Joana Machado Madeira deixou o Alentejo e veio para Lisboa em busca do sonho de ser atriz. Os pequenos passos que deu no mundo da representação foram suficientes para encontrar o amor, ao lado de Eduardo Madeira, e descobrir que era uma miúda com piada.
Estreou-se no 'stand up' e rapidamente saltou para a televisão. Aí, começaram as críticas pelo facto de ser ‘a mulher do Eduardo'. Com o tempo, provou que tinha talento e hoje já se sente reconhecida.
Em entrevista ao Fama Ao Minuto não existiram assuntos proibidos, tal como Joana defende que deve acontecer no humor. A comediante falou sobre o marido, a filha e a vontade de aumentar a família. Desmistificou a polémica com Nilton Bala, que a chamou gorda em direto, agradecendo ao brasileiro pelo facto de já ter perdido oito quilos, e explicou o que a leva a publicar nas redes sociais fotografias suas sem roupa.
A Joana tornou-se conhecida por ser mulher do Eduardo Madeira, mas já era humorista antes disso?
Já, tanto que eu conheço o Eduardo nas gravações do programa ‘Estado de Graça', da RTP. Eu vim para Lisboa estudar para a Escola de Teatro de Cascais. Como estava a estudar longe de casa - venho do Alentejo -, precisava de pagar os estudos e o quarto. Para conseguir isso, começo a fazer participações sobretudo no ‘5 Para a Meia Noite’. Depois, começaram a chamar-me para o ‘Estado de Graça’, que era o programa que o Eduardo na altura estava a fazer.
Foi amor à primeira vista?
Não. O Eduardo nunca olhou para mim, eu ao lado dele a gravar e ele nunca olhou para mim. Até que houve um dia em que, num sketch que eles estavam a gravar para o Natal e o Eduardo estava vestido de Jorge Jesus, o Fernando Ávila (que era o realizador do programa) chama-o e diz-lhe: ‘olha lá aqui esta miúda com tanta graça’. Foi aí a primeira vez que o Eduardo reparou em mim. A partir daí, ele começou-me a achar graça, eu continuei a ir gravar e as coisas foram acontecendo.
O humor e a comédia eram o caminho que a Joana pretendia seguir desde sempre?
Não, o caminho que eu queria seguir era o de atriz. No Alentejo, fazia parte de um grupo de teatro, vim para Lisboa para estudar teatro, eu queria ir pelo caminho de atriz pura. O meu percurso começa ainda como atriz, mas o facto de depois me ter juntado com o Eduardo fez com que começasse a conviver com muitos humoristas em jantares, ou lá em casa. De repente começo a ter o Nilton, o Raminhos, o Luís Filipe Borges e o Francisco Menezes a dizerem: “tu tens muita piada, tens de experimentar fazer stand up comedy”. Eu respondia que não, pode não parecer mas sou muito envergonhada. Achava que não tinha nada a ver comigo, mas eles começaram-me a chatear tanto e o Eduardo também...
Na verdade a opinião do Eduardo para mim acaba por não valer tanto por ser meu marido, acabo por não o levar tanto a sério como deveria, mas quando tenho o Nilton e os outros a falarem comigo penso duas vezes e porque não experimentar? É então que escrevo um textinho de dois minutos para experimentar no ‘Festival VillaRi-te’, no teatro Villaret. Tinha lá o Eduardo, o Francisco Menezes, a Marta Gautier, tudo a ver-me e do nada corre bem para primeira vez. Não me enganei no texto, digo tudo bem, as pessoas riem-se e eu penso: olha, afinal, isto tem tudo para correr bem. Começo a fazer 'stand up', ainda fiz dois anos, depois isso levou-me ao ‘O da Joana’ no ‘Você na TV'. Depois, como a minha participação no programa me ocupa muito tempo, deixei os espetáculos de lado. Mas há uma coisa que a Cristina me está sempre a dizer: “lembra-te, tu aqui és a Joana humorista e engraçada, não és só repórter, tens de continuar a ter essa tua piada”.
A carreira de atriz acabou por ficar esquecida na sua vida?
Não, não ficou esquecida. Infelizmente têm surgido só trabalhos nesta área, que me obrigam a ter piada. Ainda hoje, as propostas que me chegam para fazer espetáculos é tudo para 'stand up', acaba por não surgir esse convite para ser aquela atriz de drama. Mas eu ainda tenho 26 anos e acho que um dia esse convite vai chegar.
