Apostou na representação, conquistou notoriedade internacional ao protagonizar uma série de investigação policial nos Estados Unidos da América, foi mãe e, em 2014, casou. Mas Daniela Ruah, contou-nos, não mudou. Volta e não volta, regressa a Portugal. Foi cá, em Cascais, que casou e foi também aqui que passou o último Natal, com o marido e com o filho, a apanhar laranjas e descansar em frente à lareira em Azeitão. Saiba mais sobre a «vida simples», como a caracteriza, da atriz em Los Angeles, partilhada numa sessão exclusiva com a Prevenir, numa produção fotográfica onde vestiu peças assinadas por estilistas portugueses.
Desde que foi viver para os Estados Unidos da América, em 2007, tornou-se conhecida do público americano, apaixonou-se, casou, teve um filho... Neste momento, há mais coisas que a ligam a Portugal ou aos EUA?
Sinto-me ligada aos dois países. Quando estou cá, tenho saudades da minha vida em Los Angeles e, quando estou lá, tenho saudades de Portugal. Mas, por tudo isso que referiu, acabei por fazer de Los Angeles o meu lar. Irei sempre voltar a Portugal, pois é cá que está a minha família. Venho cá duas vezes por ano e o David [marido] vem sempre comigo.
Uma das últimas vezes vieram por um motivo especial, o vosso casamento…
Sim, fiz questão de me casar em Portugal para levar as pessoas a viajarem até cá e verem o país lindo que temos e conhecerem as nossas praias. E até, quem sabe, voltarem cá mais vezes...
Costuma partilhar os nossos costumes com os seus amigos americanos?
As tradições que partilho são sobretudo as gastronómicas. Cozinho pratos portugueses, como amêijoas à Bulhão Pato. E depois, claro, a língua. Ensino algumas palavras e expressões e falo em português com o meu filho [River].
Disse numa entrevista que quer transmitir ao seu filho a identidade judaica. O que significa isso para si?
O judaísmo tem duas vertentes, a religiosa e a cultural. Eu cresci com as duas mas, talvez, com a parte cultural mais forte do que a religiosa e gostava que ele a sentisse da mesma forma, uma ligação familiar à tradição e à cultura judaica que o faça sentir-se confortável dentro de uma sinagoga ou com um grupo de pessoas que pratiquem a cultura ou a religião judaica, mas também fora dela, para que haja um equilíbrio e que o River se sinta bem tanto com a família da mãe como com a família do pai.
Quais os principais valores que recebeu da sua família que quer transmitir ao seu filho?
Há muitos. A tradição, o facto de serem trabalhadores e nunca dependerem de ninguém, a honestidade e o ter uma vida saudável, tanto física como psicologicamente. Fazer exercício, ter uma alimentação equilibrada...
Veja na página seguinte: O que Daniela Ruah faz para se manter saudável
É fácil manter um estilo de vida saudável nos EUA?
É verdade que há uma cultura muito grande de fast food nos EUA, mas também é possível comer saudavelmente, apesar de ser mais caro. É o que tento fazer. Cozinhamos muito em casa, comemos muito peixe e produtos biológicos. Agora, com o bebé e tendo de dormir pouco e de trabalhar várias horas por dia, se não me alimentasse de forma saudável, não conseguia ter energia para tudo o que tenho de fazer.
Em que aspetos somos realmente diferentes dos norte-americanos?
Somos um povo muito mais quente e com muito mais paixão. Falamos alto e com as mãos. Às vezes, quando me veem a falar ao telefone em português, as pessoas acham que estou zangada. E não estou! É a nossa maneira de falar, com emoção.
Após a série «NCIS: Los Angeles», o que quer fazer? Cinema?
Para já, a série não tem fim à vista. Estamos a gravar a sexta temporada encomendada pela CBS, por isso, resta pouco tempo para outros projetos. No ano passado, ainda consegui fazer uma peça de teatro aos fins de semana mas, este ano, com o nascimento do bebé e o casamento, nem tentei procurar trabalho. Quis ter tempo para a minha nova família. A minha perspetiva em relação ao trabalho mudou desde que fui para Los Angeles.
