Este cenário de sonho, que é o jardim privado de Carlos e Madalena Simões de Almeida, na Quinta da Marinha, Cascais, foi criado por Francisco Caldeira Cabral, o autor do projeto paisagístico.

Este foi concebido como um espaço essencialmente de contemplação e de tranquilidade, sendo também um espaço de aromas e de temperos. Esta combinação faz-se de forma discreta mas articulada com a própria forma de vida da casa.

Os elementos principais da composição do jardim são a piscina, o calhau rolado e as dunas de areia, os estrados de madeira e a vegetação, onde contrastam as formas controladas pela poda rigorosa, com as formas livres de crescimento.

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A organização do espaço é determinada por uma geometria rigorosa, composta por uma quadricula de estrados de madeira elevados em relação aos espaços ajardinados e de inertes. A piscina com a sua bica de água corrente, desempenha um papel dinamizador do espaço e é, simultaneamente, uma referência de tranquilidade onde se banham as ninfas de João Cutileiro.

A forma retangular da piscina e o seu tratamento como tanque encostado a uma parede forrada a madeira, são mais um elemento de reforço da ideia de sobreposição da malha racionalista da construção com a malha naturalista envolvente. O fundo da piscina e a borda em praia são forrados a pedra de travertino, reforçando a imagem de tanque/espelho de água.

A casa das máquinas esconde-se atrás do muro da piscina e nela se integra a bica de água em cobre. A composição claramente contemplativa deste jardim, corresponde a uma atitude mais profunda de observação da natureza , em que os aspetos funcionais são relegados para segundo plano.

O solário em madeira de teca é enquadrado por uma parede com duas janelas, determinando uma sequência de planos e de pontos de fuga sobre a micropaisagem que lhes está por trás. A luz de Inverno entra pela manhã por estas aberturas criando um interessante contraste de luz e sombra.

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A utilização intensiva da madeira, presente no pavilhão/sala de estar da casa, estrados de madeira dos percursos e vedação da propriedade, cria uma sensação minimal em todo o espaço.

Ao anoitecer a paisagem transforma-se através de uma iluminação criteriosa, que tira partido da luz e da sombra.

A valorização dos maciços de vegetação através da luz, permite criar como que um novo olhar sobre a paisagem.

A nível das plantações propõe-se uma solução também menos conformista, que é a de conjugar as plantas ornamentais e de enquadramento com as plantas aromáticas e com utilização culinária ou medicinal, onde a textura da folhagem e a floração desempenham um papel muito importante.

Texto e fotos: Francisco Caldeira Cabral (paisagista)