Sejamos sinceros, não me parece que a TVI precise de me ter lá a mim ou a alguém só porque é a mulher deste ou daquele
E a escrita, como é que entra na sua vida.
A escrita surge precisamente através do 'stand up', que me obrigou a parar e a escrever coisas do dia a dia e coisas, da minha cabeça, coisas que eu achava que podiam ter piada. Entre as coisas que escrevia, algumas aprovei para os textos dos espetáculos e outras decidi partilhar no Facebook. Começo a publicar crónicas com alguma piada, porque na verdade as minhas crónicas não são todas com a piada pura. Depois de perceber que as pessoas gostavam do que eu escrevia, criei a hashtag #cronicasdajoana e fui publicando várias crónicas. Até que um dia me ligam da Capital Books e propuseram a publicação de um livro. Nunca me tinha passado pela cabeça. Achava que nunca ia publicar um livro, mas o desafio foi lançado e eu, que sou pessoa de dizer que sim a tudo, digo: “vamos lá, vamos lançar um livro”.
É uma experiência a repetir, vamos ter mais livros da Joana no mercado?
Sim, é uma experiência a repetir e quero muito lançar o segundo. Já o devia ter lançado no ano passado, ando sempre a afazer mil e umas coisas e acabei por ainda não o conseguir concluir, mas quero ver se em 2018 lanço o meu segundo livro.
O facto de me ter casado nova não estava nos meus planos, mas acabou por ser giro e o que eu acho mais giro é o facto de ter sido mãe nova
Tal como começámos por dizer, a Joana tornou-se mais conhecida do grande público devido à sua relação com o Eduardo. É algo que a incomoda, ser conhecida dessa forma?
É algo que já me incomodou bastante, incomodou-me na altura em que eu começo no ‘Você na TV’. Ler alguns comentários na Internet, “Ah, esta só está no programa porque é a mulher do Eduardo”. Sejamos sinceros, não me parece que a TVI precise de me ter lá a mim ou a alguém só porque é a mulher deste ou daquele. Aliás, há muitas mulheres de humoristas e de atores que têm as suas profissões. Acho que se não tivesse tido uma relação com o Eduardo e não tivesse casado come ele, acabaria por chegar onde cheguei ou a outro sítio qualquer. Acabaria por lá chegar, mas se calhar também foi por ser a mulher do Eduardo que fui para a comédia e acabei por não ser outro tipo de atriz.
Incomodou-me muito nessa altura dizerem isso porque posso ser a mulher dele, mas também tenho meu talento e é precisamente por isso que a TVI me tem lá há dois anos, não é por favor nenhum. No início as pessoas não queriam ver que havia uma Joana que tinha coisas para mostrar, entretanto passei por cima disso e continuei a fazer o meu trabalho. Agora, as pessoas já me veem como a Joana e não como a mulher do Eduardo. Até é engraçado, há bem pouco tempo íamos a passear na rua e passámos por uma senhora que me reconheceu e ignorou completamente o Eduardo, é giro esta transformação.
Na vossa relação tudo aconteceu de uma forma muito rápida, desde o pedido de casamento, a cerimónia em si e até o nascimento da vossa filha. A Joana era ainda muito nova na altura, acha que aconteceu tudo na altura certa?
Não acho que tenha sido tudo muito rápido. Nós namorámos quase uma ano, ele pediu-me em casamento, casámos passado um ano e a Leonor nasceu 15 dias depois. Foi um processo de dois anos, acho que rápido era se eu o tivesse conhecido hoje, casássemos amanhã e eu ficasse grávida no terceiro dia. Acho que foi na altura certa, as coisas quando têm de acontecer acontecem. O facto de ter casado nova não estava nos meus planos, mas acabou pro ser giro e o que eu acho mais giro é o facto de ter sido mãe nova. Fui mãe nova e agora posso apostar a 100% na minha carreira e depois voltar ser mãe daqui a cinco ou 10 anos. Ser mãe nova tem os seus aspetos positivos, quando eu tiver 40 anos a Leonor tem 20 e se for preciso vimos as duas aqui para o mercado de Algés beber uma cerveja. No fundo, as coisas aconteceram na altura em que tinham de acontecer.
A Leonor é pior do que a mãe e o pai juntos
Na altura em que foi mãe, com 21 anos, não se assustou ao saber que a sua vida ia mudar?
Não. Como disse há pouco, não tenho por hábito ter medo seja do que for. Atiro-me de cabeça às coisas e depois, se por algum motivo não der certo, só temos de dar a volta para que volte a dar certo mais à frente.
