Se está a pensar ir apanhar um pouco de sol a Cabo Verde em fevereiro, é melhor rever os seus planos, porque essa viagem não é a mais recomendada para essa altura do ano. "A temperatura ainda não provocou subidas no estado de ânimo geral", ironiza João Geraldo, agente de viagens. Pela mesma ordem de ideias, esqueça também Moscovo em outubro. "Nessa altura, a cidade está cara como sempre com a agravante do cinzento da poluição permanente", acrescenta.
Por muita vontade que tenha de ir lá, nem todas as épocas são boas para (re)visitar o seu destino de sonho. Para que possa ver algumas das mais fantásticas paisagens do mundo na altura certa, rentabilizando a diversão e o seu investimento, elaborámos-lhe um roteiro para os 12 meses do ano, para que possa programar atempadamente as suas férias. Para lhe facilitar ainda mais a vida, incorporámos-lhe os conselhos do médico infecciologista Jorge Atouguia.
Janeiro
Miami, nos Estados Unidos da América, está em alta, pelo que esta é uma das melhores alturas para visitar este destino turístico que, nos últimos anos, tem atraído muitos portugueses. Os visitantes do norte do país invadem a cidade, os bares e os restaurantes enchem-se de animação e, para além disso, realiza-se ainda a Art Basel Miami Beach, uma das mais renomadas feiras de arte internacionais, um evento imperdível que traz (ainda) mais dinamismo a esta urbe.
O Panamá e a Costa Rica, na América Central, são outras hipóteses a considerar naquelas que são as primeiras semanas do ano. Esta é uma boa altura para se deslumbrar com a beleza selvagem das suas costas. Aproveite para nadar com os golfinhos, uma atividade muito popular entre os turistas que visitam esta zona. O Mali, em África, é outra das possibilidades a ponderar. A época das chuvas terminou. Djenne, a cidade com a maior mesquita do mundo muçulmano, acolhe o consagrado Festival do Deserto. Este é um evento cultural que dinamiza toda a região. À exceção de Miami, deve ter cuidado com as doenças motivadas pela ingestão de água e pelo consumo de alimentos locais.
Vacine-se contra a febre tifoide, a hepatite A e a febre amarela antes de viajar para o Mali. Leve repelente de insetos para se proteger das doenças por mosquitos, como é o caso da malária no Mali e nalgumas zonas do Panamá e da Costa Rica e do dengue no Panamá e na Costa Rica. O Canadá e o Alasca, EUA, frios, cinzentos e em estado de congelação emotiva, são destinos a evitar nesta altura do ano. Se gosta de diversão, o melhor é começar a pensar já noutro destino.
Fevereiro
Este é um bom mês para rumar em direção a Buenos Aires, na Argentina, um dos populares destinos da América do Sul. Tango, praia, gente bonita e muitos mercados de rua. Apesar de ser fascinante em todas as alturas do ano, a capital do país tem um encanto especial. Belize, na América Central, também é uma boa opção. Mais tranquilo do que os restantes vizinhos das Caraíbas mas não menos interessante, convida ao lazer e à evasão neste período do ano.
Podem não ser a opção mais imediata mas as ilhas Canárias, em Espanha, merecem uma visita agora. Pela temperatura amena e pela folia no Carnaval de Santa Cruz, um dos eventos culturais que mais as dinamiza nesta altura. A Argentina e as Canárias não exigem precauções anormais mas o Belize obriga a cuidados redobrados com as doenças provocadas pela ingestão de água, pelo consumo de alimentos e pelas picadas de mosquitos, na origem de dengue e malária.
Antes de ir, vacine-se contra a febre tifoide e a hepatite A antes de ir e leve um agasalho para a noite, sobretudo se for para as regiões interiores do Belize. Cabo Verde e São Tomé, um dos destinos de África que tem vindo a atrair um número crescente de visitantes nas últimas décadas, devem ser excluídos das suas opções de férias nessa época do ano. Pouca animação e menor oferta de programas turísticos tornam estes destinos menos interessantes nesta altura.
