Reservou o primeiro dia após o final das gravações da telenovela «Santa Bárbara», de que é protagonista e que continua em exibição no pequeno ecrã, para uma entrevista com a revista Prevenir. Aos 30 anos, a atriz que se descreve como «exigente consigo mesma» partilhou hábitos de vida saudável e aquilo que aprendeu desde que foi viver para Nova Iorque, nos EUA, para onde regressou após a participação na trama que conta a história de uma mineira que foge e regressa, seis anos depois, para ajustar contas com o passado.
Contou numa entrevista que, em Nova Iorque, ouviu vários nãos quando procurava trabalho. Em que medida isso a ajudou a crescer enquanto pessoa e profissional?
O não faz-nos sempre crescer, seja quando nos é dito ou quando somos nós a dizê-lo. É o não que nos permite descobrir que somos perseverantes, capazes de nos reinventarmos, de pensar «Isto não resultou assim, tenho de mudar de estratégia». Leva-nos a ver o que fizemos bem ou mal e a aprender com os erros. Outras vezes, permite-nos perceber que não temos de mudar nada e que, simplesmente, não era suposto fazermos aquele trabalho.
Que estratégias a ajudaram a não desistir?
Escrevia o que se estava a passar e o que sentia. Criei dois blogues. Era terapêutico, permitia-me raciocinar e perceber que havia saídas e que existia um lado positivo. Também o facto de as pessoas comentarem o que eu escrevia fazia com que me sentisse apoiada. E não deixava que a ansiedade se instalasse. Distraía-me e não me isolava. Ia ao cinema, tinha aulas de teatro, via exposições…
Quais são os aspetos mais positivos de sairmos da nossa zona de conforto?
Há coisas sobre ti, como a perseverança, que só descobres quando sais da tua zona de conforto e te pões à prova. Antes de ir para os EUA, eu era feliz, mas agora tenho uma visão mais profunda do que sou, do que é a vida e do que quero. Isto aconteceu porque enfrentei as coisas, porque tive momentos maus, mas também momentos bons.
Em que medida voltar a ser protagonista de uma novela mudou a sua rotina?
Mudou tudo. Ter um trabalho regular é muito diferente de estar à procura do próximo trabalho. Significa sentir menos ansiedade, mas fisicamente é mais duro. Se estou 12 horas em estúdio, saio de casa às 07h30. São muitas cenas e tem de haver uma grande dose de concentração. À noite, tenho de estudar e preparar as cenas do dia seguinte.
Atualmente, tem tempo para fazer exercício?
Em Nova Iorque, cheguei a treinar seis dias por semana. Fazia aulas, kickboxing… Gosto de ir variando as modalidades. Quando estou a gravar, tento ir duas vezes por semana. Não é só uma questão de cuidar da silhueta. Se falho, o meu corpo começa a ressentir-se. Sinto dores nas costas... Ultimamente, tenho feito exercícios aeróbicos, orientada por um personal trainer.
Também já participou em corridas nos EUA…
É uma longa história… [risos] Inscreveram-me, sem eu querer, numa corrida de oito quilómetros do dia de Portugal. Eu nunca tinha corrido. Na altura, fazia kickboxing e fui treinar para a corrida. Não gostei do treino, mas adorei a corrida. Consegui fazer os oito quilómetros e diverti-me.
Depois, inscrevi-me numa corrida de dez quilómetros, comecei a treinar sozinha e a ganhar gosto. Consegui completá-la. Ultimamente, com as gravações da novela, até para evitar lesões, não tenho corrido grandes distâncias.
Veja na página seguinte: Os cuidados que Benedita Pereira tem com a alimentação
O que mais gosta na corrida?
Funciona como uma espécie de meditação e gosto do facto de nos levar a estabelecer e a superar objetivos. Acho graça à luta que estimula entre o corpo e a mente para ultrapassarmos barreiras. É até um pouco metafórico em relação à vida…
Que conselhos pode dar a quem quer começar a correr?
Começar devagarinho, não querer correr logo grandes distâncias. O corpo não está habituado e correr envolve muito impacto. Temos, principalmente, de saber ouvi-lo e é importante ir estabelecendo objetivos, senão deixa de ter graça.
Tem cuidados com a sua alimentação?
Não posso comer tudo o que quero, mas também não sou extremista e não me martirizo se, por exemplo, como um bom jantar. Nesse caso, tento compensar e, nos dias seguintes, não abuso. Em minha casa, há sempre alimentos saudáveis. As asneiras à mesa acontecem fora dela.
Que hábitos saudáveis levou de Portugal para os EUA?
Não abdicava da receita de sopa de legumes da minha mãe, mas nos EUA também descobri hábitos saudáveis. Foi lá que aprendi a fazer sumos com vegetais e fruta, ricos em vitaminas. E um personal trainer ensinou-me a fazer do pequeno-almoço uma refeição mais completa (com vegetais, hidratos de carbono, proteínas e gordura saudável), a comer um bom almoço e ir reduzindo as doses, ao longo do dia. Incentivava-me também a fazer um diário alimentar que depois lia para me dizer o que estava a fazer bem e o que tinha de mudar.
É complicado evitar a fast-food, tão presente na dieta norte-americana?
Tenho a vantagem de resistir sem sacrifício à fast food e Nova Iorque não é como outras cidades dos EUA. Há uma preocupação crescente com a comida saudável, além de ser uma cidade onde se anda muito a pé.
Terminaram as gravações da novela. Que outros projetos a esperam agora?
Volto a Nova Iorque para a pilot season, altura em que há muitas audições. Depois, regresso a Portugal para, em abril/maio [de 2016], participar na peça «O Homem».
Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Carlos Ramos (fotografia)
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