Para comunicar é fundamental respeito e um olhar humanizado.
Há muitos anos me disseram que, quando alguém diz que não entendeu, não foi a pessoa que não percebeu. Foi você que não se explicou bem.
Partindo desse princípio, o esforço está do nosso lado de se fazer compreender, de cativar as pessoas, de as envolver.
A experiência noutros países exige essa flexibilidade de baixar as guardas, de não achar que se é dono da verdade. Você tem de entender a conjuntura local, a forma como as pessoas pensam, como as coisas funcionam, de perceber que empresa é um grupo de seres humanos trabalhando juntos. O meu pai sempre me disse para ser firme, porém doce. Nunca senti muito preconceito por ser mulher porque, quando ele me passou responsabilidades, não ficou atrás para responder por mim.
Quando comecei a trabalhar andava de tailleur e óculos para me levarem mais a sério, o que é ridículo. E, mais tarde, ouvi de um secretário de economia a frase «Olha, Roberta, ainda bem que você já não está usando tailleur porque não tinha nada a ver com você». Às vezes o monstro está dentro da nossa cabeça. Então, não tenho que me preocupar com o facto de ser mulher, brasileira e jovem e de me questionar sobre o facto de ter ou não resistência.
Na maioria das vezes, os preconceitos vão por água abaixo a partir do momento em que a outra pessoa percebe que você está dizendo uma coisa relevante, que conhece e em que acredita e em que você é transparente e se permite dizer não sei. Essa leveza e tranquilidade fazem você comunicar melhor. E a crise traz esse olhar ao outro. O seu raciocínio não está no dinheiro, está no que o outro precisa para você conquistar o que quer.
Em busca do equilíbrio
Roberta Medina nasceu no Rio de Janeiro em 1978. Filha do criador do Rock in Rio (RiR), é responsável pela sua realização em Lisboa e Madrid. É vice-presidente da empresa ligada ao festival Better World e presidente da Dream Factory. Vive em Lisboa desde 2003 e foi jurada do programa «Ídolos», transmitido pela SIC.
Mãe de uma menina, está envolvida na organização do RiR nos Estados Unidos da América, em Las Vegas, em 2015. Diz ter «milhões de dificuldades e conflitos na gestão de ambientes, vontades e necessidades da vida» e recusa fórmulas para conciliar vida familiar e profissional. «Não há um formato bonito, é muito intenso. É um dia depois do outro, buscar equilíbrio e prestar muita atenção no que estamos precisando», refere.
Recolha e edição: Rita Miguel com Agência Zero (fotografia)
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