Março
Este é um bom mês para ir ao Peru, na América do Sul. Há menos confusão para visitar as ruinas de Machu Picchu, o que facilita as deslocações. A vegetação envolvente está mais verde, o que a torna mais bela e acaba por se revelar outra vantagem. Outra opção é considerar é a Cidade do Cabo, na África do Sul. Diversidade incomparável e paisagens deslumbrantes com a chegada da primavera. Se esta cidade lhe desperta curiosidade, esta é uma boa altura para ir.
As doenças motivadas pela ingestão de águas e de alimentos locais ou derivadas das picadas de mosquito implicam uma vigilância acrescida nesta e noutras alturas, uma vez que ainda existe malária na zona amazónica do Peru. Nas semanas antes de embarcar, vacine-se contra a febre tifoide e a hepatite A. Se for para a zona amazónica do país, faça-o também contra a febre amarela. Na Cidade do Cabo, por razões de segurança, não se afaste das rotas turísticas.
Por muito que a ideia de dançar no Sambódromo do Marquês de Sapucaí lhe agrade, o Rio de Janeiro, no Brasil, está longe de ser um dos destinos mais encantadores nesta altura do ano. A violência aumenta no período do Carnaval e o número de assaltos também. Se, ainda assim, insistir muito em visitar este destino nesta altura do ano, opte por outras paragens mais tranquilas e sedutoras, como Pipa, um paraíso ecológico localizada a 80 quilómetros de Natal.
Abril
Paris e Nice, em França, são duas cidades europeias a (re)visitar nesta altura do ano. Frescas como um perfume Chanel em plena primavera, estas urbes animadas, cosmopolitas e sedutoras, pedem para ser tranquilamente percorridas a pé nos dias em que a chuva dá tréguas. Em alternativa, pode viajar para as idílicas ilhas Fiji, no Pacífico Sul. Preços mais baixos e águas quentes, transparentes, calmas e serenas fazem desta ilhas um verdadeiro paraíso na terra.
Flórida, nos Estados Unidos da América, é outra das opções a considerar. Os dias começam a aquecer, as praias enchem-se de conchas e os preços ainda não inflacionaram, o que acaba por lhe gerar uma folga que pode aproveitar para as suas compras. Quioto, no Japão, também tem outro encanto nesta altura. As ruas e as praças cobrem-se de flores para receber o famoso festival de jardins da cidade, um evento que anualmente atrai multidões a este destino.
Não há nenhuns cuidados a ter em particular nestes destinos, à exceção das ilhas Fiji, onde podem ocorrer doenças motivadas por águas e alimentos. Roma e Florença, em Itália, são duas cidades a evitar no quarto mês do ano. Multidões e cappuccinos com o preço inflaccionado de uma mala Gucci ou de uma carteira Prada tornam-nas menos apelativas, tal como também sucede com Veneza, outra cidade a incluir nesta lista. Em alternativa, opte por Siena ou Bari.
Maio
Luxor e Alexandria, no Egito, são duas cidades que vale a pena visitar em maio. Estão novamente na moda depois de um período difícil, cheias de um glamour de outros tempos e a temperatura está mais amena, numa altura em que o Cairo passou a ser uma cidade menos segura do que era há uns anos. Este também é um bom mês para ir à Indonésia, no Sudeste Asiático. A lua cheia dá outro brilho aos templos e o Waisak Festival atrai multidões a Java.
Essas são apenas duas das muitas razões que tornam a Indonésia ainda mais sedutora nesta altura. Istambul, na Turquia, é outra hipótese a valorizar. Ainda não tem as enchentes de turistas do verão e há menos filas à entrada dos muitos museus e monumentos que esta imponente cidade que faz a ponte entre dois continentes tem para ver. Aproveite as esplanadas para saborear um café turco ou um delicioso pudim de arroz. Não vai querer outra coisa!
