinas, e as pessoas ficaram sem perceber o porquê. Acho que nos devemos libertar e sentir-nos bem com aquilo que realmente somos. Durante muito tempo eu vesti uma personagem, tive uma personagem vestida sempre, constantemente. Não podia sair daquela linha, estava sempre preocupado. Preocupado com a forma como estava comer, como estava a beber água... com tudo. Tudo era uma preocupação para mim. Isso estava a consumir-me e a mudança que fiz foi: agora, vou ser eu. Vou deixar de ser aquela personagem que criaram para mim e vou ser feliz. Estou mais feliz agora.
Recuando novamente aos fãs. Qual a maior loucura que as suas fãs já fizeram por si?
Eu chamo-lhe doideira. Apareceu uma fã numa sessão de autógrafos, no Colombo, que tinha uma tatuagem da minha cara nas costas. Ainda achei que aquilo era uma brincadeira, mas quando me apercebi que era a sério fiquei com algum receio. Foi complicado, notei que a pessoa não estava bem. Tornou-se obcecada por mim. Mas a verdade é que já apanhei umas quantas com tatuagens a dizer Leandro. Há fãs que são muito obsessivas, outras que são muito tranquilas. Há de tudo.
Temos de perceber que grande parte do meu público é feminino e eu estava a ser acusado de violência doméstica. Na altura foi uma bomba E momentos mais emotivos, há algum que o tenha tocado particularmente?
Houve uma situação em que eu fiquei completamente de rastos antes de o concerto começar. Foi no Norte, uma senhora que saltou as grades e veio ter comigo. Os seguranças pegaram nela e eu pedi-lhes que tivessem calma e deixassem ouvir o que ela tinha para dizer. A senhora queria dizer-me que o filho, que tinha cancro em fase terminal, estava ali para me ver. O maior sonho dele era conhecer-me, aquilo mexeu de uma forma comigo que quando vi a criança foi difícil acalmar-me. Abraçado ao menino tentei passar uma imagem de que estava tudo bem, mas quando virei costas desmanchei-me completamente. Chorava, tremia… tentavam acalmar-me, mas parecia que aquilo era comigo. Tive de atrasar o espetáculo 40 minutos, não estava bem. Quando cheguei ao palco pedi imensas desculpas e voltei a chorar, foi complicado para mim. Mas a criança recuperou. Ainda hoje falo com ele, por milagre recuperou e até hoje os pais não sabem o que aconteceu para ele recuperar.
Há alguns anos o Leandro esteve envolvido numa enorme polémica com a mãe do seu filho mais velho. Foi acusado de violência doméstica e chegou a fazer espetáculos com uma pulseira eletrónica, os fãs estiveram ao seu lado nessa fase delicada?
A pulseira não era por eu estar detido, era uma medida de coação para que se viesse a apurar a verdade. Temos de perceber que grande parte do meu público é feminino e eu estava a ser acusado de violência doméstica. É compreensível que as pessoas achassem que isso podia estar mesmo a acontecer. Na altura foi uma bomba. Para mim foi mais complicado ter de explicar às pessoas que não era verdade, que era apenas uma mulher que estava completamente descontrolada por ter perdido a vida que tinha. Eu não queria contar o porquê de a nossa relação ter acabado, que acabei por contar mais tarde no ‘Alta Definição’. Aproveitaram-se da minha imagem para vender, mas consegui em tribunal comprovar a minha inocência.
Ela jurou que me ia destruir a vida… e tentou fazê-lo, mas sem sucesso Depois de ter esclarecido tudo o que aconteceu, conseguiu trazer de volta os fãs que nessa altura preferiram afastar-se?
Nós não temos de trazer ninguém, as pessoas ou acreditam ou não acreditam. O que fiz foi na altura exata, e percebendo que o meu filho era uma criança ali e que mais tarde ou mais cedo ia começar a entender as coisas, contar ao grande público o que tinha acontecido. O que aconteceu foi que uma mulher que tinha uma vida super estável, super boa, por eu estar muito tempo fora de casa arranjou outra pessoa mas não quis acabar a relação comigo porque estava bem financeiramente. Eu apanhei a traição e depois com a revolta de ficar sem nada, porque tudo era meu, ela jurou que me ia destruir a vida… e tentou fazê-lo, mas sem sucesso.
Neste momento está tudo resolvido com a sua ex-companheira, Sury Cunha?
Está tudo sanado. Qualquer coisa que precise de ser tratada é com o meu advogado. O meu filho também já tem sete anos, tem uma ligação muito forte comigo e com a mãe também, não vou mentir, e as coisas estão tranquilas e controladas. Cada um tem a sua vida.
