Quem são estes “rapazes” do Douro, para além de “um grupo informal de produtores de vinhos de mesa e do Porto, que se juntaram para promover os seus vinhos, mantendo-se fiéis às castas originais da região mas imprimindo modernidade, qualidade, distinção, e fazendo prevalecer a autenticidade conferida pelo terroir e pela tradição.”? A definição está correta, coerente com o que fazem, mas fica aquém do que são.
Quem tem a felicidade de conviver com os Douro Boys e os seus vinhos muito poderia dizer sobre a qualidade do que produzem, o excelente design dos seus rótulos, os prémios internacionais que recebem a toda a hora, a sua inteligente estratégia de distribuição, o valioso saber acumulado dos enólogos e demais trabalhadores da vinha que com eles trabalham… mas o essencial é invisível aos olhos. Para além de profissionais de mão cheia, estes “rapazes” são pessoas cujo valor em muito ultrapassa os frutos, ou melhor, os néctares do seu trabalho, que são de si excelentes.
O mundo do vinho, que apaixona perdidamente cada vez mais pessoas, tem a característica de atrair pessoas interessantes e que regra geral estão de bem com a vida. Os jantares de vinhos, as provas, as feiras, as apresentações de novas colheitas, tudo são momentos regados a muito boa disposição, onde invariavelmente se come bem e se bebe melhor.
Se isto é uma verdade relativamente universal no setor vinícola nacional, quando estes 5 “boys y sus muchachos/as” estão envolvidos tudo adquire mais charme. Para além de serem todos personagens com muito para contar, cultos, delirantemente divertidos, animados, hospitaleiros quando recebem nas suas casas, têm o encanto, não tão comum de ver, de o “berço” que têm lhes puxar para a boa educação e jamais para a arrogância. O seu estilo de ser e estar resume o que de melhor o “Vinho” tem.
Apesar de “Boys” eles não estão nesta brincadeira de fazer vinhos desde ontem nem estão à procura de engordar a porca para a vender no mercado do próximo domingo. Poderíamos adaptar a eles o slogan publicitário de uma famosa marca de relógios, pois os Douro Boys não são verdadeiramente donos das suas quintas, limitam-se a tomar conta delas até que chegue a próxima geração. É este sentido do eterno, do trabalhar para perpetuar além das suas vidas o que receberam de trás, valorizando o seu património material e imaterial para os que depois virão, que lhes dá uma dimensão de Homens e não de apenas Boys. Mais do que as suas Casas (Quinta do Vale Meão, Quinta do Crasto, Quinta Vale Dona Maria, Quinta do Vallado e a Niepoort Vinhos) eles valem pelo que são.
Porque falar da personalidade e maneira de ser destes produtores de vinho num artigo, poderão perguntar? A razão prende-se com a vontade de demonstrar para além de qualquer dúvida que o vinho, ou melhor, o Vinho, é muito mais que apenas uma bebida. Na verdade, o Vinho é uma forma de vida, um prazer multisensorial feito tanto de uva quanto de afecto. Nessa dimensão intangível do prazer hedonisto-sibarita do Vinho, estes Boys são verdadeiros Homens.
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