Vai fazer 42 anos. Mede 1,75 metros e pesa 60 quilos. Filha de um escultor e de uma professora primária, nasceu a 21 de abril de 1973 em Sá da Bandeira, em Angola. Em criança, viveu em São João da Madeira, terra natal da mãe, até a família se mudar para Lisboa. Estreou-se na TVI como repórter e pivot de informação mas foi o entretenimento, na SIC, que lhe deu fama. O final dramático dos seus dois casamentos, com Pedro Miguel Ramos e Manuel Manuel Carrilho, acabou exposto nas páginas de revistas e jornais mas, em nome da tranquilidade dos dois filhos, tem procurado manter a calma e a serenidade que sempre a caracterizou.
Já apresentou programas tão diferentes como a cerimónia de entrega dos Globos de Ouro, magazines culturais, concursos, telejornais, reality shows…
A diversidade é o ar que eu respiro no meu trabalho. Trabalhar em televisão é viver numa constante surpresa porque surgem projetos tão diferentes como talent ou reality shows. Tenho como princípio estar envolvida no que estou a fazer. Tenho de gostar e de me entregar porque é um trabalho que chega a muitas pessoas. Depois, há quem goste mais e há quem goste menos mas é a vida. Faz parte! Tenho de estar em tudo o que faço.
E como se consegue estar em tudo o que se faz, independentemente de se gostar ou não do que se está a fazer?
Gosto da minha profissão que me dá muito trabalho e não é só o que se vê no ecrã. Passa por pensar no que posso dar de mim que contribua para que eu esteja realmente lá. Sou a mesma Bárbara Guimarães em todos os programas, embora cada um deles seja diferente. E há sempre um envolvimento. Moldo-me. Tenho uma boa capacidade de me adaptar às circunstâncias e às mudanças. Não me assusto com elas.
E tenho noção de que é necessário estar permanentemente a renovar-me. Dá muito trabalho, e ainda bem. Gosto de arregaçar as mangas. Não me limito a ser a apresentadora. Envolvo-me com as pessoas e com o trabalho delas e estou atenta e disponível para ouvir a opinião dos outros, para que eles também entrem no mundo da apresentadora.
Fala-se hoje muito na importância de se estar focado no presente. Segue esse princípio?
Sim. Há uns tempos, um dos desafios do programa «O poder do amor» (reality show transmitido pela SIC em 2014) passava-se no meio da Lezíria, uma zona linda, com arrozais maravilhosos, uma paisagem bucólica, um sítio onde não havia absolutamente nada à volta, nem casas, nem pessoas. No final da tarde, vejo a luz do sol a cobrir a Lezíria e parei o carro, saí, pus a música mais alta e fiquei ali, a ouvir e a absorver o momento.
Está na sua natureza projetar-se no futuro ou deixa os dias acontecerem?
Faço para que as coisas aconteçam. Trabalho para elas, gosto de ser proativa e gosto de fazer parte do processo de conquista do próximo momento, do próximo programa, embora não tenha grandes ansiedades em relação ao futuro.
Veja na página seguinte: O que Bárbara Guimarães faz quando não está a trabalhar
Como são os seus dias longe do trabalho?
Muito normais. Gosto de poder ter tempo para não estar a planeá-lo. Gosto de cuidar da minha casa e de alterar coisas. Ver a casa composta dá-me prazer. Mas cada vez mais quero ter menos coisas, essa opção acaba por ser uma fonte de descontração. Adoro cozinhar, sobretudo saladas, rosbife, sopas com várias leguminosas e apimentadas. Tenho um pai e uma mãe que são autênticos chefs e que me estão a ensinar, além de uma avó que ama a cozinha. Gosto de estar a aprender aquilo que sempre tive na vida.
Vamos imaginar que não é uma figura pública, que não fazemos ideia do seu percurso profissional, da sua história de vida, que nunca lemos ou ouvimos nada sobre si. O que é mais importante saber sobre si? Quem é a Bárbara Guimarães?