No início, achava que a televisão seria um ponto de partida para o cinema, mas fazer uma série de televisão compensa mais em termos familiares, porque ficamos num só sítio. Não andamos a viajar de um lado para o outro, não precisamos de desenraizar a família e de estar constantemente a mudar de sítio. Financeiramente, também compensa. No cinema, não. Fazemos um trabalho e pode, ou não, haver outro a seguir. Desde que venha trabalho, um papel bom, criativo e que me inspire é o que me interessa.
Tem tido alguma preparação especial para o papel de Kensi da série «NCIS: Los Angeles»?
Este papel exige muitas horas de trabalho, portanto tento dormir ao máximo e ir ao ginásio, para ter um corpo que aguente estar de pé o dia todo, com cenas a correr de um lado para o outro. Tento comer equilibradamente, beber água e, quando tenho uma pausa nas gravações, aproveito para descansar. Tudo isso ajuda tanto o cérebro como o corpo a funcionarem bem durante o dia.
Que tipo de exercício faz?
No percurso para o ginásio, faço exercício cardiovascular, jogging ou bicicleta e, depois, uso máquinas e pesos. Não costumo fazer aulas de grupo mas, de vez em quando, treino com um personal trainer ou com o meu marido. O David acorda às seis da manhã e vai ao ginásio antes de começar o dia. Ter esse incentivo em casa facilita.
Veja na página seguinte: Os cuidados de beleza que a atriz não dispensa
Que cuidados de beleza não dispensa?
A hidratação do corpo e do rosto é super importante. Bebo muita água e tomo suplementos multivitamínicos para as unhas e os cabelos. Na indústria em que trabalho, o facto de poder prevenir o envelhecimento ao máximo sem intervenções cirúrgicas é uma vantagem.
Como é a sua vida em Los Angeles?
Tenho uma vida familiar super normal. Saio de casa de manhã, vou trabalhar, chego a casa à noite, janto e vou dormir. Tenho o meu marido, o meu bebé, a minha casa e dois cães... Sempre vivi uma vida simples, nunca fui de grandes festas e não há razão nenhuma para começar agora a ter uma vida mais excêntrica. Somos felizes assim.
Na rua, é abordada por fãs?
Sim, mas pouco. Nas duas costas dos EUA, tanto em Nova Iorque como em Los Angeles, há tantos atores e artistas que as pessoas não se surpreendem muito quando nos veem. Em Los Angeles, toda a gente é artista. Sejam onze da manhã ou três da tarde, os cafés têm sempre gente, escritores, produtores, realizadores...Para além disso, os seguidores da série não são propriamente adolescentes. Têm uma maturidade diferente e, por isso, não ligam tanto.
Quais são os seus pequenos luxos?
A minha maior excentricidade é, quando posso, viajar, embora ultimamente, sempre que tenho oportunidade, venha a Portugal. Também gosto de experimentar restaurantes com chefs novos, que tenham uma ementa diferente e pratos visualmente criativos. Fora isso, não gasto muito dinheiro.
Veja na página seguinte: Daniela Ruah num minuto
Daniela Ruah num minuto:
- Sonha contracenar com... Meryl Streep!
- Se um dia ganhar um Óscar vai... «dizer qualquer coisa em português», assegura.
- Aquilo de que mais se orgulha é... «da minha família», revela Daniela Ruah.
- Nos tempos livres gosta de... «ir à praia, estar com o River [filho] e ensinar-lhe coisas novas», desabafa.
- Ter sido considerada uma das 100 mulheres mais sexy do mundo foi... «cómico», define a atriz.
- Se pudesse levar um pedaço de Portugal para os Estados Unidos da América levaria... «a antiguidade da nossa cultura», confessa.
- Em Los Angeles está na moda... «comer bem», desvenda Daniela Ruah.
- Aos fãs portugueses quer dizer... «Tenho-lhes muito carinho e estou muito agradecida por manterem o interesse no meu trabalho», afirma a atriz.
Texto: Catarina Caldeira Baguinho e Vanda Oliveira
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