A Leonor é filha de dois humoristas, ela também já faz piadas?
Já, a Leonor é pior do que a mãe e o pai juntos. É muito pior, nós temos muito medo do que é que ela vai fazer. Ela pode ser aquilo que ela quiser, astronauta, médica... Mas achamos que ela é capaz de vir parar a este mundo do teatro ou até mesmo ser comediante ou humorista. Ela gosta de ter graça e na escola a professora diz-nos que ela está sempre a fazer graças para os amigos, para eles se rirem, e isso pode ser um sinal. Normalmente, o historial dos comediantes é que eles já eram uns 'palhacinhos' da turma e depois fazem disso profissão.
O Eduardo tem a minha idade mental ou menos
Voltar a aumentar a família, faz parte dos vossos planos enquanto casal?
Sim, faz parte dos planos. O Eduardo quer muito, mas neste momento eu estou mais focada em construir uma carreira sólida. Quero sentir que posso parar um ano ou dois e quando voltar estar tudo aqui à minha espera. Estou com 26 anos, ainda tenho mais 16 anos para ser mãe. Queremos aumentar, mas não para já.
Quando a vossa relação se tornou pública também foi pública a vossa diferença de idades. A Joana é 19 anos mais nova do que o Eduardo, isso teve peso a nível social?
Talvez tenha tido em algumas pessoas, talvez algumas pessoas tenham ficado chocadas, nós não sentimos muito isso um com o outro. O Eduardo tem a minha idade mental ou menos, eu é que tenho de lhe dizer: “Eduardo, comporta-te”. Para o nosso núcleo de amigos também foi normal. Pode ter havido algumas pessoas mais conservadoras, mas nós não sentimos isso. Eu às vezes recebo mensagens no Facebook de raparigas da minha idade que estão apaixonadas por homens mais velhos e não sabem como contar aos pais. O que eu respondo é que se isso é o que as faz felizes os pais têm de reagir bem, é como ser gay ou lésbica, os pais ou aceitam ou não aceitam.
E a sua mãe reagiu bem, quando soube que a Joana estava a namorar com um homem mais velho?
A minha mãe reagiu bem, não lhe contei logo, apresentei-a primeiro ao Eduardo como amigo. Depois, mais tarde, é que lhe disse. Mas lá está, como mãe é mãe, ela disse logo: “Filha, eu percebi logo quando tu disseste que era um amigo”.
O que é certo é que desde que entrei para o programa até hoje já perdi oito quilos e muito graças ao Nilton
Recentemente a Joana participou no ‘Biggest Deal’, entrar num reality show é uma experiência a repetir?
Podia ser uma experiência a repetir, mas não sei. Neste momento não sei. Foi uma experiência gira, gostei muito, mas o problema foi a minha filha. Estive lá um mês, mas só aguentei duas semanas na realidade. À terceira semana eu já estava completamente farta daquilo, já só queria vir para junto da Leonor e não estava a aguentar mais estar ali. Poderia voltar a experimentar, mas só por uma ou duas semanas.
Foi muito comentado o facto de ter alguns conflitos com outro concorrente do programa. O Nilton Bala fez alguns comentários sobre o seu espeto físico e a Joana não reagiu da melhor forma, sentiu-se realmente incomodada com essa situação?
Sim, acho que o que mais custou foi a maneira como ele falou. Se ele tivesse falado com calma comigo, me tivesse feito ver que era importante eu aproveitar agora que ainda sou nova para perder algum peso, talvez não tivesse reagido assim com aquela fúria toda. Depois eu acabei por lhe dar razão, mais perto do fim do programa. Acalmei-me e pensei: “porque é que eu não aproveito que estou aqui numa casa com imensos personal trainers e onde toda a gente treina e acordo de manhã para treinar com eles?”, e foi exatamente isso que aconteceu. Começo a treinar com eles, começo a gostar de fazer exercício físico e eles começaram a mostrar-me truques de alimentação saudável que eu mantenho até hoje. O que é certo é que desde que entrei para o programa até hoje já perdi oito quilos e muito graças ao Nilton. Eu não reagi bem, fiquei furiosa, mas se ele não me tivesse dito aquilo eu não tinha feito nada e tinha ficado como estava. Às vezes precisamos de pessoas como ele, que nos digam a verdade. Ele disse-me aquilo que eu precisava de ouvir, no momento certo.
Estava com mais oito quilos e a trabalhar na mesma, a mim nunca me foi exigido que fosse mais magrinha
Ainda assim, as palavras dele mexeram com a sua autoestima?
