Muitas vezes, quando nos encontramos envolvidos emocionalmente por alguma situação ou circunstância, colocamos a nossa mente e capacidade de raciocínio num segundo plano e nos deixamos dominar pelo nosso estado emocional. Esse é um padrão de funcionamento estabelecido no nosso cérebro e que possui o mesmo funcionamento do vício. O que quero dizer com isto é que somos todos viciados em alguns tipos de emoções e que isso certamente nos impede a realização de muitos dos nossos sonhos. No entanto, se ao contrário, mesmo conectados aos nossos sentimentos, não permitirmos que eles nos dominem, temos a possibilidade de maior clareza e controle de qualquer situação. Quando nos encontramos imersos no nosso mundo emocional, o nosso corpo mental é dominado por ele e o nosso olhar com relação à vida e tudo à nossa volta é contaminado por estas emoções. Se forem positivas, contaminamos o ambiente e as nossas vidas positivamente, no entanto, se negativas, negativamente.
No momento evolutivo que nos encontramos hoje, precisamos em primeiro lugar entender e em seguida aprender a nos utilizar de maneira positiva do nosso corpo mental, é claro, sem deixar de lado as nossas melhores emoções.
Em sânscrito, encontramos as designações Kâma, que é relativo ao nosso corpo de desejos ou corpo das emoções e Manas, relativo ao nosso corpo mental. Kâma-Manas é o construtor de formas pensamentos (ver próximo capítulo). Kâma, os nossos desejos, deve ser submetido e conquistado por Manas, a nossa mente, pois Manas é o órgão de livre arbítrio do homem.
Quando nos deixamos dominar por Kâma (nosso mundo emocional), perdemos nosso poder de escolha consciente e somos dominados pelo nosso subconsciente.
Em qualquer batalha entre desejos conscientes e inconscientes, o inconsciente normalmente vence. De Manas, o nosso corpo mental, vem o sentimento de liberdade, a certeza de que podemos nos governar. Manas faz parte de nossa natureza superior e nesse caso é preciso aprender a arte de fazer com que a natureza superior reine e governe a inferior. Quando sentimos a vida como um campo de batalhas, é porque nossas emoções desejam a supremacia, o controle. Nesse estado, encontramos Kâma em constante combate com Manas. Kâma funciona como elemento enganador porque na maioria das vezes está sob o comando de nosso subconsciente, ou seja, agimos sem a participação de nossa consciência. Ao contrário de Kâma, Manas está ligado à Mente Universal e quando a vida está sob seu comando, nos unimos a esse poder e, consequentemente recuperamos nossa potência e arbítrio.
Com Manas no poder, grande parte do controle de nossas vidas está em nossas mãos.
Digo grande parte porque nosso mundo inconsciente é como um poço sem fundo: sempre temos um punhado de terra a mais para cavar. Porém Kâma é que nos leva ao conhecimento do amor. Sem o contato com nossas emoções nos tornamos criaturas secas e sem vida. Quando falo da necessidade que todos temos de desenvolver nosso corpo mental, de forma nenhuma me refiro à repressão de nossas emoções, mas sim de colocá-las sob o olhar desse corpo mental. Nossas emoções vêm sendo desenvolvidas há muitos séculos, o que elas precisam hoje é de mais eficiência, não de repressão. O amor é o mais belo de todos os sentimentos humanos. Primeiro ele se manifesta como desejo, paixão, e é por isso que não deve ser reprimido, mas apenas dominado e controlado. Se reprimirmos Kâma, secaremos e endureceremos nosso coração. No entanto, é a partir do conhecimento e domínio de Kâma que podemos chegar ao nosso coração.
Portanto, a partir do controle de nosso estado emocional, chegamos a um equilíbrio entre Kâma/Manas e nosso corpo mental se torna o comandante responsável por nosso estado de espírito. Enquanto estivermos imersos em estados emocionais de desesperança e pessimismo, não poderemos construir um estado de felicidade e plenitude. Nossa mente é um instrumento poderoso, o maior que possuímos para a percepção e conscientização de tudo e de toda vida que nos rodeia; é através dela que percebemos e podemos transformar a realidade. Se pensarmos a partir de uma visão teosófica para entendermos a mente humana, devemos compreender o mais profundamente que nos for permitido, o conceito de Mente Universal ou Inteligência Universal.
Texto: Eunice Ferrari
Comentários