Jornalista desde 1991, Clara de Sousa tem um vasto currículo, e muito variado. Já fez rádio, reportagens, locução e montagens, hoje em dia é muitas vezes requisitada para emissões eleitorais, entrevistas e debates, foi a única portuguesa que já conseguiu o feito de ter sido pivô nos três canais, SIC, RTP e TVI. Tem um clube de fãs e foi das poucas jornalistas a ser membro do júri de um programa musical, na “Família Superstar”. Clara, que já foi considerada pelos leitores de um jornal como a Mulher Mais Sexy do país, é mãe de Manuel e Maria. Filha de pai transmontano e de uma cozinheira que lhe passou tudo o que sabe na cozinha, para ela uma paixão, também passada ao papel num livro de receitas (A Minha Cozinha), que está a ter muito sucesso. Aos 45 anos, continua a gostar de cantar, de cozinhar, de praticar desporto e de apresentar as notícias do dia, sempre de bem com a vida. A Revista INSIGHTS falou com a jornalista, para saber mais da mulher que está por trás da profissional.

É-lhe difícil conciliar a carreira de jornalista com o papel de mãe e a paixão pela cozinha?

Por vezes é difícil, sobretudo quando há mais pressão do lado profissional e me sobra pouco tempo para gerir tudo o resto. Mas há dias melhores e dias piores e vou gerindo, na medida do possível.

Ainda arranja tempo para praticar desporto... acha fundamental manter sempre mente sã em corpo são, fazer ginástica ajuda?

Para mim é fundamental porque o faço por razões de saúde. Não é mero exercício físico para me manter em boa forma física, é mesmo por razões clínicas. E assim junto o útil ao agradável. Para isso tenho um PT (personal trainer) que é meu médico osteopata e que me acompanha há vários anos, fazendo os treinos adequados às minhas necessidades e contornando algumas das minhas incapacidades. Isso é fundamental, porque sem acompanhamento muitas vezes fazemos exercícios de ginásio que são iguais para toda a gente, alguns deles totalmente desaconselhados, ou não temos as posturas corretas quando os fazemos. Para mim é fundamental fazer cardio, treino de força moderado e alongamentos. Tudo sob o olhar atento de um profissional.

A sua mãe teve um papel crucial na sua vida, ensinou-a a cozinhar com apenas nove anos. Ainda hoje guarda, recorda e pratica esses conselhos e “ensinamentos”?

Idealmente esse será o papel de qualquer mãe. Criar, educar, amar. Há muitas formas de o fazer, há umas mais exigentes do que outras. A minha mãe passou-me um conjunto importante de princípios e valores, só pelo seu exemplo de vida, e desde cedo incutiu-me a noção de responsabilidade. Era uma mãe que exigia a minha participação nas tarefas do dia a dia, tanto na cozinha como na organização da casa. Isso fez-me crescer e tornou-me mais forte, mais responsável, mais exigente comigo própria e mais multifacetada.

E aos filhos, ensinou precocemente o B a Bá da culinária. Eles são bons cozinheiros?
Por sinal, não, mas a minha filha gosta de participar, de vez em quando, na confeção de alguns pratos. Ela tem um gosto especial nisso. O meu filho gosta da comida no prato. Fazer, nem pensar.

Há alimentos mais saudáveis que outros... Pensa nisso quando confeciona as receitas, privilegia uns em detrimento de outros?

Tenho alguma dificuldade, sobretudo com o meu filho, que não é apreciador de legumes. Acredito que com a passagem dos anos venha a gostar de coisas que hoje abomina. Comigo aconteceu o mesmo. O palato também se apura com a idade.

Acredita em ingredientes afrodisíacos, como ostras, vinho, chocolate, malaguetas... ou acha que isso é um mito?
Não dou grande relevância a isso. Há alimentos que nos relaxam mais sem dúvida, o vinho tinto, o chocolate. Quanto ao picante, consta que sim, mas muito francamente, eu não uso picante. Acho que “abafa” o sabor dos alimentos.

