Foi no dia 9 de maio que Cláudia Pascoal lançou o livro 'Login', em Lisboa, precisamente na semana em que se assinalou o Dia Mundial da Password.
Direcionado para a comunidade escolar, este é um projeto composto por um livro, três letras musicadas pela artista e uma peça de teatro. A obra tem três histórias ficcionadas sobre o 'Uso Consciente das Redes Sociais', 'Perigos das Redes Sociais' e 'Potencialidades das Redes Sociais'.
Em conversa com o Fama ao Minuto, além de ter falado sobre esta mais recente iniciativa que a tem levado a vários cantos do país, também comentou as novidades que estão a caminho.
A cantora - que representou Portugal no Festival da Eurovisão, em 2018, ao lado de Isaura com o tema 'O Jardim' - está neste momento a preparar o segundo álbum e encontra-se em estúdio com David Fonseca, o produtor deste novo trabalho.
Consumo redes sociais por prazer e obrigação e senti de imediato que tinha algo a dizer sobre a utilização das mesmas
Como surgiu a ideia de avançar com o 'Login'?
Foi um convite feito pela Betweien. Fizeram-me esta proposta de lançar em parceria um livro sobre redes sociais. Disse logo que sim, pois é um tema muito próximo para mim. Consumo redes sociais por prazer e obrigação e senti de imediato que tinha algo a dizer sobre a utilização das mesmas.
Vemos cada vez mais iniciativas para alertar os jovens para os perigos das redes sociais. O que mais se destaca neste projeto?
A forma saudável de utilizar estas redes. As aplicações sociais trazem coisas incríveis para a nossa vida. Hoje em dia temos uma forma imediata de comunicar com uma comunidade gigante sobre o que nós quisermos, e esta liberdade criativa é, no meu ponto de vista, um privilégio. Mas com esta distribuição em massa de comunicação também vêm as suas consequências. Por isso, neste projeto o que se destaca é a exploração e cuidado sobre como usar as redes sociais, sem que estas prejudiquem a nossa vida.
É lógico que não sou amada por todos, mas quando este 'não amor' é verbalizado e enviado pessoalmente para mim, é sempre um desafio distanciar-me da provocação e aproximar-me da evolução. O outro desafio é, de facto, gerir o meu consumo das redes
De que forma é que o 'Login' ajuda os mais jovens no que diz respeito às potencialidades das redes sociais?
Vivemos uma época incrível, onde o nosso trabalho e a nossa escolha de partilha é feita de uma forma acessível e gratuita. É inacreditável os projetos e iniciativas que já foram criadas com a acessibilidade das redes sociais. Nas apresentações do livro que estou a fazer pelo país, dou sempre o exemplo do projeto 'eu fico em casa' criado logo na primeira semana de confinamento, onde centenas de artistas uniram-se para dar música gratuita nas casas de todos que tivessem Instagram. Isto aconteceu, porque esta acessibilidade é fundamental para uma corrente artística acontecer tão rapidamente. Ainda existem imensas coisas incríveis a serem exploradas com estas plataformas.
Já esteve com alunos no norte e no sul do país, depois de ter estado a apresentar o projeto em Lisboa. Como tem sido a receção? Qual a reação dos jovens?
Tem sido incrível! Adoro esta aproximação e comunicação imediata com os que estão a assistir. Espero mesmo ajudar de alguma forma e que este livro possa normalizar uma situação pessoal mais complexa, e que estas sessões sejam sempre uma conversa e partilha de experiências entre todos.
Já sofreu de ciberdependência? Ou foi vítima de phishing? Qual a história mais marcante da sua experiência no mundo virtual?
Quando a partilha é vasta, as opiniões também o são. Os meus dois maiores problemas (resolvíveis) são as mensagens demasiado honestas que, de vez em quando, recebo. É lógico que não sou amada por todos, mas quando este 'não amor' é verbalizado e enviado pessoalmente para mim, é sempre um desafio distanciar-me da provocação e aproximar-me da evolução. O outro desafio é, de facto, gerir o meu consumo das redes. Inevitavelmente tornou-se uma segunda profissão (a criação de conteúdos para as redes sociais), por isso, muitas vezes substituo o meu lazer com esta tarefa. Faço uma análise sobre isto no 'Login'.
A vertente artística ficou demasiado aliada à exposição e comunicação a partir das redes sociais
Imagina-se, neste momento, num mundo sem redes sociais? Porquê?
Nem por isso. A vertente artística ficou demasiado aliada à exposição e comunicação a partir das redes sociais. Por isso, sem as redes, acho que o sector artístico ia levar um pouco de porrada. A comunicação de novos singles e novo trabalho é feito maioritariamente pelas redes sociais. Por isso, sem elas, teríamos que refazer aqui o sistema de distribuição da comunicação do novo trabalho.
Tive dois 'senseis' incríveis nesta pequena carreira artística
Atualmente está a preparar o segundo álbum, que será editado este ano. E encontra-se em estúdio com o David Fonseca. O que podemos esperar deste novo trabalho? O que o distingue do primeiro álbum?
Estou mega apaixonada por este novo álbum! Mesmo! Neste álbum distingue-se duas coisas: 95% do álbum é escrito e composto por mim e, sem dúvida, é um trabalho com muita mais segurança da minha parte. Já começo a perceber o que quero fazer, e o que me é natural. Dito isto, obviamente está bem vincada a minha tradição minhota.
E como tem sido trabalhar com o David Fonseca? O que de melhor retira desta 'parceria'?
O David é inacreditável! Tem sido fantástico trabalhar com ele. Temos gostos e respostas artísticas muito semelhantes. Mas, sem dúvida, o melhor de estar a trabalhar com ele é o quanto ele me motiva a trabalhar, aprender coisas novas e a pensar por mim. Tive dois 'senseis' incríveis nesta pequena carreira artística.
Talvez fazer por alguém aquilo que a Isaura fez por mim
Decorreu recentemente o Festival da Eurovisão... Como acompanhou esta edição do festival e o que achou da prestação de MARO e do seu tema?
Este ano tive uma experiência bem diferente, fiz parte do comitê de votação por parte de Portugal. Por isso a experiência foi muito interessante e divertida e achei que estivemos excelentemente representados.
Levou-a a recordar a sua passagem pela Eurovisão? O que ficou dessa experiência? Gostava de repeti-la?
É inevitável não pensar no ano de 2018. Tenho uma certa curiosidade, mas em papel de compositora. Talvez fazer por alguém aquilo que a Isaura fez por mim.
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