Horários trocados, cansaço físico e desidratação,
após um voo que parece não ter fim, são o resultado de um efeito conhecido por jet lag que, na prática, se traduz por alterações ao nível da cronobiologia, ou seja, dos mecanismos que controlam
o nosso metabolismo e que fazem com que as acções diárias, os órgãos e sistemas funcionem
a determinadas alturas do dia.

Grande parte desses mecanismos rege-se pela luz solar, sendo condicionados pela melatonina, uma hormona relacionada com a percepção do dia e da noite. A direcção do seu destino vai interferir no grau de intensidade do jet lag, nomeadamente quando viajar no sentido dos meridianos, mas não se a sua viagem ocorrer de norte para sul, uma vez que o fuso horário é o mesmo.

Atravessar diferentes fusos horários baralha o organismo, mas apenas começamos a notar os seus efeitos quando viajamos com uma diferença
de quatro horas entre o ponto de partida e o de chegada.

Jorge Atouguia, especialista em Medicina do Viajante, refere que «as alterações são sentidas a nível mental, principalmente no que toca ao sono (condicionado pela luz solar), e ao nível do sistema digestivo. Há estudos que mostram que o trânsito intestinal só é regularizado
ao fim de uma ou duas semanas após viagens para destinos muito distantes. Verifica-se ainda uma incapacidade de concentração, devido à falta
voode descanso, daí que se aconselhe a não ter quaisquer
compromissos intelectuais nas 24 a 48 horas após a chegada».

Quanto mais fusos horários atravessar,
mais intensos se tornam os sintomas. O jet lag é menos acentuado quando a viagem é feita no sentido do ritmo do sol (de este para oeste). «É mais fácil para o nosso organismo adaptar-se a uma viagem que segue o sentido do sol, por exemplo
com partida à tarde em que, à chegada, no destino
ainda é de dia, do que se a partida ocorrer de manhã e a chegada à noite», exemplifica.

O jet lag é mais acentuado em viagens para o Sudoeste Asiático e Índia, ou seja para Este, e também em viagens longas para a América do Sul e destinos do Pacífico, embora nesse caso o impacto seja menor, pois a viagem ocorre na direcção oeste.

Casos especiais

Casos especiais

Segundo Jorge Atouguia, «pessoas que têm habitualmente
problemas de sono, alterações emocionais ou problemas no aparelho gastrointestinal podem sentir maiores dificuldades. Também quem tem de cumprir medicação a horas certas tem de adaptar
a toma dos fármacos, devendo antes da viagem aconselhar-se junto do médico».

A recuperação do jet lag relaciona-se também com as actividades feitas
nos primeiros dias. Quanto mais rapidamente se adaptar aos horários (sobretudo das refeições e do sono) locais, mais fácil será a recuperação.

Como reduzir
os efeitos
do jet lag

Como reduzir
os efeitos
do jet lag

  • Adapte-se o mais rapidamente possível aos horários do país de destino (hora das refeições e sono), começando de preferência durante o voo

  • Antes e durante a viagem evite ingerir alimentos pesados,
    bebidas alcoólicas,
    cafeína e tudo o que seja estimulante

  • Durante o voo, beba água e levante-se de vez em quando

  • Evite tomar comprimidos para dormir durante o voo e não durma continuadamente.
    Opte por sestas de três
    a quatro horas

    Texto: Mariana Correia de Barros com Jorge Atouguia (médico especialista em Infecciologia e Medicina ropical)