Qual é o prato preferido da Clara?

Eu gosto de tanta coisa que não consigo escolher apenas um. Praticamente eliminei as carnes vermelhas da minha alimentação. Como sobretudo peixe, carne branca e vegetais. Dou preferência à massa e arroz em detrimento da batata. Adoro leguminosas como a fava, o feijão ou o grão, mas prefiro comê-las sem acompanhamentos, a não ser um pouco de azeite, cebola ou salsa/coentros. É como me sabem melhor.

E gosta que cozinhem para si? Acha que é sempre um ato de amor?

Gosto muito que cozinhem para mim, apesar de ser exigente. Por regra, os pratos temperados de amor são feitos por quem nos está mais perto, mães, avós, tias, sogras, cozinheiras de mão-cheia. No feminino, era a regra. Mas agora, cada vez mais, os homens estão a revelar-se excelentes cozinheiros. Acho ótimo.

Como escolheu as receitas que publicou no seu livro, “A minha Cozinha”? Pensou nos tempos de crise, também ensina a reaproveitar, “reciclar” a comida?

Eu quis fazer um livro com as receitas que me eram familiares, partilhadas pela mãe, por outros membros da família, pelos amigos, aquelas receitas que funcionam sempre bem. Receitas com história, muitas delas vindas de outros tempos, de outras crises. Mas no essencial, a crise não foi a minha preocupação; apenas receitas simples, boas, com aqueles ingredientes que por regra temos na despensa.

Bem-estar físico e emocional

É uma mulher muito preocupada com a imagem, é vaidosa?

Sou uma mulher sobretudo preocupada com o meu bem-estar físico e emocional. Não me maquilho a não ser em trabalho e visto-me com o básico que me faz sentir confortável. Se me sentir bem, sei que estou bem.

As terapias complementares, alternativas, fazem parte da sua vida?

Além dos meus tratamentos osteopáticos e o ginásio, não me sobra muito tempo para fazer outras terapias com regularidade.

Já fez Reiki, Acupunctura, Shiatsu, Reflexologia, alguma terapia do género, se sim como se sentiu, crê trazerem benefícios?

Fiz Reiki uma vez, Shiatsu uma vez, Reflexologia uma vez. Gostei de todos. A arte do toque é mágica se estivermos nas mãos certas.

Se a Clara não fosse jornalista, poderia ter sido professora, cozinheira ou outra coisa qualquer?

Talvez, mas a vida não é feita de ses... é o que é. E sou jornalista, nada mais. Tudo o resto são hobbies que servem precisamente para descomprimir das exigências da profissão.

Que mensagem deixa aos leitores para que possam ser ainda mais bonitos e mais saudáveis?
Para se manterem saudáveis abandonem a vida sedentária e mexam-se, caminhem, andem de bicicleta, subam escadas, é fundamental para não ficarem “ferrugentos” e exercitarem todos os músculos, inclusive o do coração. Leiam muito, façam exercícios de memória, é fundamental para manter um cérebro ativo. Tenham uma alimentação equilibrada, cometam excessos, sim, mas pontualmente, não todos os dias. Evitem apanhar muito sol, algum é necessário, mas não se deixem a torrar na praia. Grande parte das pessoas da minha idade que conheço têm uma pele mais envelhecida por causa do excesso de sol.

Há muitas mensagens como esta que poderia deixar. Tudo isso será ainda melhor se cuidarem, antes de mais, do vosso interior. Alimentem as boas emoções e minimizem as más, que nem sempre são importantes. Encontrem o vosso poder especial, aquele que é único em cada um de vós, puxem pela vossa força e auto-confiança, elas estão lá para ser testadas regularmente, às vezes nos períodos de maiores dificuldades. Cuidem do essencial, e deixem de parte o acessório. Estejam em paz.

«PARA MIM É FUNDAMENTAL FAZER CARDIO, TREINO DE FORÇA MODERADO E ALONGAMENTOS…»

Texto
Ana Paula Almeida

Fotografia

João Paulo Wadhoomall

Revista Insights