Por cá, não são muito perigosas, mas em países mais exóticos podem ser sinónimo de umas férias estragadas, porque além da picada ser dolorosa provoca um ligeiro inchaço no local.
«Estive recentemente de férias na Tunísia e vi algo insólito na praia. Uma senhora foi picada por uma alforreca e o funcionário do hotel
que veio em seu auxílio, para a aliviar, esfregou tomate fresco
na sua pele. Este tipo de prática é aconselhada? Como devo agir se me suceder o mesmo?», questiona Carmen Duarte, uma empregada bancária que adora e não resiste a passar férias naquele país.
A primeira coisa a fazer é não entrar em pânico. As medusas, conhecidas também como alforrecas, mães d'água ou águas-vivas (termo usado no Brasil e na Madeira) são cnidários, animais marinhos
com um corpo em forma de disco ou campânula. Com um corpo formado
por 95 a 99 por cento de água, deveriam ser animais simpáticos e inócuos.
Mas não são. Possuem tentáculos à superfície que, após contacto, têm a capacidade
de lhe injectar uma espécie de espinho, o nematocisto, que liberta
uma substância tóxica no local da picada.
O contacto do tentáculo com uma presa (ou nadador) inicia uma reacção
em cadeia, em que o nematocisto, estimulado, projecta um filamento
(urticariante) que se enrola no corpo da presa. O filamento e o nematocisto
ficam sempre agarrados ao corpo da vítima. Estas agressões
dão lugar a lesões bem visíveis e com sinais e sintomas, por vezes graves,
nas pessoas afectadas.
As espécies
Segundo os especialistas, as medusas das águas
de Portugal Continental, Mediterrâneo, Madeira
e Açores são pouco perigosas. Das espécies que
aparecem na nossa costa a mais perigosa é provavelmente
a Pelagia noctilua (caracterizada por se
tornar luminescente quando se sente agredida) e a
caravela portuguesa que, contudo, é relativamente
rara nos nossos mares.
Os sintomas
Nas espécies com tentáculos muito longos, a
primeira sensação é de enrolamento, seguida por
sensação de queimadura. Naquelas com tentáculos
curtos, a sensação de queimadura surge logo após
o contacto.
Verificam-se áreas da pele queimada,
vermelha, dolorosa, com aumento do calor local e
com ardor/dor intensos. Nas pessoas com sensibilidade
aumentada à toxina libertada pelos nematocistos
podem surgir reacções alérgicas, que podem
ser graves e necessitar acompanhamento médico
de urgência.
Como evitar
Na maioria dos casos, o banhista não tem informação
sobre a existência destes animais nas águas
onde se encontra. Noutros casos, os tentáculos são
tão longos (30 a 40 metros no caso da Caravela
Portuguesa) ou desprendem-se do resto do corpo
que é difícil detectá-los. «As caravelas portuguesas
(ou os seus tentáculos) que dão à costa representam
um perigo importante pois os cnidócitos
mantêm-se activos por várias horas. Informe-se
com os habitantes da zona onde vai nadar, pois é a
medida de prevenção mais eficaz», aconselha Jorge Atouguia, infecciologista.
Como tratar uma picada
1. Não entre em pânico. Isso pode levar
ao afogamento.
2. Se há tentáculos presos à pele é fundamental
retirá-los. Use uma espátula ou um pau de
gelado. Cuidado para não ser picado também.
3. Lave muito bem a zona afectada com água
salgada. Em seguida, aplique gelo e, se necessário,
uma pomada anti-inflamatória.
4. Na picada da maioria das medusas a reacção
urticariante e o ardor diminuem quando se aplica
localmente uma substância com pH baixo,
isto é, um ácido. Vinagre ou urina
podem ser
utilizados. O tomate, pela sua acidez, também
se insere nesta medida terapêutica.
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