Além das doenças causadas por águas e alimentos nestes três países, também é necessário precaver-se dos mosquitos se visitar as zonas rurais da Indonésia, onde existe malária e dengue. Antes de ir, vacine-se contra a febre tifoide e a hepatite A. A evitar,, no quinto mês do ano, está a Tunísia, uma das joias do norte de África. Nesta altura, a temperatura instável, as marés vivas e a pouca animação tornam este destino menos interessante, apesar da descida dos preços.
Junho
Este é um bom mês para ir às Ilhas Virgens Britânicas, nas Caraíbas. Não existem multidões de turistas de máquina fotográfica em punho, as praias estão desertas e as condições atmosféricas favorecem a prática de mergulho. Perfeito, não? Mais perto, tem a Eslovénia, um dos países do Leste Europeu. Não tem a confusão da vizinha Croácia e a temperatura está muito convidativa nesta altura do ano. Esta também é uma boa altura para ir a Jerusalém e a Telavive, em Israel.
Únicos, mágicos e dourados pelo tempo e pela polémica, continuam a atrair anualmente milhões de turistas. Deixe-se perder nas ruas antigas e aproveite para visitar estabelecimentos comerciais ancestrais. Nas Ilhas Virgens Britânicas, as doenças causadas por águas e alimentos exigem precauções. Em Israel, a insegurança é o problema maior. Madrid e Barcelona são de evitar. Os saldos transformam as ruas comerciais num inferno de sacos ambulantes.
Julho
As ilhas Galápagos, no Equador, estão no máximo do seu esplendor nesta época do ano. Avistam-se facilmente baleias a passear com as crias e os promontórios acolhem o regresso dos pássaros migratórios. Este é também um bom mês para ir a São Francisco e a San Diego, nos Estados Unidos da América. O ambiente fervilhante nestas cidades satélites da cultura cool e liberal é um dos atrativos a considerar para eleger o sétimo mês do ano para voar até lá.
Nas ilhas Galápagos, precavina-se para evitar doenças provocadas pela ingestão de águas e alimentos. Casablanca, em Marrocos, é um dos destinos a evitar nesta altura do ano. Tórrida e poeirenta, a cidade que ficou imortalizada num emblemático filme de Hollywood com o mesmo nome não é das mais convidativas nesta altura, tal como também sucede com a vizinha Rabat. Se faz mesmo questão de visitar este país africano, fuja mais para sul, para Essaouira.
Agosto
Madagáscar e Bali, na Indonésia, são destinos a visitar. Paisagens de sonho, dias soalheiros e noites amenas em bares de rua e esplanadas de praia é o que prometem estas paragens. Um verdadeiro sonho, não? Saint-Tropez em França e Monte Carlo no Mónaco também merecem uma visita nesta altura do ano. O melhor window-shopping faz-se lá e, por esta altura, começam os saldos. Depois de ver as montras, delicie-se com um vinho numa qualquer esplanada.
Vacine-se contra a febre tifoide e a hepatite A se for para Madagascar ou para Bali. As doenças provocadas pelo consumo de água e de alimentos mal higienizados apelam a cautelas redobradas, assim como as picadas de malária, em Madagáscar e nas ilhas à volta de Bali. Em Bali, o dengue também preocupa. O deserto do Namibe, em África, é de evitar. A não ser que consiga andar com uma piscina transportável atrás, risque já este destino dos seus planos.
Setembro
Los Roques, na Venezuela, é um dos destinos recomendados para este mês. Praias quase desertas e um sol a brilhar numa imensidão de azul a perder de vista são dois dos atrativos. Na Europa, considere a Costa de Amalfi, em Itália. As invasões de turistas já terminaram, o trânsito melhora e as belas aldeias e vilas costeiras transpiram beleza e serenidade. Tenha precauções com as doenças causadas por águas e alimentos se decidir viajar para Los Roques na Venezuela.
Veneza e Trieste, em Itália, são duas das cidades europeias a evitar naquele que é o nono mês do ano, que muitos elegem para férias. Repletas de turistas a aproveitar as promoções de fim de estação, são de fugir nesta altura. Não são, no entanto, as únicas. Roma, Florença, Milão, Nápoles, Bolonha, Siena e até Pisa veem o número de visitantes aumentar consideravelmente nesta altura do ano, o que torna estas cidades (ainda) mais confusas nos dias de maior calor.
