A alimentação é um tema sensível em casa de qualquer pessoa e em qualquer canto do mundo: seja no canto mais rico do mundo ou no canto onde é urgente erradicar a fome. Também dá origem a muitas discussões, pois a forma como escolhemos alimentar-nos é bem pessoal e tem impactos distintos junto de quem se alimenta connosco, por exemplo, no seio familiar.
‘É de pequenino que se troce o pepino’, ou melhor, os narizes dos mais novos. Quando dizemos que as crianças são esponjas, que aprendem tudo, que imitam tudo, que funcionam basicamente como um espelho dos adultos, porque que é que os adultos optam por escolher alimentações menos adequadas ao crescimento dos seus filhos? Funciona exatamente como o exercício físico, por exemplo. Se os pais não escolhem nutrir as suas refeições substancialmente com legumes, assim como adotar a prática regular de exercício físico em família ao fim de semana, as crianças não têm oportunidade de considerar estas dinâmicas como ‘normais’, saudáveis e necessárias para o bom funcionamento do lado cognitivo e emocional.
A minha relação com a comida é, acredito eu, equilibrada e feliz. Há cerca de nove meses deixei de consumir carne. Em contrapartida, consumo muito mais peixe e legumes, assim como há cerca de quatro anos deixei de ingerir leite de vaca. O meu bem estar aumentou e a sensação de peso e de desconforto, que aumentava ao final do dia, desapareceu. Se esta opção é válida para todos? Não, pois todos temos necessidades distintas. Acredito, no entanto, que as crianças deviam consumir mais verdes, mais sopa, mais peixe e mais amor, na verdade.
Bem sei que existem famílias com rendimentos muito baixos, em que a escolha de uma alimentação mais consciente, saudável e adequada parece quase uma utopia. Os pais recorrem ao que lhes é possível: salsichas, atum, muito pão, cereais…. E esta realidade não é assim tão distante de muitos daqueles que podem ler este texto, pois a geração dos nossos pais e avós cresceram a ‘dividir uma sardinha por quatro filhos’. E hoje a sardinha é caríssima! Irónico.
Quando alimentamos a nossa fome espiritual, vamos equilibrar a nossa fome emocional e, a partir daqui, vamos permitir um acesso mais consciente e equilibrado a quem viva connosco as refeições.
Vou dar-vos um exemplo bem prático e pessoal: quando me juntei, sentei-me com a minha enteada e pedi-lhe que me fizesse uma lista das suas refeições preferidas: das que comia porque sim e das que nem podia pensar porque a barriga dava voltas. Posteriormente indiquei-lhe que às refeições que adorava ia juntar-lhes salada (com cariz obrigatório) e às refeições que comia porque sim – nomeadamente peixe – eu fecharia os olhos à salada. Esta dinâmica funciona lindamente, é um win-win. Dou sempre este exemplo, porque acredito que podemos conversar com as crianças, validar as suas opções, e crescer mutuamente.
Nutra o seu coração. Essa é a refeição diária mais importante.
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Soraia Sequeira é Life Coach e há três anos iniciou a sua viagem de autoconhecimento, por via da astrologia. Desde então, certificou-se em Coaching, Practitioner de Programação Neurolinguistica (PNL) e em Practitioner Time Line Therapy. Atualmente encontra-se a estudar Psicologia Transpessoal, com Constelações Familiares e Hipnose, e vai iniciar em breve o Master em Programação Neurolinguistica.
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