Toda esta situação fez de si uma pessoa com maior dificuldade em conseguir confiar nas pessoas?
É bem mais difícil confiar nas pessoas. Tudo o que me aconteceu na vida não devia ter acontecido. Por aquilo que já tinha feito a muita gente, acho que não merecia. Isso leva-me agora a ser desconfiado até com a minha própria sombra. A vida fez-me ser assim e por mais que eu queira mudar acho que não vou conseguir.
O Leandro tem uma relação de grande cumplicidade com o seu filho mais velho, o Simão.
Tenho uma ligação muito forte com ambos.
Sim, mas o Simão, também por ser mais velho e o Diego ainda um bebé, é quem o acompanha para todo o lado.
O mais velho é o meu braço direito. O Simão gosta muito deste meio e faz questão de estar presente sempre. Ele é muito agarrado a mim, muito mesmo, então onde o pai vai ele quer estar. Fui eu que o criei e sempre tivemos uma ligação muito próxima, vinha dos concertos para lhe dar de mamar.
Não fui contratado para cantar, fui contratado para estar ali a brincar. Na altura o contrato dizia mesmo que eu não podia cantarE o gosto pelo meio artístico já o leva a querer cantar como o pai?
Já, já. Ele vibra com a música. Já cantou comigo, que foi algo estranho para mim. Não estava preparado para aquilo e quando o vejo a cantar pela primeira vez as minhas pernas tremiam. O Diego é um bebezinho, mas acho que ele vai sair mais para o lado da mãe [risos].
Olhando para trás e depois de toda a polémica que envolveu a sua participação no programa 'A Tua Cara Não Me é Estranha', da TVI, o Leandro voltaria a participar?
Voltaria a participar e voltaria a fazer tudo igual. Não fui contratado para cantar, fui contratado para estar ali a brincar. Na altura o contrato dizia mesmo que eu não podia cantar. Sempre alertei que tinha 11 anos de um perfil de Leandro, uma voz difícil de se imitar e de eu conseguir imitar alguém. Aquilo que me foi dito foi que queriam o grande público que o Leandro tinha e não propriamente o artista. Como é óbvio nenhum artista sai de um programa de televisão como eu saí sem estar salvaguardado pelo contrato.
Avisei diversas vezes a comunicação da TVI e cheguei à gala em que achei que deveria sair e saí. Já estava a trazer problemas para dentro de minha casa, as pessoas estavam a ficar demasiado irritadas, a minha mulher estava grávida, quase a ter o bebé, e não estava achar piada nenhuma ao que se estava a passar. Aquilo foi uma dita vingança da Rita Pereira, mas que eu não deixei passar em branco. Mas também não foi nada demais, o programa não ficou prejudicado por causa de mim. Foi um programa que não correu bem, mas teve a ver com outras situações e não propriamente com a polémica que houve. Isso até trouxe um 'boom' ao programa, as fracas audiências não tiveram nada a ver com esta situação.
Falemos agora da música 'Desassossego'. Por que motivo é que este novo single tem um significado tão especial?
Esta música descreve a minha história, o amor que eu tinha pela minha avó. E acaba por haver uma grande mudança na minha vida, na minha carreira, e o desassossego é por causa disso também. Vamos lá ver se agora eu tenho paz. O desassossego fala daquilo que é o Leandro hoje em dia. É engraçado que o videoclipe, todo ele, é com membros da minha família, tem os meus filhos, tem a minha sogra e transmite muito amor. É uma homenagem à minha avó e o momento exato para lançar esta música só poderia ser ao fim de 11 anos de carreira e destas grandes mudanças radicais.
E o que está a achar o público deste novo single?
A canção está a ter um grande sucesso, está a ficar no ouvido do grande público. Há aqui uma grande evolução na minha carreira que este 'Desassossego' trouxe e que acho que é para continuar.
E depois deste single, o que mais podem esperar os fãs para o futuro?
Temos uma digressão pela frente, internacional e nacional. Continuamos aqui na luta e vamos trabalhar single a single. Há novos temas que já estão no forno. No fundo, é dar continuidade ao trabalho feito até aqui mas agora com o meu cunho e com a minha forma de pensar e de estar na vida. Podem esperar a partir daqui um Leandro mais original, não tão forçado.
Quais os sonhos que enquanto artista estão ainda por concretizar?
Já pisei muitas salas, gostava de regressar a essas muitas salas, continuar a ter o público maravilhoso que tenho e, o mais importante, poder continuar a viver este sonho. Isto é um sonho e se acordarmos as coisas podem ser diferentes, por isso eu só quero que me deixem continuar a dormir.
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