Não mexeu! Como diz o Eduardo, eu sou a pessoa com a maior autoestima que ele conhece. Eu gosto muito de mim e eu sabia que tinha de perder peso, mas naquela altura não era uma prioridade para mim. Fiquei foi triste por ele ter dito aquilo daquela forma e num programa de televisão, mas as coisas acontecem sempre no momento certo. Ainda bem que ele o disse.
Sente que pelo facto de ser uma figura pública e estar frequentemente na televisão existe uma certa exigência em relação aos padrões de beleza e à sua forma física?
Na verdade, nunca senti isso na pele. Estava com mais oito quilos e a trabalhar na mesma, a mim nunca me foi exigido que fosse mais magrinha, por isso, nunca senti esses padrões. Desde que trabalho em televisão sempre tive excesso de peso, só quando acabar de emagrecer é que posso dizer “olha se tivesse emagrecido mais cedo já tinha arranjado outros trabalhos”.
Qualquer fotografia em que eu apareça com as pernas ou com os seios à mostra as pessoas denunciam-me, bloqueiam-me e é sempre uma chatice
Depois do ‘Biggest Deal’, aconteceram novas polémicas nas redes sociais pelo facto da Joana te surgido em fato de banho.
Há pessoas no Facebook que qualquer coisa que façam causa polémica, a Carolina Patrocínio, a Cristina Ferreira, a Rita Pereira, tenho muito medo de me tornar uma dessas pessoas. Tenho várias polémicas no Facebook, se eu disser que esta mesa devia ser branca as pessoas ficam contra mim, mas se eu disser então para a mesa ficar preta elas também ficam contra mim. Qualquer coisinha no meu Facebook acaba por ser uma polémica. Essas polémicas em relação ao meu corpo já tive várias, quando publiquei a fotografia nua, quando publiquei essa fotografia. Qualquer fotografia em que eu apareça com as pernas ou com os seios à mostra as pessoas denunciam-me, bloqueiam-me e é sempre uma chatice.
As pessoas estão perigosas e agressivas, ficam muito irritadas com tudo. Devia haver uma espécie de filtro para que os ‘haters’ fossem banidos do Facebook
Essas críticas em relação ao seu físico incomodam-na?
Não, não incomoda. Eu depois vou ver as caras das pessoas e elas são mil vezes pior do que eu. Apesar de continuar a publicar algumas coisas no Facebook, tenho tentado afastar-me. As pessoas estão perigosas e agressivas, ficam muito irritadas com tudo. Devia haver uma espécie de filtro para que os ‘haters’ fossem banidos do Facebook.
Quando a Joana e o Eduardo publicam fotografias mais ousadas nas redes sociais o vosso objetivo é chocar ou é porque se sentem à vontade com o vosso corpo?
É porque realmente não somos bons da cabeça, somos completamente malucos. É porque nos apetece e porque no fundo dá-nos um certo gozo chatear essas pessoas que estão no Facebook à espera da foto e ficam todas irritadiças a dizer que é uma pouca vergonha e que só sabemos andar nus. Estamos felizes e as pessoas felizes fazem aquilo que lhes apetece, não têm de estar preocupadas com o que os outros pensam.
No humor não existe nenhum assunto proibido, há é formas diferentes de dizer as coisas
Entre o humor, a escrita e a televisão qual é a sua preferência?
Não consigo decidir. Acho que preciso de fazer as três, o ideal seria um programa de humor na televisão e escrito por mim. Assim podia expor as minhas maluqueiras para todos verem.
Numa altura em que tanto se fala de assédio sexual no mundo artístico, a Joana alguma vez sentiu esse tipo de abusos?
Nunca senti nada disso, graças a Deus.
Existe algum assunto proibido no humor?
No humor não existe nenhum assunto proibido, há é formas diferentes de dizer as coisas. Temos o humor negro que diz as coisas para chocar e depois temos o exemplo do Herman José que pode falar de tudo, de temas delicados como o cancro ou a homossexualidade, mas que o faz com uma classe incrível em que nada lhe fica mal. Pode dizer-se tudo, o humor é mesmo isso, mas acho que se deve dizer as coisas com classe e não apenas para chocar. Dizer tudo, mas sem magoar.
Relativamente a projetos futuros, há algo que nos possa revelar?
Há muitos, mas o segredo é alma do negócio. Quanto mais uma pessoa diz, pior correm as coisas. É ficarem à espera que vêm aí coisas muito giras.
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