Por isso, prefiro olhar as estrelas no céu e, para isso, preciso recolher o dedo que faz as compras e se perde em múltiplas tarefas tentando cumprir as exigências externas desta quadra.
Olhando as estrelas, ainda que metaforicamente, já a meteorologia não tem estado favorável à contemplação dos céus, lembrei dos Reis Magos que de acordo com a lenda seguiram a Estrela de Belém para render homenagem ao novo “Rei” e surgiu a ponta do que iria conduzir-me nesta crónica.
Se bem que, em português, falemos de Reis, o que pode levar-nos a pensar em títulos que hoje em dia só aparecem em notícias da imprensa cor-de-rosa, trata-se aqui de reis de outra espécie. Nessa época, em que as ciências ainda não tinham atingido o grau de especialização dos nossos tempos, a sabedoria dava as mãos ao conhecimento, portanto estes eram reis e senhores sim, mas do conhecimento. Astrónomos e astrólogos, simbolizam nesta celebração a presença da Sabedoria e do Conhecimento que presta homenagem ao Divino em nós.
Não podia deixar de referir as oferendas destes Magos ao menino Deus, como símbolo do que cada um de nós pode oferecer e receber neste Natal.
E, se duvidam que recebemos em igual medida do que oferecemos é porque têm andado muito distraíd@s...mas, isso são outras conversas que, por agora, vamos deixar de lado.
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Voltando à simbologia das ofertas dos Reis Magos ao novo rei, símbolo da vitória da Luz sobre as Trevas, conta-se que eles lhe levaram ouro, incenso e mirra.
Se a oferenda de ouro, nos parece nos dias de hoje, um bom investimento, é verdade que ela simboliza muito mais que isso. Nas suas ofertas de Natal, se decidir que vai comemorar o Solstício de Inverno com mais sentido, ofereça algo que represente o seu reconhecimento pela Realeza do outro, ou dito de outra maneira, respeite o que há de único e divino no outro, celebrando assim a sua própria natureza.
E a mirra? Que oferenda tão estranha aos nossos hábitos… trata-se de um bálsamo que resulta do sangramento dum tipo de árvore e lembra que é através das nossas feridas que podemos curar as feridas. Sinal da humanidade que em cada um de nós clama por cura. Transferir este significado para o contexto atual é fácil: ofereça utilidade e adeque a sua oferta à Humanidade de que cada um de nós é representante.
Já o incenso, tão comum nas nossas casas hoje que corre o risco de parecer uma banalidade, simboliza a divindade, pela sua subtileza que ascende aos céus e era usado desde tempos ancestrais para purificar os ambientes. Então seja leve e ofereça Leveza aos seus entes queridos, porque muito do que é mais importante nesta vida apenas se pressente…
Retomando a viagem que levou os Três Reis Magos a Belém para prestar homenagem à presença divina encarnada em Jesus (como em qualquer dos seus irmãos, o que é o mesmo que dizer, em cada um de nós), dizem as lendas que, guiados pela Estrela de Belém, foram em busca desse lugar mágico de celebração da Luz.
O que me remete para algo que na tal correria consumista tendemos a esquecer…a parte da caminhada até chegar aqui. Como se o mais importante fosse chegar! Corremos, corremos e esquecemos de sorrir e vivenciar os passos que nos trouxeram até à festa.
Por isso, termino esta espécie de postal de natal com um texto “emprestado” sobre esse caminhar o caminho.
Uma estrela, uma estrela apenas e três sábios à procura do reflexo dessa luz no mundo.
Num mundo que nessa altura, como hoje e sempre, tanto precisava de esperança.
Porque acreditavam que a luz nascia finalmente, iluminando novos caminhos e dando novos sentidos à vida, os três sábios do oriente, iniciaram a sua busca. Um caminho longo, um caminho difícil, com desertos, rios para atravessar, montanhas para subir. Ao longe, a estrela cintilava em cada noite lembrando a força dos seus passos. Essa estrela tão brilhante anunciando novos tempos.
Quando por fim os três sábios encontraram a razão da sua busca, essa criança tão pequena ainda, tão desprotegida e tão igual a todas as crianças... os sábios compreenderam finalmente que a força da sua demanda estava nos passos andados, na estrada percorrida, na luz interior que eles próprios tinham entregue àquele que acreditavam poder trazer uma nova esperança.
Porque a luz pequena que cada um carrega faz-se maior na partilha.
Eduardo Leal (podem ler mais deste autor )
Carmen Ferreira
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