Outubro
As ilhas Seicheles, no Oceano Índico, fazem sonhar o ano inteiro mas esta é uma das melhores alturas para voar até lá. O exotismo do Festival Crioulo na capital Mahé é imperdível e as próprias ilhas têm paisagens de sonho, daquelas que ilustram catálogos de viagem e que fazem sonhar em qualquer época. A Croácia, no Leste Europeu, é outra possibilidade a considerar. O cheiro a lavanda invade os campos e a temperatura convida a passeios nas cidades medievais.
Estocolmo e Uppsala, na Suécia, são outras das alternativas a ponderar. Irreverentes, belas, altivas e repletas de segredos por desvendar. O único inconveniente são os preços, altos em qualquer época do ano. Nas Seicheles, é necessário ter cuidado com as águas e os alimentos que ingere. Moscovo, na Rússia, cara como sempre e com o cinzento da poluição permanente, é de evitar nesta época do ano, apesar dos preços dos voos estarem mais convidativos nesta fase.
Novembro
O penúltimo mês do ano é perfeito para viajar até Zanzibar, na Tanzânia, terra de sol e calor, de verde e especiarias. Sente-se o perfume irresistível da canela e dos cominhos no ar mas tudo neste destino paradisíaco respira sonho. As ilhas Andaman e Nicobar, na Índia, também se perfilam sedutoras numa altura em que as temperaturas por cá começam a baixar. As praias de um mar azul que apelam a mergulhos retemperadores são uma das principais atrações.
Esta também é uma boa altura para ir até à África do Sul. A época das chuvas já terminou. Os campos enchem-se de verde e de flores. As doenças causadas por mosquitos, a malária em Zanzibar, nas ilhas Andaman e Nicobar e no Kruger Park na África do Sul e o dengue nas ilhas Andaman e Nicobar, obrigam a uma proteção. As doenças causadas pela ingestão de águas e de alimentos também exigem cuidados. Antes de ir, vacine-se contra a febre tifoide e a hepatite A.
No caso de ir para Zanzibar, vacine-se também contra a febre amarela, como certamente também lhe vão recomendar durante a consulta do viajante, uma consulta especializada que deverá sempre fazer antes de qualquer viagem para destinos mais exóticos, mais afastados e/ou menos desenvolvidos. Nesta altura do ano, evite Lima e Cuzco, no Peru. Recomeçam as enchentes de turistas em versão Shirley McLaine e os preços também tendem a aumentar.
Dezembro
Troque o frio português pelo calor da Nova Zelândia, no sudoeste do oceano Pacífico. A vegetação é inebriante nesta altura do ano. Se gosta de desportos radicais, as ilhas Bay são o paraíso do bungee jumping. Edimburgo e Loch Lomond, na Escócia, são outros destinos a considerar. O passado e a modernidade convivem tranquilamente nestas paragens. O (muito) frio escocês requer agasalhos à altura para prevenir o perigo de gripes e de constipações.
Pelo sim, pelo não, leve uns rebuçados do Dr. Bayard na mala. Se é fã de mercados de Natal, o de Francoforte, o de Bona e o de Colónia, na Alemanha, merecem uma visita, tal como o de Budapeste, na Hungria. Oslo, na Noruega, é um dos destinos que muitos agentes de viagem desaconselham naquele que é o último mês do ano. Se não é desportista radical, esqueça as aulas de patinagem artística gratuitas que o simples gesto de andar pelas ruas lhe proporciona!
Turismo proibido
O que não pode mesmo fazer nos países menos industrializados:
- Beber água da torneira
- Ingerir bebidas com gelo
- Comer alimentos crus mal lavados
- Fazer refeições pouco cozinhadas
- Não usar repelente de insectos nem roupas protetoras onde existem insectos perigosos
- Viajar sem vacinas quando recomendadas
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