Não há casa portuguesa que, nos dias de hoje, não tenha uma. A ideia foi trazida para Portugal por D. Fernando II, duque de Saxe-Coburgo-Gotha e rei consorte, para recordar a tradição de Natal da sua infância passada na Alemanha. Por volta de 1844, o monarca, nascido em Viena, na Áustria, colocou, no Paço Real das Necessidades, em Lisboa, uma árvore e enfeitou-a para festejar com os sete filhos e com a rainha, D. Maria II, com quem casou a 9 de abril de 1836.

De acordo com uma gravura a água-forte, uma das muitas imagens antigas que integram o acervo do Arquivo Fotográfico do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (MBCB), desenhada pelo punho do próprio rei, podemos ver a árvore decorada com velas, bolas e frutos e, ao lado, o próprio monarca vestido de São Nicolau a distribuir presentes pelos príncipes, entusiasmados com as ofertas. Não foram, no entanto, os únicos, como revelam outros registos fotográficos.

Tradição da árvore de Natal foi trazida para Portugal por rei alemão

Também por volta daquela data, em Inglaterra, a rainha Vitória e o príncipe Alberto, primo direito de D. Fernando II, surgem na revista Illustrated London News, junto dos filhos, contemplando a sua árvore de Natal. A publicação dessa imagem fez com que no ano seguinte começasse a ser moda aquela tradição de Natal, originária da Alemanha, generalizando-se a outros países. Em menos de nada, um pouco por toda a Europa, foi rapidamente adotada.

As outras paixões do rei

Em Portugal, além desta tradição da árvore de Natal, também foi D. Fernando II, que depois de enviuvar casou com Elise Hensler, tornada mais tarde condessa d'Edla, quem fomentou o gosto pelos jardins, sendo de destacar a sua obra na Tapada das Necessidades e no Palácio da Pena, em Sintra, chegando a oferecer plantas e até os serviços do seu jardineiro francês Jean Baptiste Désiré Bonnard nos jardins públicos, como, por exemplo, no Jardim da Estrela, em Lisboa.

Para além disso, incentivou a moda do passeio nos jardins, pois era hábito ver o rei passear com a família real nos jardins da capital, nomeadamente no Passeio Público, nome dado na altura à atual avenida da Liberdade, atraindo a sociedade da época e muitos curiosos. Atualmente, também são muitos os que aproveitam esta altura do ano para passear. Nesta quadra festiva, além da árvore de Natal, outras plantas ornamentam e enfeitam as decorações em Portugal.

Tradição da árvore de Natal foi trazida para Portugal por rei alemão

Texto: Ana Luísa Soares (arquiteta paisagista e professora no Instituto Superior de Agronomia) e Ana Raquel Cunha (arquiteta paisagista)