O clima do litoral português é excelente
para o
mamãosinho-do-mato, que produz
papaias com tamanho de rabanete. Estamos perante uma
bela árvore de fruto, pouco
comum e divertida de cultivar se
possuirmos um jardim grande, porque
a árvore ultrapassa os cinco metros.

Já vi
árvores com cerca de 10 metros na
Florida. São necessárias pelo menos
duas árvores, um macho e uma fêmea,
para obtermos frutos.

É o chamado
mamãosinho-do-mato (Vasconcellea
quercifolia St. Hil.
), que durante muito tempo foi
identificada como Papaya quercifolia. Esta árvore produz papaias em miniatura,
com um bom sabor a papaia,
bem pronunciado e um pouco picante.
O tamanho é o de um rabanete.
É mais resistente ao frio que as
restantes papaias, pois trata-se de
uma árvore tropical de altitude (ocorre
até aos 2000m de altitude) originária
da Argentina, do Paraguai e da cordilheira
dos Andes. Tem vários nomes
indígenas, nomeadamente jacamatchiha ou jaracatiá
para os índios Guaranis.

Os seus nomes,
em inglês (oak leaf papaya) e em
francês (papaye à feuille de chêne) nem são bonitos nem exactos, porque
a folha desta árvore é maior e menos
recortada do que a folha do carvalho. Já quase não é cultivada e é rara
fora das suas montanhas natais,
mesmo depois dos últimos trabalhos
com o seu genoma, existindo diversas
variedades na natureza.
É excepcional porque a sua zona
de resistência é estreita.

Esta planta não aceita nem climas
quentes nem climas frios (gela a
-4ºC). Por sorte, o clima do litoral
português serve-lhe às maravilhas,
recusando crescer em outros locais.
Fora isto, suporta os ventos e aceita
todos os tipos de solos. No meu
pomar, o solo é ácido (pH 5,5) e os
mamãosinhos-do-mato crescem
bem.

Diz-se que não gosta do solos
húmidos de Inverno mas os meus
passaram pelas grandes chuvas
de 2009 sem problemas. Não são
exigentes com as regas de Verão
que podem ser episódicas. Não tem
doenças. Plantem em pleno sol. A partir de sementes, terão frutos
dentro de três anos. A árvore terá,
nessa altura, cerca de dois metros. Sabe-se
rapidamente quais são as árvores
masculinas e femininas.

As flores
femininas são muito mais desenvolvidas.
Suprimem-se os machos
deixando só um. Esta espécie não põe
qualquer problema de fecundação.
Os frutos brotam directamente
dos ramos grossos. São bonitos, de
um verde luminoso raiados de verde
mais escuro e no final completamente
alaranjados. Colhem-se de Agosto
a Novembro quando se soltam facilmente
e se recolhem os que caiem. Por gulodice, rolamos os frutos
numa mistura de açúcar e sumo de
lima. A pele é fina, as grainhas não se
sentem e são fáceis de comer.

Texto: J. P. Brigand