Sou uma pessoa boa. Vivo permanentemente com a preocupação de que, à minha volta, as pessoas estejam bem. Gosto de fazê-las felizes. E sou também alguém que gosta de falar com as pessoas, de me meter com elas e de perguntar coisas como «Conte-me, o que achou do programa?». Gosto de conviver.
E tem um espírito forte que faz justiça ao seu nome?
Sim, não poderia ter tido outro nome. Já disse à minha mãe «Ainda bem que nasci num dia de temporal e fiquei com o nome da Santa Bárbara». Gosto muito! E também quis um nome forte para a minha filha [Carlota Maria].
Quando era criança, contou numa entrevista à SIC, o seu pai dizia «a Bárbara leva o mundo à frente», porque não tinha grandes medos e gostava de desafios. Hoje ainda é assim?
Sim. Por exemplo, há uns tempos, sugeri ao produtor do programa «O poder do amor» saltar de paraquedas antes de contar às concorrentes que teriam essa missão. Ele perguntou-me se eu estava pronta para isso, ao que respondi «Não, mas vou». O momento mais extraordinário acontece quando o paraquedas se abre, começamos a planar e, de repente, somos avassalados pelo silêncio, o mais absoluto que escutei até hoje.
O que mudaria em si? Há alguma característica que trabalharia mais?
Trabalharia todas elas um bocadinho, mas no geral, talvez gostasse de ser mais calma. Todos nós gostaríamos de ser melhor do que o que somos. Eu também e faço por isso!
Dizia em entrevista à revista Vogue, em fevereiro de 2014, «tenho consciência que este vai ser o verdadeiro ano novo para mim e vou ter de o conquistar e saber fazer parte dessa mudança». Foi assim?
É o que eu tenho estado a fazer…
Veja na página seguinte: A pressão mediática a que a apresentadora tem estado sujeita
O que descobriu de novo sobre si nos últimos meses?
Que temos forças que não sabemos que existem. Isso acaba por dar-nos mais paz porque sentimos que a vida tem de andar para a frente, que temos de fazer por isso, até por causa das pessoas que estão à nossa volta. Eu tenho crianças, família, amigos, conhecidos, vida... Tudo anda para a frente e temos de fazer parte desse motor. Temos muito mais reservas de energia do que pensamos ter e essa foi uma descoberta que fiz.
Tem estado sob forte pressão mediática. Como reage a ela?
É importante pensar que a vida que vivemos é a nossa vida, sejamos nós figuras públicas ou não. Eu sou uma mulher igual às outras. Somos todas iguais. Depois, como em todas as profissões, tudo tem também um lado menos bom, mas é preciso manter a serenidade, alguma tranquilidade que nos proteja a nós e aos outros.
Que novos projetos profissionais tem em preparação?
Aos meus diretores pertence a revelação, mas está tudo a encaminhar-se [em setembro de 2014] para eu fazer algo que gostaria muito, que me entusiasma e me desafia, um projeto que, mais uma vez, vou abraçar dando o meu melhor. [Bárbara Guimarães era, na altura em que foi entrevistada, dada como certa na apresentação da versão portuguesa do programa «Shark tank», uma opção entretanto abandonada pela direção de programas da SIC].
Liberdade
«Gostava de partir do Lubango, onde nasci, e atravessar a Namíbia. Gosto de experiências novas que mudam completamente a nossa rota do dia a dia. Gosto muito do verbo ir, descobrir».
Arte
«Preciso de música, gosto de ter os meus livros de poesia à mão, de ter as esculturas do meu pai a rodearem-me, gosto de conviver com o mundo dos artistas. Dá-me paz, é muito bom».
Beleza
«Vamos descobrindo que o tempo não volta para trás, que as rugas fazem parte da nossa vida, que nos marcam, mas devemos cuidar de nós, porque merecemos e devemos fazê-lo, em primeiro lugar, por nós».
Texto: Nazaré Tocha com Carlos Ramos (fotografia)
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